segunda-feira, 30 de abril de 2007

Isto vai


não racha

* ainda que a luta encetada em !!86 por uma jornada de trabalho de oito horas, tenha neste cantinho à beira mar plantado pleno significado , face à chantagem das empresas que se aproveitam de uma propalada crise, para imporem intoleraveis condições de trabalho.

* As horas de Maria ou a lógica do 8, em Chez Maria suscitaram esta adenda

100nexo eu humildo, tu humildas e ele?



MAI desvaloriza extrema-direita
[...] O secretário de Estado adjunto e da Administração Interna quis ontem sublinhar que a proibição das manifestações "só pode ter lugar excepcionalmente". No blogue A Nossa Opinião, do Ministério da Administração Interna, José Magalhães(*) frisa que numa sociedade livre e democrática, e parafraseando o ministro António Costa, "a superioridade dos amantes da liberdade e dos democratas é sujeitarem a extrema-direita, que é inimiga da liberdade, a ter de beneficiar dela". [...]

Posto isto, postemos irmãos:

Está na memória de muitos a noite de cristal que culminou no holocausto, ainda que, para alguns, este se queira fazer passar por hiperbólica ficção.

Hi! Erecteu, que exagero, não fazias a coisa por menos.
-Calem-se, porra, desliguem qu' isto é só “pra eu”.
Sabe-se que os ideais designados por “nacionalistas” são uma franja a nível nacional, alimentados por uma descredibilização politica, reforçada por avanços lepenianos e assentes em pilares xenófobos, de cariz homófobico, racista e machista, a que não escapa um conceito espartano da pureza eugénica.

-Valorizem qu’estas linhas nã foram fáceis.
Atreve-se o Erecteu a ir além do chinelo, quando o Mestre** Zé Magalhães, sapateiro, sabe melhor disto a dormir do que todos nós acordados.
Já tive a oportunidade de me cruzar por diversas vezes com José Magalhães em livrarias, durante uma crise de afirmação que, a conselho de uma erudita namorada, frequentei e ainda bem, pois permitem arrotar estas postas de pescada.
Dele pouco mais sei do que saberão a maioria dos portugueses, a não ser que não tive a chance de lhe ler os olhos, dado que o Mestre os tem arredios. Mas o Erecteu até percebe e desculpa, a figura pública temerosa de assédio e frequente vítima de caça ao autógrafo, como se do Eusébio em convalescença se tratasse. Acresce que por essa altura o Mestre –já seria?- encetava um upgrade de esquerda em transição para a dita democrática.

-Foda-se três parágrafos.
Quase meia dúzia de períodos seguidos sem tirar fora!
Acalma-te pára e pensa um bocadito.
Nã embales que t’estampas.
Humilda-te

Humildando-me:
Não vivo obcecado com as manifestações e acções promovidas por partidos legalizados, nem com a cívica actuação das autoridades, nomeadamente, na protecção de outdors, diligentemente protegidos de ovos e tomates, o que é de aplaudir.
Confesso-me um pouco débil e influenciável por alguma propaganda e notícias, como por exemplo:




onde mais uma vez se prova que pudemos estar descansados. Os gorilas (é vos familiar?) molham a sopa à direita e à esquerda. Suspeito contudo que tendem a ser um pouco sinistros embora destros a afinfar a bombordo.

-Xô! Humildaste tanto que te perdes, né?


É.
Con-con-concluindo, melhor dizendo, acabando, qu’é melhor:
Não empaniquemos. Não se ponham para aí a picar na Wikepédia, como hipocondríacos esquizoides porque se não, entram em complexo de pescadinha, acabando a oscular o próprio cú, como ab initio.

