segunda-feira, 15 de junho de 2009

o que tem que ser tem muita força


The Midnight Special - Studio 99
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Engoliu as últimas garfadas à pressa, limpou a boca, atirou o guardanapo para cima da mesa, beijou a avó na testa passou pela casa de banho ajeitou rapidamente o cabelo. Ouviu a avó dizer lá de dentro –Vens tarde? –Não sei vó. –Não bebas, filho. –Velha, não metas namorados em casa. -Xi! Minino não fala assim.
Riu enquanto batia a porta, lançou-se escadas abaixo, direito à secreta vida nocturna…

Voltou altas horas. Em passo fantasma foi ao quarto da avó, roubou-lhe o despertador que ajustou para as sete horas.

Acordou com o sol batendo-lhe na cara, olhou o despertador que parecia rir dele.
-Não destravei esta merda! Gritou. Oh Vó!!! Nada. Já tinha saído.
Reduziu os rituais ao mínimo, agarrou num caderno, depois num bocado de pão fresco e voou só parando à porta da sala de aula; compôs-se, bateu à porta. –Posso, entrar? Disse espreitando. Lá de dentro veio um coro de gargalhadas. –A estas horas? Já tens falta. –Posso ou não? –Entra.
Disfarçando o embaraço atravessou a sala direito à ultima carteira do lado da janela. Ainda não abrira o caderno e a professora:
-Deolindo, vita - vitae. Genitivo do plural.
Fechou os olhos, um segundo de pois, rompeu o silencio sepulcral da aula com um decidido vitarum.
A professora arqueou as sobrancelhas deu uma volta e disparou:
-Dativo.
-Vitae.
-Não, do plural. Ouviu-se um oooh
-Vitis. Ouviu-se um aaah
-Muito bem, então, então… Segunda declinação…
-Desculpe sôtora, só sei a primeira.
Mas, disse a prof, num doce cantado, em crescendo, já vamos - na quarta - NÃO É DEOLINDO?
É, sôtora. Na próxima aula saberei a segunda, a terceira e a quarta.

Um qualquer sacana bateu palmas que incendiaram como palha em Agosto. Docelinda sorriu, sentiu o coração a aquecer; aos lábios chegou-lhe o sabor do primeiro beijo.
A um grito da professora a sala silenciou.
-Na próxima aula veremos.
E a missa continuou sob o signo do rito do santo ofício, inquisitoriamente dirigida ao sector de onde os aplausos mais se tinham destacado.

Tocou para a saída as galerias do claustro inundaram-se de sons atropelados. Os rapazes desceram ao primeiro piso, as meninas como pombinhas brancas arrulhando, tomaram os seus lugares debruçadas no parapeito da galeria.
Deolindo envolvido pelos colegas era empurrado rumo ao pátio dos bambus, tolerado salão de fumo, para declinar umas anedotas ou narrar uma história mais ou menos edificante consoante o fuso moral em que se situem os virtuais seguidores deste emplastro.
-Malta, fico por aqui. Tenho que ir ao bar comprar uma Bic.
Uma Bic… uma merda é que é; eu bem te topo. Disse o Vasco largando um moxoxo.

Eles lá foram ao cigarrito, Deolindo à Bic onde, querem lá ver, por acaso encontrou Docelinda que tinha ido comprar uns lenços de papel.
"o que tem que ser tem muita força"
Fortuna dixit.
*
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Well, you wake up in the mornin, you hear the work bell ring,
And they march you to the table to see the same old thing.
Aint no food upon the table, and no pork up in the pan.
But you better not complain, boy, you get in trouble with the man.

Let the midnight special shine a light on me,
Let the midnight special shine a light on me,
Let the midnight special shine a light on me,
Let the midnight special shine a everlovin light on me.

Yonder come miss rosie, how in the world did you know?
By the way she wears her apron, and the clothes she wore.
Umbrella on her shoulder, piece of paper in her hand;
She come to see the govnor, she wants to free her man.


If youre ever in houston, well, you better do the right;
You better not gamble, there, you better not fight, at all
Or the sheriff will grab ya and the boys will bring you down.
The next thing you know, boy, oh! youre prison bound.

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