quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Tirem-me daqui

Não é que’eu seja um liberal militante mas isso não quer dizer que seja adepto do estado providencia, fará adepto do patrão providencia.
Esta relação que me prende ao tipo que me deu vida, segundo ele afirma, tem de acabar. Já pedi a minha desvinculação e o sonso faz-se de mouco ou, eufemismisticamente pequeno, parvo para ser mais preciso.
Que tenha paciência agora porque lhe morreu a avó, logo a seguir a prima. - Isto há-de compor-se, diz-me com voz doce e depois… depois não dá porque agora finou-se a tia e, quando ia dar, nem na anedota de alentejanos justificando a falta à segunda-feira… morre-lhe o paizinho!
Oh! meu amigo, tenha paciência, chega de desculpas mais esfarrapadas que chapéu de maltês, ou isto anda ou quero a carta. Qual carta? A de alforria, pois então! Mais um tempito? Querem lá ver? Vá lá mais um tempito e depois... toca a tocar a caneta.

E assim vou eu esperando por Godot, sem saber se o genocídio familiar é causa ou efeito, se valerá a pena esperar. Assim vou eu escriba virtual e para todo o serviço, dependurado em cabide de cornos de veado. Para aqui estou pele amorfa, ansiando que me vistas de vez, me animes, te dispas de desânimos.

É agora? Não? O quê ? O filho “atirou-se-te” à linha do comboio! Deixa-me rir, trespassa-me, vende-me ou mata-me.
Não dá? Olha então mata-te.
Assim não dá.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Queijadas Vargas

Fazia, como se costuma dizer, contas de cabeça, a coisa não corria mal de todo. Em boa hora se despedira da Rodoviária e se dedicara ao negócio da mulher. Parecia impossível como a vida se encaminhara. O Vargas, praguejou com a buzinadela e a ultrapassagem à maluca da mota, encostou logo à frente para descarregar mais uma encomenda; em menos dum esfregar de olho continuou para o novo cliente na volta da sexta, uma volta complicada pela intensidade do trânsito. Era assim e às segundas também e então em início do mês… ainda era pior. De novo voltou ao fio da vida: em garoto quando ajudava o avô Vergas sabia que não acabaria a vida a fazer cestos e vassouras.

O Vergas, apelido que ganhara, cuidava do neto com os tostões arrecadados nas feiras saloias, da Ericeira à Malveira carregando a carroça com a cestaria e o neto que não conhecera o pai, caído no cumprimento do dever, como dizia a filha da puta da carta que desfizera a sua vontade de viver. Restava-lhe a consolação do puto ter saído com a cara chapada do pai e não da rameira que se pusera a andar sem ter acabado de lhe dar de mamar.
E a volta continuava da mesma forma que começara de madrugada em Stº Isidoro: uma dúzia aqui, meia mais à frente, na ida por Mafra e na volta por Loures, naquele dia cismando mais do que nos outros; sorria agora com o seu próprio nome, promovido de Vergas a Vargas, não sabia bem se por golpe de asa do padrinho se por erro da conservatória.
A lembrança do avô toldou-lhe o coração e quase lamentou não ter ficado mesmo Vergas, é verdade que para isso contribuía a opinião do filho que até punha a hipótese de retomar o nome se viesse a ter descendência.
O olhar iluminou-se só de pensar nele, no grande homem em que se tornara, como estudara sempre a ajudá-los e como o empurrara para virar o negócio numa empresa invejável. Não fora ele a picar a mãe que tanto jeito tinha para lhe dar a volta e ainda amassavam e coziam no anexo da casa. Agora… agora era um empresário a sério. Uma fábrica com tudo do que há de mais moderno, quatro operárias, cinco carrinhas, com caixa frigorifica, calcorreando léguas por dia a distribuir as “Queijadas Vargas” por supermercados, mercearias e pastelarias: Coimbra, Figueira, Leiria eram o destino e já Aveiro e até o Porto bailavam na cabeça do filho! Bem o avisava: Não dês o passo maior que a perna… e a danada da mulher, sempre aliada ao filho, logo ripostava: Está tudo pago não está?
Estava. Estava tudo pago mas não havia necessidade de esticar a corda. O filho, o Dr. João Vargas –sorriu– explicava que a rentabilidade e a garantia de ocupação do mercado e a estratégia de … eles lá sabiam, queria lá saber...
Seguia agora por Campolide, a volta compunha-se e na próxima entrega, longe do controle da mulher, tomaria um cafezinho e um rissol marcharia porque o “os diabretes” até andavam controladitos.
O para-arranca continuava quando PUM.
Um estrondo, uma dor aguda no peito, cegou! Aos poucos recuperou, não percebendo como entalado no volante e pelo vidro estilhaçado se via enfeixado num carro estacionado á sua direita. Ajudaram-no a sair, e deitaram-no chão. Via rostos sobre si e uma voz clara:
-O sacana do velho atropelou o rapaz.
Fez-se escuro.