-Foda-se, q'essa era escusada.
***

9 de novembro de 1938 Noite de Cristal, daria inicio à perseguição de Judeus atentando contra a sua propriedade e valores, sob a batuta dos dirigentes do NSDAP (Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores).
A opinião pública não se mostrou receptiva mas passou.
O nazismo aparece quase do nada, ascende ao poder sem legitimidade democrática.
“Os nazistas jamais ganharam uma maioria eleitoral por conta própria, mas Hitler foi indicado Chanceler de uma coalizão governamental pelo Presidente Paul von Hindenburg em janeiro de 1933. Seus parceiros na coalizão foram os Nacionalistas de direita, liderados por Alfred Hugenberg, o "barão da imprensa", e seu vice-chanceler foi o ex-líder do Partido Central Católico e antigo chanceler Franz von Papen.”
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(*)“Assessor Parlamentar entre 1977 e 1983. Deputado à Assembleia da República nas IV, V, VI, VII, VIII e IX Legislaturas, em representação do PCP (1983-1990), como deputado independente após ruptura política (1990-1991) e deputado independente nas listas do Partido Socialista (1991-1999), aderindo ao PS formalmente em Janeiro de 1999”



(**) “Mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, redigiu e defendeu a tese «A Nova Fronteira da Transparência: o caso do Freedom of Information Act»”

domingo, 29 de abril de 2007

Ouro sobre azul seria




Na realidade parte uma figura que está associado a momentos marcantes da historia.
parte, e eu quero acreditar que não nos deixa assim.
Cá para mim ele foi só ali. Chegam-me os ecos de uma doce conversa, alguns risos felizes até! Reconheço a voz de Fernando e o sotaque de Mstislav, meros emigrantes por vezes desprezados
, a uns meros 20 anos luz descobre-se
Explanation: The unremarkable star centered in this skyview is Gliese 581, aastronomers are now reporting the discovery of a remarkable system of three planets orbiting Gliese 581, including the most earth-like planet found beyond our solar system. Gliese 581 itself is not a sun-like star, though. Classified as a red dwarf, the star is much smaller and colder than the Sun. Still, the smallest planet known to orbit the star is estimated to be five times as massive as Earth with about 1.5 times Earth's diameter. That super-earth orbits once every 13 days, about 14 times closer to its parent star than the Earth-Sun distance. The close-in orbit around the cool star implies a mean surface temperature of between 0 and 40 degrees C - a range over which water would be liquid - and places the planet in the red dwarf's habitable zone. mere 20 light-years away toward the constellation Libra. But astronomers are now reporting the discovery of a remarkable system of three planets orbiting Gliese 581, including the most earth-like planet found beyond our solar system. Gliese 581 itself is not a sun-like star, though. Classified as a red dwarf, the star is much smaller and colder than the Sun. Still, the smallest planet known to orbit the star is estimated to be five times as massive as Earth with about 1.5 times Earth's diameter. That super-earth orbits once every 13 days, about 14 times closer to its parent star than the Earth-Sun distance. The close-in orbit around the cool star implies a mean surface temperature of between 0 and 40 degrees C - a range over which water would be liquid - and places the planet in the red dwarf's habitable zone.
Não liguem, tá?

quinta-feira, 26 de abril de 2007

E os nomeados são...





Dá-me muitas alegrias, mas dá-me, sem o saber, trabalho também; digamos qu'é uma espécie de alegria no trabalho.

E vai daí mandou-me fazer o TPC.
Pronto tá bêeem.

Sabem? Aprecio-lhe, para além do estilo e correcção (embora cá o rapaz não pratique disso):

a finura,
a inteligência,
o humor,
a brejeirice e...
a afectividade
de uma "mater blogus" mas aospois desculpa-se como menina de chupa na boca, salvo seja:
“Ah, não é nada, foi só o computador que avisou.”
MERDA, e eu e os outros, não temos computador, né?

Estas qualidades estão concentradinhas num blog à sombra de quem me sinto bem. Pois bem, não o menciono nem que uma maria me pendure numa arvore. Nem uma, nem duas nem três. Prontos e ponto afinal

E o TPC?
Isso é qu'era bom. Queriam, né? Nã vou dess'abaixo. Pra quê? Só cinco!
E os outro de quem o Erecteu tanto gosta!

Queriam ouvir dizer que tenho uma Paixão Faustosa , né? Pois tenho e qual é o problema?
Refilona e atanazadeira da classe, qu'ela tanto diz gostar e não compreender. Põe-me a cabeça a gravitar em elipse perfeita, sempre em movimento instavelmente acelerado. Gosto tanto daquele cantinho como de saltar pá cueca, de moçoila a chêrar bem, juro. Mas não a nomeio, foda-se, tá quieto.
E os outro de quem o Erecteu tanto gosta?

