sábado, 30 de maio de 2009

TAN - TAN, TAN - TAN.TAN.TAN


Tarzan & Jane - Toy-Box
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Vocês conhecem o Tarzan? Que disparate! Quem não conhece o Tarzan?

but will Tarzan have Jane?

Não resisto a contar, ainda que não goste de me envolver em assuntos alheios, mas, mais tarde ou mais cedo toda a gente vem a saber. Os tambores da selva já começaram a rufar em surdina tan - tan, tan - tantantan.
Quem diria? A coisa corria tão bem! Ali na selva do Maiombe, a opinião é unânime, não há casal mais perfeito, os chimpanzés não contam dadas as suas normas particulares; é sabido o seu gosto para se catarem e ninguém se atreve a não lhes reconhecer o pioneirismo no tão em moda swing.
Ai que já me perco, desculpem, voltando ao Tarzan: o idílio daquela relação era uma mais valia para a selva. Desde que Jane aparecera, Tarzan andava muito mais bem disposto: deixou de chatear panteras e leões, tornou-se muito menos mesquinho deixando de ligar a ninharias. Até deixou de massacrar a Tek que passou a comer as bananas à sua vontade –de boca aberta– a sentar-se de pernas afastadas e coçar simultaneamente a barriga e o sovaco.
-Jane ama Tarzan?
-Claro que sim querido.
-Humm…!
-Hum? Hum o quê darling? Toda a gente vê isso, até o King Kong que sofre de cataratas no olho direito veria se fosse desta história!
-Mas Jane, tu nunca dizer I love you, disse amuado remexendo a terra com o pé , arremedando o Mogli. Falta de imaginação, dele, né?
-Oh filho deixa-te de bullsheets, tá? Disse a doce Jane um pouco agridocemente.

E aquilo lá passava que o Tarzan não era parvo e sabia até onde é que podia esticar a liana.
Por uns tempos voltava a paz e era uma alegria vê-los vogar de cipó em cipó. A propósito nunca percebi com’é cosgajos faziam aquilo! O Tarzan tinha as mãos nas lianas, né? não dava pá Jane andar de braços abertos imitando a Mansfield !!! Com’é qu’ela se sustentava ao colo do heroi? O realizador meteu água. Ai, desculpem.

Não era por a selva ser muito cerrada mas não era sol de muita dura.
-Jane love Tarzan?
-Ai a merda! disse Jane de mão na anca. Isso é uma pergunta ou uma afirmação? Se é uma pergunta, nem te respondo filho, e vê lá se aprendes, repete lá: Jane, do you love me?
-E ele com toda a pachorra: Jane, do you loves me?
Fuck! Já te disse que na terceira pessoa do singular é que metes os SS, não é loves é love. It’s so easy darling e num aparte arre!!! Por fim a a miúda que até nem era má rapariga, dando uma de culta despachou: Iavoul Ich liebe dish. Je t’aime. Ahmo-t’ós moulhinhos, queres mais?
-Não.

Quando me contaram esta cena, disse pós meus botões, não, para ser mais preciso, p’á tshirt: Isto assim nã dá. Mas a cousa lá se compunha e os cromos voltavam às passeatas de liana, banhavam-se nuzinhos ao luar, que o hipopótamo bem os via e ficava à rasca com uma ganda tusa sem ter uma mão de jeito para sacar uma punheta que bem lhe saberia.
Bom adiante, qu’isto aqui não é um blog de bolinha vermelha… está-se mesmo a ver que o bom do Tarzan se eforçava, esforçava mas… recaía.

-Jane, you don’t love Tarzan, disse quase escorreito e assertivamente; antes que ela abrisse os bêços carnudos, disparou: -Jane anda com Tarzan só porque Tarzan estar a jêto.
Jane bufou e irritada só lhe respondeu: Não é jêto é jeito e virando-lhe as costas foi-se embora rebolando as ancas.

Andaram nisto três anos queca aqui arrufo acolá.
Um dia, lá pelas onze como era hábito, voltava Tarzan da sua patrulha pela selva com umas flores silvestres presas entre os dentes, quando avistou a cabana lá no alto da mais alta arvore da selva. Fez-se-se anunciar:
Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh.

Para surpresa sua não viu Jane de plantão na paliçada a acenar como era costume! Reparou ainda que o fumo branquinho não revolteava no ar, como era costume! Como era costume não se viam nem tangas nem soutiens pendurados na corda da roupa! Apreensivo pensou no pior -Querem lá ver que a puta da pantera a papou? - mas não. Tantor, embora estivesse sempre de trombas não mostrava sinais de nervosismo;
A sacana, se calhar, ainda está ferrada a dormir. Já vai ver, até se borra toda.
Inchou o peito entrou na cabana em passadas ao jeito de John Wain que pensava assentar-lhe como a melhor das tangas de pele de leopardo e… deu com o lar vazio, melhor, cheio de silencio. Em cima da mesa estava cuidadosamente enrolado algo parecido com papiro ; pegou nele mirou os estranhos gatafunhos, remirou, voltou a mirar e como não era lá muito dotado para as letras bradou:

-Terk, chega aqui já, rápido.
A pequena golirinha lá assomou e timidamente foi entrando no seu jeito balançado de menina de Ipanema. Por via das dúvidas, ofereceu-lhe as partes podengas.
-Vira para lá essa merda que mais parece a mitra de uma galinha com hemorróidas.
Terk obedientemente virou-se para ele, sentou-se, passou as mãos pelo rosto, arreganhou os dentes tentando um sorriso mas se isto fosse banda desenhada veriam um balão com tanto raio e corisco, caveiras e dinamite que fariam corar a Maria da Travessa do Chupalapele.

