sábado, 27 de outubro de 2007

O céu não existe.

E se por acaso existe mesmo? Não será melhor precavermo-nos não vá ele desabar sobre as nossas cabeças?

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Falta-me a pica

quando vejo a tragédia abater-se sobre meio milhão de pessoas.

Em três dias o horror instalou-se no lugar dos sonhos. Aqueles que já não sonhavam convivem agora com o pesadelo.
É bem feito, é castigo, soa-me dali onde rebolando-se de gozo vêm na Califórnia Sodoma e Gomorra. Os quatro elementos rebelam-se, o apocalipse vem por ondas: primeiro de mar e vento, agora de fogo, depois se verá, pensarão os moralistas decepcionados com a partida do tempo que não atenta a números redondos. Passámos 1000, chegámos a 2000 e se tivermos juízo a 3000 chegaremos; tratemos convenientemente do nosso ninho.

Falta-me a pica, mesmo quando ela se abate sobre uma cabeça.
Acordei e vi sinteticamente escarrapachado:

Grávida aos 11 anos
Criança espanhola pode ter sido vítima de violação
As autoridades espanholas estão a investigar o caso de uma criança de 11 anos, grávida de vários meses, que deu entrada num hospital em Léon.

Falta-me a pica quando leio a seguir:

A criança terá mais de três meses de gravidez, o que, de acordo com a lei espanhola, impede a realização de um aborto, mesmo tratando-se de uma violação.

Ainda bem, pensarão convictamente os "defensores da vida", assim não há legalmente a possibilidade de intervir. Talvez tenham razão, se Aquele em que acreditam tomar conta da criança, tudo bem. Se por acaso o destino lhe antecipar o inferno na terra, não me digam que dele é, depois, o reino dos céus. Se entretanto a vida não lhe for mãe, se de esticão nos levar a carteira, não sejamos madrastos, intercedamos junto do juíz, apelemos à atenuante da sua natividade.
Falta-me a pica, porra.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

picap'ampliar
falta-m'a pica, acho que é melhor parar, por uns tempos, talvez

Quando o avião aqui chegouquando o mês de Maio começoueu olhei para tientão entendifoi um sonho mau que já passoufoi um mau bocado que acabouTinha esta viola numa mãouma flor vermelha n'outra mãotinha um grande amormarcado pela dore quando a fronteira me abraçoufoi esta bagagem que encontrouEu vim de longede muito longeo que eu andei p'ra'qui chegarEu vou p'ra longep'ra muito longeonde nos vamos encontrarcom o que temos p'ra nos darE então olhei à minha voltavi tanta esperança andar à soltaque não exiteie os hinos canteiforam feitos do meu coraçãofeitos de alegria e de paixãoQuando a nossa festa s'estragoue o mês de Novembro se vingoueu olhei p'ra tie então entendifoi um sonho lindo que acabouhouve aqui alguém que se enganouTinha esta viola numa mãocoisas começadas noutra mãotinha um grande amormarcado pela dore quando a espingarda se viroufoi p'ra esta força que apontou

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

As Cimeiras e as ciumeiras

Os países da União Europeia e de África encontrar-se-ão por aí numa cimeira. O encontro será cimeiro se vierem os cimeiros representantes e aí começa a chatisse.
Não há chatisse sem chatos e Mugabe é um ganda chato para a Inglaterra, (não falando do seu povo), tal como a Inglaterra é para a cimeira se fizer birra. Vá lá que não estará só porque na birra também já entram os Checos (célebres inventores do dito banho, ocorre-me).
O Mugabe é chato porque é bruto e não tem maneiras, dizem os bifes e eu concordo. Se só fosse bruto e soubesse fazer as coisinhas, não o afrontavam e se o afrontassem... defecava.
Defecava como está defecando a coroa em Gibraltar, por exemplo, ou como o vai fazendo na Irlanda sem ter tempo para ter limpo convenientemente "The Royal Ass".