Eu sei… Estavam mesmo à espera que eu vos referisse simplesmente o meu “ai jesus, maria” qual bolachinha estaladiça onde apetece meter o dente. Tem um defeito, arrasta uma X que me enerva e faz roer de ciúme, mas escreve ao que parece, como bem canta - dizem que eu não ouvi- digo , isso sim que eu sei,que encanta.
Contudo não a nomeio porque...
E os outro de quem o Erecteu tanto gosta?

Mulherengo, eu? Uma merda! Ouviram? Querem lá ver!

Olhem vão Garfiar, ao bilhar grande, tá?
Aquilo são uns serões com a Kitty... Kitypariu! A Nanny que vos conte (Maio, né?). Mas não o nomeio, ainda que o gajo escreva como quem assobia a conduzir, piscando o olho ao gagêdo que passa. Pa ele é canja não custa nada e porque nada lhe custa... não o nomeio, né?
E os outro de quem o Erecteu tanto gosta?

Poderia referir outro rafeiro qualquer, até porque o cachorro vai longe na sua impertinência e ivaginação, ainda que com um senão: Tem uns ciumes danados do ideiafix * e por isso não gosta do Asterix.

* Só por isso já não leva, nem com o meco fará com o óscar, até porque...
E os outro de quem o Erecteu tanto gosta?

Bom esta merda já vai longa e tem que acabar.

Não o faço abruptamente sem contudo lembrar que poderia referir o MESTRE da caneta, sempre a molhar o bico (recomendo o perfil invejavel).
É que que com BINO, no teclado ou na cozinha, é um descanso, como com ele no cuzinho, garanto.
A ele muito devo da minha formação e sussexo. Devo dizer que há até dois Erecteus: o ante e o pós Bino, só não o nomeio porque...escreve para caralhos.


E os outro de quem o Erecteu tanto gosta!

vinha dali um dragão numa roxaxeneider e era uma lusosofolia fresquinha em escritos outonais sob a pestana de um compadre rui, sei lá.
Ficavam a chuchar no dedo, era?

Assim SALTO UM SONHO, alguém me sabe dizer onde ele pára?

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Cá o rapaz é assim VII






Arregalou os olhos e virou-se para a prima, dando com um sorriso d’orelha a orelha.
Contagiada, acabou por rir também, mudando de assunto.
-Mas o que é que pensas fazer agora?
Dina arqueou a sobrancelha, desfez o sorriso, olhou para o tecto.
-Quem é que te disse que estou a pensar? Não te preocupes, cortou.
-Mas…
-Mas nada. Virando-se para ele:
-Estás a gostar assim tanto? Tens de me dar uma ajuda, não estou com grande apetite.
Guta remexeu-se na cadeira, endireitou ainda mais as costas e resolveu atestar as baterias para o outro lado. –O que faz?
-Sou agente comercial, produtos de cosmética, respondeu ele, à inevitável pergunta. Trabalho com diversas marcas, se quiser alguma coisa dê-me uma lista que eu arranjo-os a um preço jeitoso.
Foi a vez de Dina mostrar alguma surpresa.

Entre trivialidades o almoço foi decorrendo melhor do que às tantas se adivinhava. De nota, somente o entrar de um casal, que foi encaminhado para um canto acolhedor. Teriam passados despercebidos não fosse o enlevo da rapariga em contraste com o mal disfarçado distanciamento do acompanhante. Pai e filha não são com certeza, pensou ele após uma análise sumária.
Acabou mesmo por dar uma ajuda a Dina que de facto mal tinha tocado do que se servira, e bem pouco tinha sido.

Chegada a altura da sobremesa, não houve unanimidade. Bolo de mel (de cana) para ele, salada de frutas tropicais frescas (papaia, abacaxi, manga), para Dina, enquanto Guta optou pela mousse de "maracujá".
-Dia não são dias, desculpou-se ela, vitima de alguma interior culpa.

