Os xutos e pontapés estão por esta altura de malas aviadas para o Jamor. Sob o signo do Dragão, o Paços viverá um momento de glória independentemente do resultado final, e depois?
Depois, arrumada toda a parafernália de adereços, bandeiras, hinos e até palavras de ordem, especularemos se o Quique sai para Jesus nos vir salvar. Por uns tempos descansaremos as gargantas ficando de lado a questão de se foi mão ou não, esqueceremos o limite da grande área que é afinal a fronteira das grandes decisões, ficará em banho maria o desejo de nos irmos a eles para lhes incendiarmos os autocarros, guardaremos os berilaites e petardos para em breve ocasião voltar aos estádios, ainda que os administradores das sades, qual marquês, se lamentem de os índices de ocupação serem mui, mui, baixinhos. Está bem, e depois?
Bem, depois, animem-se que em pré época da silly season e até ao final dela, para além das preocupações com o bronze e das gorduras acumuladas, no inverno, à custa de coiratos, pasteis de bacalhau e litradas de cerveja, nas horas extra ginásio, haverá ocasião para ir ao baú sacar as camisolas abolorentadas e as bandeiras debotadas, libertar completamente o espírito para nos deixarmos apoderar do fervor que as nossas tribos exigem.
Portugal de lés a lés, do Minho à Camacha e do Algarve ao mais alto do Pico estará sob a influência de altíssima pressão em alerta rosa com a possibilidade de passar a alerta Laranja. Em três jornadas apenas decidir-se-á muita coisa. Para a agenda saltará quem é o culpado da crise – eu não, porra – far-se-ão promessas em registo de sereia, nos mercados e feiras cruzar-nos-emos de panfletos em riste, olhos apontados, desafiadores se não de ódio até, conquistando posições em concelhias ou abrindo horizontes para muitos filhos licenciados competindo com outros mestres da treta enquanto nos bastidores se repescam e adaptam discursos de passadas vitórias, ou se alinhavam as declarações e justificações que ressalvarão o melhor resultado relativo dos perdedores, se os houver, porque é sabido que em democracia não há disso. Ganha sempre a nação, né?
Na véspera de cada uma das três grandes finais, o Sr. Presidente-de-todos-nós reforçará o apelo, entretanto transversalmente repetido pelas diferentes tribos, de exercer o direito cívico de rumar ordeiramente às urnas, antes de ir pá praia, ou depois da missa; para trás ficou a discussão de se tal direito não deveria ser transformado em dever com as respectivas sanções.
Fico comovido com tal preocupação pelo reforço da nossa bem amada democracia que tanto nos custou a ganhar. Já nã chegavam as bancas do Bulhão e da Ribeira, estarem desertas para se assistir à desertificação das urnas! Já viram como vai a crise? Para deserto já basta a minha margem sul.
Aqui me confesso um devoto de votos. Não é para me gabar mas nunca dei uma nega, ainda que para tal cívico acto me tenha posto a pouco cívicas velocidades para apanhar a urna de boca aberta, obrigado. Mas… obrigado? Sanções, querem lá ver!?
Cá ao Erecteu, obrigado, nã há Sansão que (con)vença.
Nem Dalila!!!
Nem Dalila!!!
Vai lá vai... até o baraka obama
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Ser solidario - Jose Mario Branco
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