Tudo Vira Bosta
Rita Lee
Composição: Moacyr Franco e Rita Lee
O ovo frito, o caviar e o cozido
A buchada e o cabrito
O cinzento e o colorido
A ditadura e o oprimido
O prometido e não cumprido
E o programa do partido
Tudo vira bosta...

O vinho branco, a cachaça, o chope escuro
O herói e o dedo-duro
O grafite lá no muro
Seu cartão e seu seguro
Quem cobrou ou pagou juro
Meu passado e meu futuro
Tudo vira bosta...

(Refrão)
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

Filé 'minhão', 'champinhão', 'Don Perrinhão'
Salsichão, arroz, feijão
Mulçumano e cristão
A Mercedes e o Fuscão
A patroa do patrão
Meu salário e meu tesão
Tudo vira bosta...
O pão-de-ló, brevidade da vovó
O fondue, o mocotó
Pavaroti, Xororó
Minha Eguinha Pocotó
Ninguém vai escapar do pó
Sua boca e seu loló
Tudo vira bosta...

(Refrão 2x)
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

A rabada, o tutu, o frango assado
O jiló e o quiabo
Prostituta e deputado
A virtude e o pecado
Esse governo e o passado
Vai você que eu 'tô cansado'
Tudo vira bosta...

(Refrão 2x)
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

Tudo vira bosta...(5x)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Trova do vento que passa

Adriano Correia de Oliveira, um senhor da canção, que decerto preferiria que lhe chamassem um camarada da canção (de protesto), elevou-se com a voz para lá do Olimpo há 25 anos.
Foto sacada de Cantaremos Adriano (Blog)
Ombreou com muitos e bons como atesta nesta foto, da esquerda para a direita: José Barata Moura, Vitorino, José Jorge Letria, Fausto, Manuel Freire, Zeca Afonso, e Adriano.


Cantou-se a ele próprio o que bastaria. Cantou contudo muitos poetas mais, como por exemplo Manuel da Fonseca e Manuel Alegre que em premonitória chave de ouro encerra a Trova do vento que passa desta forma:


Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.


Passados vinte e cinco anos a Trova não passa, resiste porque prepotência e despudor ainda existe vindo de onde não se espera, como lobos encapotados de cordeiros.
Trova do vento que passa:
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.


Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.


Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.


Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.


Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.


Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.


E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.


Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.


Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).


Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.


E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.


Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.


E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.


Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.


Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.


Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.



Manuel Alegre


sexta-feira, 12 de outubro de 2007

eNOBELeceu

Prometia, o dia nasceu bonito, pelo menos por cá de norte a sul, céu limpo sem nuvens. Como muita gente se engana! Pelo meio dia soube-se a notícia. O laureado não era português, como há dez anos.


Não foi mais um patrício a juntar-se ao inventor da "pólvora", não senhor. Confirmou-se, como para a eleição dos papas, que nome badalado não tem hipótese. Não entregaram o ouro nem o louro ao Lobo. Paciência, desconfio que ele não ficou chateado. Mas fiquei eu porque o prémio, em cem anos, foi concedido pela 11ª vez a uma mulher e porque essa mulher se tem batido pela denuncia de injustiças, como descriminação racial, e igualdade de direitos da mulher. Assim onde é que vamos parar?
Doris Lessing quem é? Sei agora que é uma simpática veterana em idade e campeã de prémios, o que é que poderei e deveria saber mais? Compro-lhe um livro? Qual e para quê?

A pilha deles cresce tal como a angústia pelo tempo perdido.

