segunda-feira, 7 de abril de 2014

Dois e quinhentos

Nunca me saiu a lotaria, o totoloto, euro milhões ou raspadinhas, nada, não  jogo!

Não jogo porque a experiencia que me ficou dos furinhos que fazia nos cartões em busca de “chicolates” não foi nada encorajadora; não fossem as colecções dos cromos dos bichos em que a matacanha me saiu logo com os primeiros cinco tostões e diria que sou um homem d’azares. Mas não, pelo contrário sou, reconhecidamente um homem sortudo.

Menino e mocito a vizinha, numa jogatina baliza a baliza, entre o passar dos raros carros que fugiam à areia da nossa rua, numa disputa mais aguerrida em que um pontapé falhado levantou uma nuvem de pó pondo a descoberto uma moeda reluzente de dois e quinhentos, acusou-me, entre muxoxos, de ter nascido com o cu virado pá lua! A Bilinha sabia lá como tinha eu nascido, tinha pouco mais de um ano do que eu! Ela era de raivas, felizmente passageiras; investido parte do achado em baleizões, dois para cada um,  já ela tinha feito reset  ao mau feitio – pendurada no meu ombro, lambendo o gelado que se desfazia escorrendo pelos braços até aos cotovelos – aventava uma brincadeira, um desafio;

-Queres subir ao cajueiro?

que remédio… se queria bola na eira lá teria que mamar com o cajueiro.

-Ver quem desce primeiro com um cajú…

-Tá bem

-Mas tem que ser amarelo, não valem verdes.

bem a topava, os maduros estavam lá no alto e bem na ponta dos ramos finos…

-Tá beeeem-

- O coito é a porta da garagem, tá?

pronto, não chegava a subida ainda metia berrida, aka!!!  A Bilinha estava mesmo a apertar com tudo, que se lixasse.

- Quem ganhar fica com o troco?

Era demais, sacana! Avaliei os possíveis prejuízos: dos dois e quinhentos sobravam cinco tostões, afinal não me quer só apalpar o orgulho, entrava-me na sorte!   
   
   Que se lixem os cinco tostões, s’ela ganhar deixa-me lamber o baleizão dela, né?

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Enfim S. Valentim me valha...



Namorada fora, dia santo na loja pensava o gabiru de olho nos Chéri e pensamento na namorada, enquanto ouvia Michael Jacson quando... Knock, Knock.

-Who is it?
-It´s me dam!
-Madam who?, perguntou arrastando a artrose até à porta, afagando a espondilose com uma mão e fechando a braguilha com a outra. Entreaberta a dita foi tomado de assalto por um: -SURPRISE, cantado melosamente e marcado pelo ritmo das ancas que já irrompiam pelo hall que haveria ser de saída mas, de momento, era só de entrada.

São! São assim as minhas amigas e mais o é a Sãosita, despachada, infelizmente mais provocadora que atrevida. A Sanitita tem-me em melhor consideração desde que lhe disse (e comprovei) termos que ser uns pás outras. Tanta disponibilidade tem os seus custos pois sem modas soltou do grave ao agudo falsete:

-Olha Mon ChériIIIII's !!!

Já nem sei o que a santinha sacou primeiro, se o casaquito de malha se o celofane da caixa, na verdade, na verdade vos digo que perdi a noção do tempo e do espaço... tudo se tornou relativo com a velocidade da luz ténue, que ficou do candeeiro economizador.

A idade tem destas coisas! O gosto do chocolate e do licor mais o cheiro da colónia e não sei bem de que glândulas são uma amalgama.

Tou feito, feitinho!!! Ai mãe, já nem sei que dedos lambo, se os meus se os dela.


Enfim S. Valentim me valha...