Voltou a si, uma multidão pululava, o som estridente de uma ambulância desfazia-se, uma voz amiga confortou-o:
-O homem está bem, teve sorte, caiu do terceiro andar em cima de si, se tivesse sido na estrada...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Carta aberta à minha lady

Di,Dizem, e eu concordo, que nasci com o cu virado para a lua, mas na verdade a lua move-se tal como eu e por isso a conjunção de cu/lua desfez-se momentaneamente.

A Augusta, o rapaz e o pátio, quando vier aí um quarto crescente a caminho de lua cheia, por certo voltarão. Por agora faço o papel de Sebastião Carvalho e Melo, cuidando dos vivos.

Em momentos fugazes deixarei registos como este:

O carácter julga-se?
Vem isto ao caso de Maria de Lurdes Rodrigues, na qualidade de figura pública, independentemente do direito de lutar pelas suas convicções e de exercer o legitimo poder que lhe confere o cargo, ser uma excelente comunicadora: verbaliza muito bem, responde ao que lhe convêm e ignora o que lhe interessa. Mais... na sua excelente performance na entrevista de ontem, socorre-se de formas de comunicação elaboradas tais como a expressão gestual, do olhar e de todas a cambiante de timbres que vão do delicodoce ao agridoce maternal.
Louvo-lhe a competência demonstrada na tentativa de dar o dito por não dito quando “
Na entrevista que deu ao DN, na terça-feira, a ministra da Educação reafirmou a intenção do novo Estatuto do Aluno de não chumbar ninguém por faltas.”(…) e na entrevista nega que a versão final do Estatuto do estudante, tenha sido alterado pelo parlamento. Tapa o sol com uma peneira. Parabéns à Sra. Ministra.
Inevitavelmente sim, o carácter julga-se, espero que a pessoa seja mais digna que a politiqueira.

É assim Di, não dá para mais.

Um beijo do teu,

Erecteu

sábado, 27 de outubro de 2007

O céu não existe.

E se por acaso existe mesmo? Não será melhor precavermo-nos não vá ele desabar sobre as nossas cabeças?

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Falta-me a pica

quando vejo a tragédia abater-se sobre meio milhão de pessoas.

Em três dias o horror instalou-se no lugar dos sonhos. Aqueles que já não sonhavam convivem agora com o pesadelo.
É bem feito, é castigo, soa-me dali onde rebolando-se de gozo vêm na Califórnia Sodoma e Gomorra. Os quatro elementos rebelam-se, o apocalipse vem por ondas: primeiro de mar e vento, agora de fogo, depois se verá, pensarão os moralistas decepcionados com a partida do tempo que não atenta a números redondos. Passámos 1000, chegámos a 2000 e se tivermos juízo a 3000 chegaremos; tratemos convenientemente do nosso ninho.

Falta-me a pica, mesmo quando ela se abate sobre uma cabeça.
Acordei e vi sinteticamente escarrapachado:

Grávida aos 11 anos
Criança espanhola pode ter sido vítima de violação
As autoridades espanholas estão a investigar o caso de uma criança de 11 anos, grávida de vários meses, que deu entrada num hospital em Léon.