Uniões




Luis Filipe e Pedro Miguel estão em vias de entendimento, a consumar-se a união de facto, é caso para dizer: parabéns, assim não se estragam mais lares.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Missiva

Compadre,
Lá dentro, sem que necessário fosse dar-te consentimento, acrescentarás ou retirarás o que te aprouver, e com certeza a tua arte encontrará os melhores planos e luz para fixar o momento; entretanto o capricho, liberdade do narrador ou eventual e episódica reminiscência do passado, porão o puto a ver as coisas assim:

Uma sala que nunca poderia ser generosa dada a quantidade de mobília que a recheia. Um aparador com cristaleira uma mesa de um inútil abrir, quatro cadeiras encafuadas, e adossados às paredes um divã à direita e uma cama à esquerda. Resta uma área exígua que dá para percorrer de lado o espaço entre um quarto na mesma atafulhado por uma mobilia completa reforçada pela companhia de uma Nechi, onde Augusta se farta de pedalar e a uma divisão que não destoa do resto na estreiteza que tem para cozinhar e comer.
Mais nada? Mais nada que é como quem diz, se levantares aquele tampo de madeira, à cabeceira da mesa, descobre-se uma pia para todo o serviço.

Lá dentro só isto, aproveitemos para espreitar a casinha aqui em frente, entra e não estranhes a confusão que há de tudo um pouco e pouco utilizado, excepção feita às três peças de minha devoção e que qualquer dia poderão muito bem aparecer à venda em qualquer casa da Calçada com o letreiro “Antiques”à porta: o ferro de engomar, o pulverizador de cobre, o petromax e, ah! Afinal são quatro, o grande alguidar de zinco parcimoniosamente utilizado porque banhos a mais não dão saúde a ninguém, como toda a gente ali bem sabe.

Aproveita para ver o pátio. Esta correnteza de casas tão iguais, não nos deixemos iludir pela diferença das aparências, são de famílias quase iguais à de Augusta Maria. Têm todas cá fora o estendal da roupa, a casinha com as mesmas coisas, mais coisa menos coisa, e ao longo do muro capoeiras, coelheiras, as leiras com pouco mais do que couves galegas que terão as folhas arrancadas uma a uma e morrerão cozidas no prato em companhia de uma batatita, regadas a fio de azeite. Aqueles gaiatos que brincam sentados no peal não são mas é como se fossem irmãos, bulham e amam-se exactamente da mesma maneira, pelo menos por enquanto.

Mais o quê? Ah! Os animais. Aqui é que há as diferenças: aqueles são pelos canários e piriquitos, os a seguir pelo gato e lá ao fundo pelo cão, mais canito que outra coisa; sim esse mesmo que passa a vida correndo atrás do próprio rabo.
Pronto, há ainda outras diferenças que os separam, as devoções. As santinhas delas e os clubes deles.
E política? Oh Rui! … era melhor não nos metermos por aí, evitemos tá?

Vá, vamos embora. Por agora fechemos a porta que ainda é cedo e as almas que a habitam o 23 ainda não vieram da labuta.

Um abraço do teu compadre amigo
Erecteu


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Este sol de Outono

Este sol de Outono trouxe a à memória, coisa estranha, até porque nem era Outono mas sim fim do Inverno. Não sei por onde começar para vos falar da Augusta Maria, talvez dizer que a vejo debaixo para cima: pés enfiados numas socas, uma meia de lã subindo até meio da perna grossa, enquanto a outra se quedava no gémeo carnudo e de invejável pêlo, distinguia-se por uma aconchegada saia às coxas porque no demais era “igualinha” às colegas, camaradas como ela dizia. Não se distinguia pelo avental que, mais cor menos folho todas usavam; usavam também arrecadas esticando os lóbulos e carrapitos luzentes; até mesmo nas bochechas coradas pelo frio que certamente alguma sopa de cavalo cansado acentuava, se assemelhavam!