A refeição chegava ao fim, Guta querendo aparentar naturalidade, acabou por abordar Dina, desajeitadamente. –Onde é que estás, dá-me o teu contacto. Mas foi desviada para canto.
-Dá-me tu o teu, depois ligo-te.
Acabaram por pedir os cafés. Atenciosamente foi-lhes oferecido um vinho da Madeira, recomendado como excelente digestivo. Ele declinou sendo-lhe então sugerido uma aguardente.
–Caseira, sublinhou o empregado.
–Isso sim, anuiu ele.
A simpatia não ficou por ali, aceitou o charuto oferecido.

-Para onde vais, Dina?
-Deixa-nos numa paragem de autocarros.

A negociação continuou tendo Dina, por fim, aceite que os deixassem no Centro Comercial.
A volta decorreu sem o entusiasmo da ida. Antes de os deixar Guta cedeu-lhes o número do telemóvel. A ela fez-lhe prometer que lhe ligaria; a ele que aceitava os préstimos. Iria ver do que precisava que depois lhe diria.
Com isto se despediram.
Guta viu-os serem engolidos pela pequena multidão que entrava e saía do centro comercial.
Ficou-lhe a imagem dele mochila dela a tiracolo e a dela apoiada no braço dele.

Sempre

Tempos a tempos lá vinha aquela conversa:
–Não imaginas o que é andar de sapatos apertados.
Mal disposto e rezingão, o velho é uma seca.
Por acaso sinto hoje os pés um pouco apalpados.





sexta-feira, 20 de abril de 2007





Em 42 anos de “Estado Novo”, impôs-se um regime que foi do forte para o fraco, assente em representação corporativa, que se auto definia como integral.
Inspirado no exemplo de severidade, castidade e austeridade de um tio Botas, difuso ou oculto mas constantemente presente ladeando o crucifixo na mais modesta sala de aulas em remota escola de aldeia, repartição publica e muita casa de bons chefes de família, cedo se estruturou na ideia de que o pensar demais é perigoso e censurável.
Deus, Pátria e Autoridade e não só; Fado, Fátima e Futebol, foram elos de união de um Portugal uno, do Minho a Timor, orgulhosamente só, ao arrepio das moderneiras conceptuais de mascarada autodeterminação, dependente de imperiais ursos apreciadores de carne infantil pela fresquinha, como se dizia.

O Botas, Botinhas para os mais afectivos, entregou-se por inteiro à grei e em concordata mão dada com a celeste cerejeira. Sacrificando-se, prescindiu do fácil obedecer reservando para si o duro mandar, felizmente reconhecido em espontâneas manifestações, planeadas e organizadas criteriosamente, no mínimo três vezes ao ano: 28 de Maio, 10 de Junho e 1º de Dezembro, acontecimentos abrilhantados por uma legião de portugueses convictos e por: castrenses, bombeiros, ranchos folclóricos, alvos e atléticos ginastas, juventude portuguesa, comovente, cantando e rindo, compenetrada.
A vontade inquebrantável do Botas profusa e subtilmente apoiada no senil SNI, orquestrava uma imprensa controlada a lápis azul, pondo na ordem espertezas saloias de atrevidos e tresmalhados cronistas. Para os demais PIDE se refilares.
Foi assim por muitos e felizes anos não fora um incidente de percurso o ter estatelado no chão, por traição de uma fiel cadeira. Mas, os deuses põe e dispõe.

Uma primaveril época se anunciava com cativantes piscadelas de olho à esquerda e viragens à direita
Os ecos de Maio de 68 não tardaram a chegar a Coimbra onde o negar de estender de capas à passagem de Deus Thomaz são ecos que, ao que parece, não perduraram na memória colectiva. Assim a crise académica lá vai! Fica aqui a crise em imagens.


Mas não foi só, depois:
A 22 de Fevereiro de 1974 - É publicado o livro Portugal e o Futuro, do General António de Spínola, defendendo o fim da Guerra Colonial e a liberalização do regime.
14 de Março - O Governo demite os Generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia de solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças Armadas.
16 de Março - Tentativa de golpe militar contra o regime. Só o Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha marcha sobre Lisboa. O golpe falhou. São presos cerca de 200 militares.

Depois foi o que já sabem em reformas que não chegaram a reformar nada que o salvasse, o regime caiu gasto de velho, ao som de canções de protesto e de baionetas de cravos, beijos e abraços.