Falta-me a pica quando leio a seguir:

A criança terá mais de três meses de gravidez, o que, de acordo com a lei espanhola, impede a realização de um aborto, mesmo tratando-se de uma violação.

Ainda bem, pensarão convictamente os "defensores da vida", assim não há legalmente a possibilidade de intervir. Talvez tenham razão, se Aquele em que acreditam tomar conta da criança, tudo bem. Se por acaso o destino lhe antecipar o inferno na terra, não me digam que dele é, depois, o reino dos céus. Se entretanto a vida não lhe for mãe, se de esticão nos levar a carteira, não sejamos madrastos, intercedamos junto do juíz, apelemos à atenuante da sua natividade.
Falta-me a pica, porra.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

picap'ampliar
falta-m'a pica, acho que é melhor parar, por uns tempos, talvez

Quando o avião aqui chegouquando o mês de Maio começoueu olhei para tientão entendifoi um sonho mau que já passoufoi um mau bocado que acabouTinha esta viola numa mãouma flor vermelha n'outra mãotinha um grande amormarcado pela dore quando a fronteira me abraçoufoi esta bagagem que encontrouEu vim de longede muito longeo que eu andei p'ra'qui chegarEu vou p'ra longep'ra muito longeonde nos vamos encontrarcom o que temos p'ra nos darE então olhei à minha voltavi tanta esperança andar à soltaque não exiteie os hinos canteiforam feitos do meu coraçãofeitos de alegria e de paixãoQuando a nossa festa s'estragoue o mês de Novembro se vingoueu olhei p'ra tie então entendifoi um sonho lindo que acabouhouve aqui alguém que se enganouTinha esta viola numa mãocoisas começadas noutra mãotinha um grande amormarcado pela dore quando a espingarda se viroufoi p'ra esta força que apontou

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

As Cimeiras e as ciumeiras

Os países da União Europeia e de África encontrar-se-ão por aí numa cimeira. O encontro será cimeiro se vierem os cimeiros representantes e aí começa a chatisse.
Não há chatisse sem chatos e Mugabe é um ganda chato para a Inglaterra, (não falando do seu povo), tal como a Inglaterra é para a cimeira se fizer birra. Vá lá que não estará só porque na birra também já entram os Checos (célebres inventores do dito banho, ocorre-me).
O Mugabe é chato porque é bruto e não tem maneiras, dizem os bifes e eu concordo. Se só fosse bruto e soubesse fazer as coisinhas, não o afrontavam e se o afrontassem... defecava.
Defecava como está defecando a coroa em Gibraltar, por exemplo, ou como o vai fazendo na Irlanda sem ter tempo para ter limpo convenientemente "The Royal Ass".



Tudo Vira Bosta
Rita Lee
Composição: Moacyr Franco e Rita Lee
O ovo frito, o caviar e o cozido
A buchada e o cabrito
O cinzento e o colorido
A ditadura e o oprimido
O prometido e não cumprido
E o programa do partido
Tudo vira bosta...

O vinho branco, a cachaça, o chope escuro
O herói e o dedo-duro
O grafite lá no muro
Seu cartão e seu seguro
Quem cobrou ou pagou juro
Meu passado e meu futuro
Tudo vira bosta...

(Refrão)
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

Filé 'minhão', 'champinhão', 'Don Perrinhão'
Salsichão, arroz, feijão
Mulçumano e cristão
A Mercedes e o Fuscão
A patroa do patrão
Meu salário e meu tesão
Tudo vira bosta...
O pão-de-ló, brevidade da vovó
O fondue, o mocotó
Pavaroti, Xororó
Minha Eguinha Pocotó
Ninguém vai escapar do pó
Sua boca e seu loló
Tudo vira bosta...

(Refrão 2x)
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

A rabada, o tutu, o frango assado
O jiló e o quiabo
Prostituta e deputado
A virtude e o pecado
Esse governo e o passado
Vai você que eu 'tô cansado'
Tudo vira bosta...

