segunda-feira, 6 de junho de 2011

E agora pá? (II)

O Sr. Silva contrariamente ao costume chegou em cima da hora e dirigiu-se como de costume ao arquivo para onde tinha sido remetido há um bom par de anos. Para surpresa sua encontrou lá uns colegas, jovens do andar de cima, aquele andar onde as alcatifas começam e o pó acaba... Os jovens, técnicos de infinita superioridade, acompanhados da jovem acessora para quase toda a obra atarefavam-se no meio de pastas, eles em mangas de camisa, ela caracol descaído sobre a testa, digamos que num quase reboliço.

O bem disposto bom dia do Silva foi correspondido agridocemente e o silêncio intalou-se se bem que a dança das pastas continuasse.

-Querem uma ajudinha?

-Obrigado Sr. Silva, não é preciso.

O Silva assobiava bem disposto e eles volta e meia espirravam entre conferencias sobre consultas: Esta sim, esta não vale a pena.

Foi assim toda a manhã e quando se retiravam com as pilhas encaixadas entre braços e queixos, amavelmente o Sr. Silva perguntou: -Voltam? Tendo recebido como resposta quatro pares de olhos amigos da onça, para quebrar o gelo ainda perguntou:

-Atão o que me dizem das eleições de ontem?

Eles saíram e ele ficou a pensar no gabinete lá de cima que já há tanto tempo lhe tinha sido retirado.

E agora pá?!

Certidão de óbito passada o enterro foi confrangedor. O corpo estrebuchava enquanto tecia loas aos amigos, expectantes, reunidos à sua volta. Empapado em suores, como forma de compensação, à família prometeu dedicar o resto dos seus dias, avisando contudo que pairará no limbo até que... Por fim à renascença, vaiada em uníssono, disse não compreender nadinha sobre aquela coisa de “Freeports”, “Faces Ocultas” mais a justiça que não tem nada a ver com a política. Retirou-se em grande estilo e a caminho de casa recomendou que virassem à direita porque em frente havia festa.

Se havia festa não era minha por certo. Quero crer até que a festa vai ser um festival. Os astros em conjunção dirão o que um parlamento, um governo mais um presidente farão desta república por si só em fim de carreira. Não vai ser baralhar e dar de novo pois outro baralho cantará.

Se o cenário não era bom pior ficou depois de rasgado. Mas a peça é a mesma!... Dela consta que a oposição dará todas as condições para que o governo se e nos governe, ou seja: substitua no aparelho de estado os “boys” por “laranjitas” (ou coelhinhos); o PGR será incentivado, por razões de saúde certamente, a ir tratar da vidinha pois outro (mui competente e sério) estenderá um manto branco sobre os “Dias” que virão e os “Loureiros” à beira-mar plantados.

Atrevo-me a vaticinar que estaremos mais perto de Athenas, meu amor, pois as ruas serão inundadas por turbas em manifestações ululantes. Afinal de contas mais vale um PS na contra mão do que o mesmo a guiar.