-Lê-me esta porra.
E Terk, obediente, leu:

Darling,
Vou para longe, vou para casa, vou para o raio que me parta. Olha, pensando melhor vou ter com o King Kong que não sendo desta história não está lá muito a jeito, não tem o teu corpinho, terá a pilinha pequena ou será capado até mas, se calhar, acredita mais em mim, ponto.
Tenho muita pena, como te disse, como me fartei de dizer,
assim não dá.
Hugs and kisses,
Jane

Aih, aih, aih, aih, aih, aih, aih, aih, aih, aih, aih.
Ecoou pela selva

*
**


Oo-ee-oo-ee...
I am Jane, and I love to ride an elephant

My name is Tarzan, I am Jungle-man
The tree-top swinger from jungle-land
Come, baby come,
I will take you for a swing
Let's go, honey, I'm tinkeling

Tarzan is handsome, Tarzan is strong
He's really cute, and his hair is long
Tarzan is handsome, Tarzan is strong
So listen to the Jungle-song:

Oo-ee-oo-ee...
I am Tarzan from Jungle,
you can be my friend
Oo-ee-oo-ee...
I am Jane, and I love to ride an elephant

When you touch me, I feel funny
I feel it too, when you're touching me
Come to my tree-house, to my party
Yes, I'll go if you carry me

Tarzan is handsome, full of surprise
He's really cute, and his hair is nice
Tarzan is handsome, Tarzan is strong
So listen to the Jungle-song:

Oo-ee-oo-ee...
I am Tarzan from Jungle, you can be my friend
Oo-ee-oo-ee...
I am Jane, and I love to ride an elephant

Go Cheetah, get banana
Hey monkey, get funky
When I am dancing, I feel funky
Why do you keep ignoring me?
Tarzan is here, come, kiss me, baby
Oochie coochie kiss me tenderly

Tarzan is handsome, Tarzan is strong
He's really cute, and his hair is long
Tarzan is handsome, Tarzan is strong
So listen to the Jungle-song:

Oo-e-oo-ee...
I am Tarzan from Jungle,
you can be my friend
Oo-ee-oo-ee...
I am Jane, and I love
to ride an elephant

And so they got funky,
but will Tarzan have Jane?
Stay tuned to find out!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Previsão Meteorológica

Os xutos e pontapés estão por esta altura de malas aviadas para o Jamor. Sob o signo do Dragão, o Paços viverá um momento de glória independentemente do resultado final, e depois?
Depois, arrumada toda a parafernália de adereços, bandeiras, hinos e até palavras de ordem, especularemos se o Quique sai para Jesus nos vir salvar. Por uns tempos descansaremos as gargantas ficando de lado a questão de se foi mão ou não, esqueceremos o limite da grande área que é afinal a fronteira das grandes decisões, ficará em banho maria o desejo de nos irmos a eles para lhes incendiarmos os autocarros, guardaremos os berilaites e petardos para em breve ocasião voltar aos estádios, ainda que os administradores das sades, qual marquês, se lamentem de os índices de ocupação serem mui, mui, baixinhos. Está bem, e depois?

Bem, depois, animem-se que em pré época da silly season e até ao final dela, para além das preocupações com o bronze e das gorduras acumuladas, no inverno, à custa de coiratos, pasteis de bacalhau e litradas de cerveja, nas horas extra ginásio, haverá ocasião para ir ao baú sacar as camisolas abolorentadas e as bandeiras debotadas, libertar completamente o espírito para nos deixarmos apoderar do fervor que as nossas tribos exigem.
Portugal de lés a lés, do Minho à Camacha e do Algarve ao mais alto do Pico estará sob a influência de altíssima pressão em alerta rosa com a possibilidade de passar a alerta Laranja. Em três jornadas apenas decidir-se-á muita coisa. Para a agenda saltará quem é o culpado da crise – eu não, porra – far-se-ão promessas em registo de sereia, nos mercados e feiras cruzar-nos-emos de panfletos em riste, olhos apontados, desafiadores se não de ódio até, conquistando posições em concelhias ou abrindo horizontes para muitos filhos licenciados competindo com outros mestres da treta enquanto nos bastidores se repescam e adaptam discursos de passadas vitórias, ou se alinhavam as declarações e justificações que ressalvarão o melhor resultado relativo dos perdedores, se os houver, porque é sabido que em democracia não há disso. Ganha sempre a nação, né?
Na véspera de cada uma das três grandes finais, o Sr. Presidente-de-todos-nós reforçará o apelo, entretanto transversalmente repetido pelas diferentes tribos, de exercer o direito cívico de rumar ordeiramente às urnas, antes de ir pá praia, ou depois da missa; para trás ficou a discussão de se tal direito não deveria ser transformado em dever com as respectivas sanções.