(Refrão 2x)
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

Tudo vira bosta...(5x)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Trova do vento que passa

Adriano Correia de Oliveira, um senhor da canção, que decerto preferiria que lhe chamassem um camarada da canção (de protesto), elevou-se com a voz para lá do Olimpo há 25 anos.
Foto sacada de Cantaremos Adriano (Blog)
Ombreou com muitos e bons como atesta nesta foto, da esquerda para a direita: José Barata Moura, Vitorino, José Jorge Letria, Fausto, Manuel Freire, Zeca Afonso, e Adriano.


Cantou-se a ele próprio o que bastaria. Cantou contudo muitos poetas mais, como por exemplo Manuel da Fonseca e Manuel Alegre que em premonitória chave de ouro encerra a Trova do vento que passa desta forma:


Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.


Passados vinte e cinco anos a Trova não passa, resiste porque prepotência e despudor ainda existe vindo de onde não se espera, como lobos encapotados de cordeiros.
Trova do vento que passa:
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.


Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.


Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.


Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.


Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.


Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.


E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.


Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.


Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).


Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.


E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.


Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.


E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.


Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.


Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.


Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.



Manuel Alegre


sexta-feira, 12 de outubro de 2007

eNOBELeceu

Prometia, o dia nasceu bonito, pelo menos por cá de norte a sul, céu limpo sem nuvens. Como muita gente se engana! Pelo meio dia soube-se a notícia. O laureado não era português, como há dez anos.


Não foi mais um patrício a juntar-se ao inventor da "pólvora", não senhor. Confirmou-se, como para a eleição dos papas, que nome badalado não tem hipótese. Não entregaram o ouro nem o louro ao Lobo. Paciência, desconfio que ele não ficou chateado. Mas fiquei eu porque o prémio, em cem anos, foi concedido pela 11ª vez a uma mulher e porque essa mulher se tem batido pela denuncia de injustiças, como descriminação racial, e igualdade de direitos da mulher. Assim onde é que vamos parar?
Doris Lessing quem é? Sei agora que é uma simpática veterana em idade e campeã de prémios, o que é que poderei e deveria saber mais? Compro-lhe um livro? Qual e para quê?

A pilha deles cresce tal como a angústia pelo tempo perdido.

Uniões




Luis Filipe e Pedro Miguel estão em vias de entendimento, a consumar-se a união de facto, é caso para dizer: parabéns, assim não se estragam mais lares.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Missiva

Compadre,
Lá dentro, sem que necessário fosse dar-te consentimento, acrescentarás ou retirarás o que te aprouver, e com certeza a tua arte encontrará os melhores planos e luz para fixar o momento; entretanto o capricho, liberdade do narrador ou eventual e episódica reminiscência do passado, porão o puto a ver as coisas assim:

Uma sala que nunca poderia ser generosa dada a quantidade de mobília que a recheia. Um aparador com cristaleira uma mesa de um inútil abrir, quatro cadeiras encafuadas, e adossados às paredes um divã à direita e uma cama à esquerda. Resta uma área exígua que dá para percorrer de lado o espaço entre um quarto na mesma atafulhado por uma mobilia completa reforçada pela companhia de uma Nechi, onde Augusta se farta de pedalar e a uma divisão que não destoa do resto na estreiteza que tem para cozinhar e comer.
Mais nada? Mais nada que é como quem diz, se levantares aquele tampo de madeira, à cabeceira da mesa, descobre-se uma pia para todo o serviço.

Lá dentro só isto, aproveitemos para espreitar a casinha aqui em frente, entra e não estranhes a confusão que há de tudo um pouco e pouco utilizado, excepção feita às três peças de minha devoção e que qualquer dia poderão muito bem aparecer à venda em qualquer casa da Calçada com o letreiro “Antiques”à porta: o ferro de engomar, o pulverizador de cobre, o petromax e, ah! Afinal são quatro, o grande alguidar de zinco parcimoniosamente utilizado porque banhos a mais não dão saúde a ninguém, como toda a gente ali bem sabe.