Imperava a boa disposição nas bancas do Mercado do Rato, ainda que não fosse daqueles dias em que a freguesia abundasse. Os gritos de uma ou de outra sobrepunham-se esganiçados sobre a algarviada constante, os de Augusta eram diferentes, troavam uma oitava acima. Ao fundo aparece uma figura aperaltada dando origem a troca de olhares e sorrisos cúmplices, Augusta advertiu a Rosinda: -Lá vem a Fiscala.
A “Fiscala” percorreu as bancas detendo-se em observações sagazes ao brilho dos olhos, chegando mesmo a pedir que abrissem o operculo para melhor ajuizar. Era um ritual mais que conhecido a que sujeitava os robalos e chernes para não raramente optar pelo chicharro ou cavala, que tão boa era cozida fresquinha, ou escalada e em dois dias de salmoira, recomendava a "Fiscala". Como sempre a "Fiscala" passava, nariz frio e de olhar em frente, sem se deter na banca de Augusta. O salto era compensado na banca de Rosinda, a conversa estendia-se emoldurada em simpatias de gestos, tom de voz meloso e sorrisos, mesmo debaixo do seu buço, virada a três quartos estratégicos.
Era assim desde o dia em que numa das suas inspecções ordinárias, negócio acertado e de embrulho na mão resolvera fazer uma última inspecção à pescada que Augusta atestara ser merecedora da mesa de Sua Magestade D. Carlos. Vendo-a franzir o sobrolho, ainda de nariz enfiado no embrulho, trovejou-lhe:
Querem lá ver que o peixe se cagou?
A Augusta Maria caiu-me na vida, ou melhor, caí-lhe eu na dela sem sabermos bem como.
Esperava-me no cais do Conde da Rocha ao sabor do movimento de corpos que se comprimiam, como a ondulação do cais de cá para lá. Vi a eu primeiro de fotografia na mão sobressaindo sobre as cabeças, era essa a senha. Nem me dei ao trabalho de levantar a minha pois ela olhava em toda a direcção menos na minha; de repente focou os olhos em mim e gritou: -Ai o meu rico menino!
Não percebi bem como mas passou para o outro lado das grades e ora me via encharcado em desconfortáveis beijos ora tinha o rosto mergulhado no meio de um agridoce par de mamas. Entre uma e outra coisa, agarrado pelos ombros, via o seu rosto abanando e as madeixas soltando-se.

Não me perguntem como foi mas vejo-a agora rindo com os que riam no seu sobe e desce a empurrar as malas para dentro de um eléctrico, tal como me vem à memória o badamerda que lançou para a finória que estava cheia de pressa. A etapa não foi longa, dela ficaram os solavancos e especialmente os sinos: um accionado por um fio de couro e por quem bem entendesse e o outro, demorei um pouco a descobrir, furiosamente manobrado pelo condutor, vulgo guarda-freio, à patada. A segunda etapa mais calma, sempre a subir, levou-nos só até meio da Calçada de S. Bento. Para ali fiquei sentado em cima das malas que era a melhor forma de tomar conta delas, até Augusta reaparecer seguida por duas vizinhas e de um rancho de miúdos e miúdas. Estávamos ainda longe da descoberta da pílula e de termómetros não me lembro de ver por ali.

Lá fomos, transposto um arco que era tudo menos de triunfo. Outro mundo se abriu, por caminhos que vagamente se assemelhavam a pavimentados, seguimos até ao 23, uma porta com postigo ao cimo de um bataréu ladeada à esquerda, por uma modesta janela e à direita por uma janeleca mais um óculo com pretensões a oval.
Lá dentro… lá dentro não interessa.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

As cataratas

Che é a figura romântica da história. A memória pode até ser curta, mas passadas dezenas de anos, um estranho fenómeno impede a sua morte: a sua constante presença icónica. Cuba realça o elevado carácter de Che, médico-guerrilheiro de vocação internacionalista. Imaginado, muitas vezes emprestou a pele: montando uma mota, e ironia do destino, em barricadas opostas, por matas de África, foi-lhe copiado o bigode e a forma de colocar a boina.
Imagino o jovem Che fazendo o Juramento de Hipócrates, tendo dificuldade em aceitar que o médico se recusasse a prestar os cuidados devidos a Mario Terán.
E para finalizar, vejo ainda Mario Terán “claramente vendo” diante de si um pelotão de fuzilamento sob as ordens de El Comandante gritando.