Fico comovido com tal preocupação pelo reforço da nossa bem amada democracia que tanto nos custou a ganhar. Já nã chegavam as bancas do Bulhão e da Ribeira, estarem desertas para se assistir à desertificação das urnas! Já viram como vai a crise? Para deserto já basta a minha margem sul.
Aqui me confesso um devoto de votos. Não é para me gabar mas nunca dei uma nega, ainda que para tal cívico acto me tenha posto a pouco cívicas velocidades para apanhar a urna de boca aberta, obrigado. Mas… obrigado? Sanções, querem lá ver!?
Cá ao Erecteu, obrigado, nã há Sansão que (con)vença.
Nem Dalila!!!
Vai lá vai... até o baraka obama


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Ser solidario - Jose Mario Branco

domingo, 24 de maio de 2009

Que las ay ay

Uma longa vida de trabalho numa ainda não muita longa vida passara a voar em rumos incertos como perdiz espantada por botas cardadas - era o pensamento que mais uma vez assomava, enquanto limpava o tampo de mármore corroído, como se fosse possível alguma vez remover as manchas tintas de que nem a lixívia dava conta.
Pôs o pano ao ombro, afagou a pedra com ambas as mãos enquanto mirava Sofia, a filha, que arrastava as cadeiras de um lado para o outro passando a esfregona esfarrapada pelas velhas tijoleiras numa cadência lenta como tempo vazio.
Como cresceu a minha menina! Embevecido reparava em como se tornara numa mulher roliça. Encantava-o aquele rosto ainda de menina: sardas sobre as faces permanentemente coradas sublinhando o olhar meio malandro, o cabelo de fogo em caracóis rebeldes atestavam a linhagem galega que, dizia-se, teria um antepassado da mulher para ali trazido.

-Isto tem de dar uma volta, pai. A loja tem de render, disse a gaiata recebendo em troca a expressão agastada e mais uma vez se pôs a passar o pano pela pedra do balcão.
-Ouviste?

Sorriu e pensou: Sai mesmo à mãe, para logo se perder em pensamentos que o levaram a chapadas acima que, ainda o primeiro dente não lhe tinha caído, calcorreava com um rebanho que era tudo, tirando os da casa, pais e irmão, quem ele conhecia. Conhecia as ovelhas uma a uma ainda que poucas tivessem nome. Andara nessa vida de pastor até o cajado esfiapar o capote junto ao peito, as sortes lhe ditarem o caminho de África e, por acaso, tropeçar, em dia de feira com a Júlia galega. Desse dia ao salto da fronteira que o levou até terras de França não passaram mais de duas luas e outras, poucas mais depois, já a galega fora ter com ele a um banlieue de Paris onde foi sendo promovido nas artes de maçon até tomar a seu cargo algumas obras que promotores principalmente espanhóis, mas tambem alguns lusos, destinavam ao aluguer dos que iam chegando, a salto claro. Júlia, essa graduou-se em maitresse de ménage até Sofia nascer. Passados três anos cortaram-lhe um peito e onze depois regressou com ela para a enterrar na aldeia em que afinal nem nascera. Como passara o tempo!

-Não me ligas, acorda. O que vai ser da venda quando eu me for embora?

O coração parou-se-lhe por momentos. A sua menina passado aquele verão ir-se-ia embora, iria para a faculdade, como era possível? Os sentimentos emaranhavam-se; o orgulho lutava com outro que não era capaz de definir… a ideia de que ela, quando já doutora, não voltaria para aquela casa atormentava-o.

-Anda vai fazer uns petiscos, olha que hoje é sábado.
-Poucos os pedem… sabes bem.
-Vá lá, mexe-te, os lisboetas agora andam por aí, o Alqueva sempre há-de servir para alguma coisa, né? Olha, vou fazer um cartaz para prantar na porta, vais ver.

Em menos de um ai ou de um ui o cartaz já lá tava, regalou-se com a letra certa e redondinha que a sua menina tinha.

d'aqui


Dedicado a Maria de Lourdes Rodrigues, insigne reformadora que tão belas e difíceis provas nos tem dado, para alegria dos nosso queridos filhos.


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O Fortuna - Carl Orff
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sábado, 23 de maio de 2009

Lume Teatro é fogo.

Do aparente simples, Ricardo e Carlos formam uma multidão que começa por inundar o palco, invadir a plateia e tomar de assalto os corações de cada um dos espectadores. Descomplicando: são, não um, mas dois mimos, diria mais :dois ganda miminhos.
Cravo, Lírio e Rosa foi o que foi, viu quem viu e aqui fica este registo de um muito amador.
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ou