Aproveita para ver o pátio. Esta correnteza de casas tão iguais, não nos deixemos iludir pela diferença das aparências, são de famílias quase iguais à de Augusta Maria. Têm todas cá fora o estendal da roupa, a casinha com as mesmas coisas, mais coisa menos coisa, e ao longo do muro capoeiras, coelheiras, as leiras com pouco mais do que couves galegas que terão as folhas arrancadas uma a uma e morrerão cozidas no prato em companhia de uma batatita, regadas a fio de azeite. Aqueles gaiatos que brincam sentados no peal não são mas é como se fossem irmãos, bulham e amam-se exactamente da mesma maneira, pelo menos por enquanto.

Mais o quê? Ah! Os animais. Aqui é que há as diferenças: aqueles são pelos canários e piriquitos, os a seguir pelo gato e lá ao fundo pelo cão, mais canito que outra coisa; sim esse mesmo que passa a vida correndo atrás do próprio rabo.
Pronto, há ainda outras diferenças que os separam, as devoções. As santinhas delas e os clubes deles.
E política? Oh Rui! … era melhor não nos metermos por aí, evitemos tá?

Vá, vamos embora. Por agora fechemos a porta que ainda é cedo e as almas que a habitam o 23 ainda não vieram da labuta.

Um abraço do teu compadre amigo
Erecteu


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Este sol de Outono

Este sol de Outono trouxe a à memória, coisa estranha, até porque nem era Outono mas sim fim do Inverno. Não sei por onde começar para vos falar da Augusta Maria, talvez dizer que a vejo debaixo para cima: pés enfiados numas socas, uma meia de lã subindo até meio da perna grossa, enquanto a outra se quedava no gémeo carnudo e de invejável pêlo, distinguia-se por uma aconchegada saia às coxas porque no demais era “igualinha” às colegas, camaradas como ela dizia. Não se distinguia pelo avental que, mais cor menos folho todas usavam; usavam também arrecadas esticando os lóbulos e carrapitos luzentes; até mesmo nas bochechas coradas pelo frio que certamente alguma sopa de cavalo cansado acentuava, se assemelhavam!

Imperava a boa disposição nas bancas do Mercado do Rato, ainda que não fosse daqueles dias em que a freguesia abundasse. Os gritos de uma ou de outra sobrepunham-se esganiçados sobre a algarviada constante, os de Augusta eram diferentes, troavam uma oitava acima. Ao fundo aparece uma figura aperaltada dando origem a troca de olhares e sorrisos cúmplices, Augusta advertiu a Rosinda: -Lá vem a Fiscala.
A “Fiscala” percorreu as bancas detendo-se em observações sagazes ao brilho dos olhos, chegando mesmo a pedir que abrissem o operculo para melhor ajuizar. Era um ritual mais que conhecido a que sujeitava os robalos e chernes para não raramente optar pelo chicharro ou cavala, que tão boa era cozida fresquinha, ou escalada e em dois dias de salmoira, recomendava a "Fiscala". Como sempre a "Fiscala" passava, nariz frio e de olhar em frente, sem se deter na banca de Augusta. O salto era compensado na banca de Rosinda, a conversa estendia-se emoldurada em simpatias de gestos, tom de voz meloso e sorrisos, mesmo debaixo do seu buço, virada a três quartos estratégicos.
Era assim desde o dia em que numa das suas inspecções ordinárias, negócio acertado e de embrulho na mão resolvera fazer uma última inspecção à pescada que Augusta atestara ser merecedora da mesa de Sua Magestade D. Carlos. Vendo-a franzir o sobrolho, ainda de nariz enfiado no embrulho, trovejou-lhe:
Querem lá ver que o peixe se cagou?
A Augusta Maria caiu-me na vida, ou melhor, caí-lhe eu na dela sem sabermos bem como.
Esperava-me no cais do Conde da Rocha ao sabor do movimento de corpos que se comprimiam, como a ondulação do cais de cá para lá. Vi a eu primeiro de fotografia na mão sobressaindo sobre as cabeças, era essa a senha. Nem me dei ao trabalho de levantar a minha pois ela olhava em toda a direcção menos na minha; de repente focou os olhos em mim e gritou: -Ai o meu rico menino!
Não percebi bem como mas passou para o outro lado das grades e ora me via encharcado em desconfortáveis beijos ora tinha o rosto mergulhado no meio de um agridoce par de mamas. Entre uma e outra coisa, agarrado pelos ombros, via o seu rosto abanando e as madeixas soltando-se.