11 de Março
25 de Novembro
Gaveta com o Socialismo
Europa dos doze ou do quarteirão
O 25 de Abril, apresta-se.
Discursos de circunstância, disputas de lugares no palanque, musicas aqui e além promovidas por Municípios e colectividades, servirão de pano de fundo para a comemoração.

Pão, Paz , Saúde, Habitação

se calhar ainda ouvirão.

Mataram a utopia?

A utopia não se mata por muito que se esforcem.

domingo, 15 de abril de 2007

72



Há muitos anos, vi um velho democrata pôr no devido lugar um arrivista que ainda não tinha despido completamente a camisa de legionário e se preparava para colar ao 25 de Abril, afirmar para espanto de uma multidão em estreia absoluta da liberdade de expressão:

A DEMOCRACIA TEM LIMITES.
NELA SÓ CABEM OS
DEMOCRATAS
.

Foi um escândalo, a liberdade estava na rua, há menos de 72 horas.

Após isto, 72 semanas, o país assistia ao incendiar de sedes de partidos de esquerda, como consequência de um verão quente.
Bombas deflagravam, Padre Max era assassinado na região de Vila Real a 02 de Abril de 1976 com recurso a uma bomba colocada no seu carro, que matou também a estudante Maria de Lurdes, a quem o clérigo tinha dado boleia.

72 meses depois (1980) Diogo Freitas do Amaral sucede a Francisco Sá Carneiro, vitimado num desastre de avião em Camarate, cujas causas estão por esclarecer.

Não imagino o que se passará daqui a 72 anos.
Teremos o Castelo da Pena e o Palácio de Sintra com “Bandeira Azul”, face ao aquecimento global do planeta?
Espanha terá sido anexada a Portugal?
Pertenceremos à União dos Estados Unidos da Europa-Magreb-Médio-Oriente, gozando de uma agradável prosperidade sob a liderança de Israel?

Há 72 anos, 28 de Janeiro - A Islândia tornou-se o primeiro país do mundo a legalizar o aborto. Nós andamos aos papeis no que a isso respeita!

Hoje há pessoas que utilizam a razão da força para imporem ideias próprias e com marginal acolhimento. Consideram-se seres superiores e iluminados com o direito de tutelar consciências e vontades. Estranhamente essas pessoas têm lugar dentro do sistema democrático, mas, um país governado por uma alternância socialista / social-democrata, tolera o que me parece intolerável e maltrata os seus pares com assento no parlamento rotulando-os de “esquerda não democrática”.
Até sempre. Até amanhã camaradas, disse.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Cá o rapaz é assim VI




De olho no plasma e no hall, lá estava ele ainda não era uma, o olhar periférico confirmava que se estava em dia não. Ou o gagêdo perdera o medo à chuva, ou já gastara o ordenado. Ainda não batia a uma e já se anunciavam as notícias: Bomba aqui, bomba acolá e por cá também, cum canudo! Começaram a juntar-se pessoas à volta do ecrã, os comentários cruzavam-se, entre tipos que jamais se falariam; as emoções afloravam, era altura de bazar, queria lá saber se o gajo tinha ou não tinha canudo, ala que se faz tarde.
Pouco esperou para as ver aparecer. Guta desculpou-se pelo ligeiro atraso, Dina rindo-se:
-Não é nada a que não estejas habituado, não é?
Olhou-as, acabando por rir com vontade, ao ler a piscadela de olho, em jeito de autocrítica.
Ao onde vamos de Guta, Dina de pronto sugeriu o Madeirense, bem acolhido pela anfitriã.
-Gosta de espetada?
-Se gosta! Disse Dina, em nova risada.
-Gosto, disse ele, mais do que divertido, agradado com a boa disposição da amiga. Voltava a ser a velha Dina, maliciosa e provocadora.
Dina enfiou-lhe o braço e arrastou-o em direcção às escadas, ele resistindo, apontou-lhe o caminho certo, na direcção contrária: -É lá em cima. – Não é não, teimou ela.
Deixando-se arrastar, meio confuso, lá foi ele no meio das duas em direcção ao parque, até que o esclareceram que o Madeirense era outro.