FUEGO



Aprendimos a quererte
Desde la historica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerco a la muerte

Estribillo:
Aqui se queda la clara
La entraniable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Gevara


Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa

Estribillo


Tu mano gloriosa y fuerte
Sobre la historia dispara
Cuando todo Santa Clara
Se despierta para verte

Estribillo

Seguiremos adelante
Como junto a ti seguimos
Y con Cuba te decimos
Hasta Siempre, Comandante

Estribillo

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

3 em 1, noves fora nada

Estou-me cagando mas o uso desta forma verbal foi proibido lá para terras de Vera-Cruz, por razões que não serão naturalmente resolvidas com esta medida, mas vou indo...

Quando for grande, se alguma vez vier a ser, é bom que não se esqueça de que esta vida funciona segundo o princípio muito fiável, mas não infalível, do “shutle”, do vai-vem. Por vezes estrala lá no ar como os foguetes que festejam a vitória de Menezes, outras estrala-nos nas mãos, como no dia em que se tem que mostrar no estendal a roupa mais intima.

Para quem contava com todos caso ganhasse, sem que se explique convenientemente, não fica lá muito bem demitir-se das funções que desempenhava, sob pena de ficar a ideia de que se trataram de inconvenientes cuspidelas para o ar, ou de que o ego é bem maior do que a estatura fisica.
Os homens não se medindo aos palmos de alguma forma se medirão.



terça-feira, 2 de outubro de 2007

De preferência

Gosto de viajar, pois gosto. De todas as maneiras: quer faça sol ou chuva, sozinho ou acompanhado de preferencia de uma mulher, e só... somente em ultimo recurso até porque não sou dos que trocam uma pessoa, de preferência uma mulher, por um cão que há quem diga ser o melhor amigo do homem.
Frases feitas, é o que é. Valem o que valem como:

ainda deMora muito?

É o cabo d'arco

uma carga de trabalhos

A talho de foice.

Andar aos S´sà partida: O mosquito é o pior inimigo do para-brisas

A senhora que passou por mim e me fez aquele jesto de dedo em pirueta sobre a testa, tem razão. Concordo; de câmara na mão debruçado sobre o tablier, pode não vir expresso no código mas... quando ando sózinho dá-me para inventar, desculpe.

Mas... desculpe lá, o seu marido a quanto ia? A 140 ia eu!

Não sou de modas

Sento-me para escrever este texto, depois de estar para cima de 72 horas sem blogar! É obra.
Dirão, tá bem mas andas p'aí a roer as unhas e...
Falso. É falso, o que é que as unhas têm a ver com as cuecas? É verdade que as rato até ao sabugo, mas poderá ser pela abstinência. Abstinência do tabaco ou de outra qualquer, né?
72 horas sem as minhas marias e maneis, é algo de tão grandioso que me sinto no direito de ter o nome inscrito a par dos Marques e dos Meneses, dos Gamas, Cabrais e Camões, dos Silvas e Costas até.

Fui-me com a notícia da eleição de Meneses, e volto com o país em alerta amarelo, estranha coincidência. Nada de mais a não ser que a tendência para o Outono / Inverno deste ano, pelo menos, é de saias pelo meio da perna a par de juros a subirem e acções a descerem. As cores da moda serão vivas em contraste com o cinzentismo que, abaixo e acima, andam pela Calçada de S. Bento. As peças folgadas em drapeados largos afrontarão o apertar dos cintos familiares e o estreitar do investimento público. A flexibilidade da escolha de adornos ofuscará a insegurança daqueles a quem é oferecida uma maior mobilidade no emprego, a caminho do desemprego.

Por último, os tecidos serão finos, leves e diáfanos, propiciando um invejável ar de aparente frescura, de tal modo que ouvir-se-ão, vindas do Restelo ou Belém, velhas vozes clamar:
Mas o gajo vai nu!


E por falar em frescura, os que há mais tempo por aí calcorreiam, sob pena de verem o deficiente sistema imunitário a colapsar, e ainda que a eficácia seja reduzida, vacinem-se, aproveitem o sistema de saúde.


Não sei é se vão a tempo