Não me perguntem como foi mas vejo-a agora rindo com os que riam no seu sobe e desce a empurrar as malas para dentro de um eléctrico, tal como me vem à memória o badamerda que lançou para a finória que estava cheia de pressa. A etapa não foi longa, dela ficaram os solavancos e especialmente os sinos: um accionado por um fio de couro e por quem bem entendesse e o outro, demorei um pouco a descobrir, furiosamente manobrado pelo condutor, vulgo guarda-freio, à patada. A segunda etapa mais calma, sempre a subir, levou-nos só até meio da Calçada de S. Bento. Para ali fiquei sentado em cima das malas que era a melhor forma de tomar conta delas, até Augusta reaparecer seguida por duas vizinhas e de um rancho de miúdos e miúdas. Estávamos ainda longe da descoberta da pílula e de termómetros não me lembro de ver por ali.

Lá fomos, transposto um arco que era tudo menos de triunfo. Outro mundo se abriu, por caminhos que vagamente se assemelhavam a pavimentados, seguimos até ao 23, uma porta com postigo ao cimo de um bataréu ladeada à esquerda, por uma modesta janela e à direita por uma janeleca mais um óculo com pretensões a oval.
Lá dentro… lá dentro não interessa.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

As cataratas

Che é a figura romântica da história. A memória pode até ser curta, mas passadas dezenas de anos, um estranho fenómeno impede a sua morte: a sua constante presença icónica. Cuba realça o elevado carácter de Che, médico-guerrilheiro de vocação internacionalista. Imaginado, muitas vezes emprestou a pele: montando uma mota, e ironia do destino, em barricadas opostas, por matas de África, foi-lhe copiado o bigode e a forma de colocar a boina.
Imagino o jovem Che fazendo o Juramento de Hipócrates, tendo dificuldade em aceitar que o médico se recusasse a prestar os cuidados devidos a Mario Terán.
E para finalizar, vejo ainda Mario Terán “claramente vendo” diante de si um pelotão de fuzilamento sob as ordens de El Comandante gritando.


FUEGO



Aprendimos a quererte
Desde la historica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerco a la muerte

Estribillo:
Aqui se queda la clara
La entraniable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Gevara


Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa

Estribillo


Tu mano gloriosa y fuerte
Sobre la historia dispara
Cuando todo Santa Clara
Se despierta para verte

Estribillo

Seguiremos adelante
Como junto a ti seguimos
Y con Cuba te decimos
Hasta Siempre, Comandante

Estribillo

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

3 em 1, noves fora nada

Estou-me cagando mas o uso desta forma verbal foi proibido lá para terras de Vera-Cruz, por razões que não serão naturalmente resolvidas com esta medida, mas vou indo...

Quando for grande, se alguma vez vier a ser, é bom que não se esqueça de que esta vida funciona segundo o princípio muito fiável, mas não infalível, do “shutle”, do vai-vem. Por vezes estrala lá no ar como os foguetes que festejam a vitória de Menezes, outras estrala-nos nas mãos, como no dia em que se tem que mostrar no estendal a roupa mais intima.

Para quem contava com todos caso ganhasse, sem que se explique convenientemente, não fica lá muito bem demitir-se das funções que desempenhava, sob pena de ficar a ideia de que se trataram de inconvenientes cuspidelas para o ar, ou de que o ego é bem maior do que a estatura fisica.
Os homens não se medindo aos palmos de alguma forma se medirão.



terça-feira, 2 de outubro de 2007

De preferência

Gosto de viajar, pois gosto. De todas as maneiras: quer faça sol ou chuva, sozinho ou acompanhado de preferencia de uma mulher, e só... somente em ultimo recurso até porque não sou dos que trocam uma pessoa, de preferência uma mulher, por um cão que há quem diga ser o melhor amigo do homem.
Frases feitas, é o que é. Valem o que valem como:

ainda deMora muito?