Apalpou os estofos de coiro mirando o espelho retrovisor onde se reflectiam uns olhos agradáveis, emoldurados por um cabelo despretensiosamente arranjado. Deixou-se embalar no movimento do carro e nos doces cheiros que o envolviam: o perfume dela, discreto, assomava ao de carro novo. O tagarelar delas era uma trilha sonora perfeita para o desenrolar da paisagem que fugia e se ia transformando de candeeiros em arvores e por fim em Tejo com a outra margem por fundo, até se deterem junto a um restaurante que prolongava até ao passeio um esmerado toldo.
Sentiu-se desolado pelo término da viagem, como se despertasse de um sonho agradável.
O porteiro abriu-lhes a porta, cumprimetou cerimoniosamente Guta, observou Dina e lançou-lhe um olhar reservado e de suspeição. d'aqui

Até chegarem à mesa, de mão em mão, passaram por mais dois empregados. Guta recusou a mesa que lhe sugeriram e escolheu uma ao pé da janela. Ia a sentar-se mas foi sustido pela mão de Dina, o empregado ajeitava a cadeira a Guta, e ele, por sua vez, resolveu fazer de criado, ajudando Dina a sentar-se; ficou na dúvida se era isso que deveria ter feito, sentando-se por sua vez.
Ao aproximar-se outro empregado com os cardápios encadernados em couro bordeau, Guta atalhou encomendando três espetadas, acompanhadas de legumes. Ao rapaz coube iniciar um incontido calculo mental tendente a apurar se umas batatitas estariam ou não incluídas na tal categoria de legumes.
Assim começava uma guerra que travou estoicamente, em duras batalhas: a dos copos e a dos talheres à qual se juntaram pequenas escaramuças como a do guardanapo. A tudo respondeu à altura graças à estratégia adoptada, e de acordo com os ensinamentos da velha que tanto o chateou em miúdo: “Nota bem, antes de tocares no que quer que seja espera que eu o faça e depois faz como eu.” Ainda parecia que a estava a ver mas o que é certo é que deu resultado, um resultadão! d'aqui

Não estava preparado era para a escolha do vinho, mas porra, pensou ele, Quinta da Bacalhoa, 60 €!, não há-de ser mau e deve embebedar com certeza. Venha ele, que a gaja não deve ter comprado o Audi a prestações.
Olhou para ela a ver se lhe tinha dado o treco, mas recebeu um sorriso com o: -Não poderia ter escolhido melhor.

Soubesse eu disto e na verdade tinha posto o rapaz a escolher um de 120, mas andemos que não tarda, faz-se tarde, e cá pra mim isto já começa a chatear. Pessoal quem quiser salte aqui mas eu tenho que continuar.

Engoliu em seco e pensou nos nove euros que tinha no bolso porque aos vinte bem dobradinhos não queria fazer contas. Provou o vinho e acenou com a cabeça. O que ele queria dizer nem eu sei mas temo que não fosse nada abonatório ao princípio da relação qualidade-preço.
Começaram então a servir uns pratinhos entre os quais estavam uns rissóis que não passavam em qualquer outro lado. Lá bons eram eles mas com um tamanhinho daqueles nem ao diabo dum forreta passaria pela cabeça fazê-los. Lá no bairro seria motivo para protestos ainda que a um terço da tabela os tentassem impingir.
Lá foi morfando o que lhe parecia a si caber, acabando por se estender ao que em consciência não lhe competia, colhendo proveito do cuidado que Guta tinha com as anquinhas e da manifesta falta de apetite da Dina.
d'aqui
Já havia varrido o que se apresentara na mesa, à excepção claro, de umas iguarias que a vergonha e o instinto de decência aconselham, quando chegaram, com pompa e circunstancia, os três estranhos cabides de ferro, donde pendiam nacos de carne à mistura com pimentos e cebola, escorrentes em apoteótica alegria de um molho que largava um cheirinho, capaz de fazer um homem esquecer-se de uma gaja boa.
Serviu-se com a delicadeza que a circunstancia pedia, levou o primeiro pedaço à boca, semicerrou os olhos deliciado em êxtase... quando se apercebeu que Guta o interpelava.
-Está a gostar?
-Porra, saiu-lhe, d’isto? Mas isto, isto... é uma prova da existência de Deus!

* há diefe, como promessa a cumprir.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Roxa Xeneider


Foi o dia de aniversário do Bloger, decano João Silva.

aqui em pose: preso e uns anitos mais tarde, como um passarinho.


piquem a foto e seguirão a história, contada na primeira pessoa.


é o seu blog; uma frescura de escrita, de uma frescura de pessoa.
Dele teria muita coisa a dizer, referirei apenas que é dos poucos cotas de quem não sentia necessidade de fugir, quando ainda não era eu cota.

***


Entretanto,

PROCURA-SE

este saltimbamco, desaparecido na noite de natal.

Agradeço informações do seu paradeiro.

(ele que não tema que não sou pai de nenhuma das mulheres)

sábado, 7 de abril de 2007

Caixinha de surpresas

Vem isto a propósito do Sr. Zé, homem escorreito com um par de pernas que dá para duas meias maratonas, olhar ora meigo ora acutilante, de fácil verve e voz torniturante, surdo como dama honrada que se preze e quando convem.
Quiz o destino que, o Sr. Engº Zé, sucedesse nos destinos da nação a figura apreciadora da noite e de agradavel convivio mormente com gentes da linha. Merecedor de risos tipo katespero, naufragou prematuramente com as suas santanetes.

O povo, Portugal, suspirou de alivio em maioria.
E o bom do Zé vai de dar nele. Humildemente começou por pedir desculpa e confessar a sua ignorancia acerca do estado da nação. Tivessemos paciencia, que afinal as coisas não iam ser exactamente como tinha dito porque, para nosso bem, era neceessario aumentar umas coisitas.
Se bem o disse melhor fez, aumentou: os impostos, taxas moderadoras, idade de reforma, o número de colaboradores do seu gabinete, é um aumentar a olhos vistos.
Perdão. Justiça seja feita que na inversa diminui: o número de servidores do estado, regalias sociais, direitos laborais e outras coisas que tais ou tal, não sei bem, para meu mal.

Tudo na boa em Lisboa, até ao dia em que terramoto gerado pelo choque entre comadres, com epicentro localizdo lá para os lados da Independente e réplicas configuradas em diamantes, boas e más acções, reuniões, demissões e nomeações, com encontrões á mistura, pontapés nas portas, pelo meio de bocas tortas, de tudo houve um pouco.
Tal desastre, cá para mim, tem exactamente o mesmo resultado que o bater de asas de uma borboleta no outro lado do globo, pode redundar em catástrofe ou não dar em nada que é o mais certo.

Acontece porém, que os OCS – orgãos de comunicação social – ávidos de mexer em porcarias que vendem bem o seu mister, se põe para aqui e agora a meter a mão em coisas que não interessam a ninguém, a não ser aos que nada mais têm para fazer. E por onde passam eles? Pois é! Exactamente pelo produto final dos serviços prestados pela Universidade Independente, sem aterem ao prejuízo que isso possa acarretar para terceiros.

Mas calma, isto não é regabofe e o Sr Zé, licenciado em engenharia, como agora consta no up-date do sítio governamental, de acordo com a ordem da ordem, atento às conveniencias da situação, logo tranquiliza a nação, com aviso à navegação: Os alunos da Universidade Independente não serão lesados por qualquer erro de ordem administrativa da responsabilidade da universidade, por esta, eventualmente (?), cometido.
E quem são esses alunos seu Zé?
Parabéns sô Zé que pelo jus faz ao nome que carrega, o Zé-povinho está-lhe agradecido e orgulhoso por não lhe desfeitear a esperteza.
Bom, o Erecteu tem que ir assobiando para o ar:

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Cá o rapaz é assim V






A conversa não era para ele e dali não levava nada, mas jogo para situações destas tinha ele de sobra.
-Vou dar uma volta, já nos vemos por aí.
Era bom não era? Qual quê!
-Desculpe o nosso entusiasmo, mas não nos víamos há… Vai para seis anos, não é Dina?
-Mais ou menos, sim, seis ou sete.
-Esperamos aqui por si, depois podíamos ir almoçar juntos.
Não fosse a Dina e bem podia a “madama” esperar, e quanto ao almoçar já não lhe restava mais que nove euros e o tabaco a chegar ao fim.
-Eu não almoço, disse Dina.
-E eu desculpem, tenho qu’ir à casa de banho, rematou como um cheque-mate.
-Então… é meio dia e meio, encontramo-nos ali no hall à uma. Assim mesmo. Disse, aprovou e promulgou, sem consulta prévia, estava publicado, acrescentando: -São meus convidados.
Olhou para Dina, e pelo encolher de ombros e sorriso, convenceu-se que assim seria, pelo que se pôs a andar, decidido a não voltar, caso razões de ordem profissional o impedissem, mas o que é certo é que a crise a todos toca; bateu perfumarias e sapatarias resignando-se, pois o gagêdo como o peixe, dá quando dá, assim lhe ensinara o Tio João, com a infeliz coincidência de tanto não dar nada, como para de repente desatar a dar, não tendo um homem mãos a medir nem meio de conservar todo o bem que bem poderia apanhar.

Assim se perdia o rapaz em recordações. O tio João! Por onde andaria agora? Merda p’rá política, que acabara para os pôr chateados, quando até lá tinham sido unha com carne. O sacana que não tinha onde cair morto e havia de teimar em defender o dono da fábrica, para no fim levar um grandessíssimo pontapé no cú. Acontecimentos destes levam a grandes zangas na vida, como foi o caso da cisão com o seu tio João, somente quinze anos mais velho, pessoa de quem muito gostava e a quem devia a primeira ida às putas. Gajo porreiro, não deixava de ser burro e naturalmente teimoso, pelo que cismava que à porta da missa é que era, e ele, já em processo avançado de auto determinação, clarividente, apontava para os portões das universidades. Mas não há cisão que não dê em coligação, esta é que é a verdade, como atesta o seu caso, mas eu conto: Quiz o acaso que, altas horas da noite, subindo ele o jardim de Entre-Campos visse um estranho acampamento armado no relvado da universidade, onde à volta de uma fogueira, pouco mais de uma dúzia de vultos, com cobertores pela cabeça, levavam até ele os ecos de conversa e risos,


Eu ouvi um passarinho
às quatro da madrugada,
Cantando lindas cantigas
à porta da sua amada.

Ao ouvir cantar tão bem
a sua amada chorou.
Às quatro da madrugada
o passarinho cantou.


foi o bastante para arrepiar caminho para melhor ver de perto e, na verdade vos digo, que em boa hora o fez pois em menos de um esfregar de olhos já estava de caneca de café na mão, embrulhado em cobertor que tinha que dar para dois, acrescentando ao repertório:

Alentejo quando canta,
vê quebrada a solidão;
traz a alma na garganta
e o sonho no coração.

Alentejo, terra rasa,
toda coberta de pão;
a sua espiga doirada
lembra mãos em oração.


Que insistisse o Tio João nas esperas à porta da igreja porque... bem, o resto não cabe nesta história que a ela me tenho de remeter disciplinadamente, sem me deixar arrastar pelos pensamentos do rapaz, esclarecendo contudo que o facto de o cobertor ser partilhado com uma pombinha chamada Dina, não é de todo despiciendo, ficando ainda registado que estavam lançadas as bases de uma futura coligação entre soldados e uma proeminente figura, quadro estreitamente ligado a um educador da classe operaria.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Vinicius

Inútil por já ter acontecido, fica contudo aqui registado como forma de agradecimento a quem muito prezo, pelo convite e também como conselho a que não percam se tiverem oportunidade de ver esta belíssima homenagem, prestada pelos seus inúmeros amigos, em jeito de documentário.







Data 04 Abr.
Horário 21h30


Local / Locais
Auditório Municipal Fernando Lopes Graça



Descrição
Nascido em 1913 no Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes testemunhou e foi personagem de uma série de transformações na cidade, tendo criado para si um dos percursos mais relevantes da cultura brasileira no século XX.
Com Maria Bethânia e Gilberto Gil
Realização: Miguel Faria Jr.
Documentário / Musical

Organização
Câmara Municipal de AlmadaAuditório Municipal Fernando Lopes Graça

Condições de Participação Bilhete: € 3

BOAS AMENDOAS PARA TODOS

ADEUS, ATÉ AO MEU REGRESSO