É o cabo d'arco

uma carga de trabalhos

A talho de foice.

Andar aos S´sà partida: O mosquito é o pior inimigo do para-brisas

A senhora que passou por mim e me fez aquele jesto de dedo em pirueta sobre a testa, tem razão. Concordo; de câmara na mão debruçado sobre o tablier, pode não vir expresso no código mas... quando ando sózinho dá-me para inventar, desculpe.

Mas... desculpe lá, o seu marido a quanto ia? A 140 ia eu!

Não sou de modas

Sento-me para escrever este texto, depois de estar para cima de 72 horas sem blogar! É obra.
Dirão, tá bem mas andas p'aí a roer as unhas e...
Falso. É falso, o que é que as unhas têm a ver com as cuecas? É verdade que as rato até ao sabugo, mas poderá ser pela abstinência. Abstinência do tabaco ou de outra qualquer, né?
72 horas sem as minhas marias e maneis, é algo de tão grandioso que me sinto no direito de ter o nome inscrito a par dos Marques e dos Meneses, dos Gamas, Cabrais e Camões, dos Silvas e Costas até.

Fui-me com a notícia da eleição de Meneses, e volto com o país em alerta amarelo, estranha coincidência. Nada de mais a não ser que a tendência para o Outono / Inverno deste ano, pelo menos, é de saias pelo meio da perna a par de juros a subirem e acções a descerem. As cores da moda serão vivas em contraste com o cinzentismo que, abaixo e acima, andam pela Calçada de S. Bento. As peças folgadas em drapeados largos afrontarão o apertar dos cintos familiares e o estreitar do investimento público. A flexibilidade da escolha de adornos ofuscará a insegurança daqueles a quem é oferecida uma maior mobilidade no emprego, a caminho do desemprego.

Por último, os tecidos serão finos, leves e diáfanos, propiciando um invejável ar de aparente frescura, de tal modo que ouvir-se-ão, vindas do Restelo ou Belém, velhas vozes clamar:
Mas o gajo vai nu!


E por falar em frescura, os que há mais tempo por aí calcorreiam, sob pena de verem o deficiente sistema imunitário a colapsar, e ainda que a eficácia seja reduzida, vacinem-se, aproveitem o sistema de saúde.


Não sei é se vão a tempo

sábado, 29 de setembro de 2007

APREensão

estou APREensivo, mas não se preocupem, é comigo mesmo
chega Menezes em estilo, sem pompa ou circunstancia,


vai-se Mendes pela direita baixa, no seu estilo e nas circunstancias que me deixam APREensivo


somente porque nunca me imaginei a desejar tanto a alternância
APRE!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O amigo da onça

Até nas promessas está mais fraco", criticou Diogo Feio, referindo-se ao anúncio feito pelo primeiro-ministro no último debate mensal com a abertura, nas Lojas do Cidadão, do balcão "Perdi a Carteira".

Com ironia, Diogo Feio questionou: "Será que também assistiremos à abertura de balcões sucessivos como o 'Perdi a segurança', 'perdi o emprego', 'perdi a consulta', 'perdi a escola', 'perdi a empresa', 'perdi anos e anos nos tribunais', tudo culminando daqui a dois anos num balcão a abrir no Largo do Rato 'perdi as eleições'?".
Andem lá, não custa nada admitir que o gajo até tem piada



***

força Tiago

SUSSEXO PARA OS NUS


Velasquez . Tiago Nené, traz a chancela lirismo minimalista e isso basta para não correr riscos



29 de Setembro16.00



Magnolia Caffé - Praça de Londres

(Lisboa)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A mim não me interrompem


"A mim não me interrompem com a chegada de um treinador de futebol. Acho que há regras, a SIC tem regras diferentes das minhas. Tenho que ser respeitado"



É assim mesmo, bem feita, prontos.

Como um episódio tão pequenino afecta! Não fosse ele, o citado, pequenino e provavelmente seria afectado por coisas bem maiores.
Mas eu percebo-o. Também sou dado a amuos. Quando numa roda de amigos não seguem as minhas quase brilhantes dissertações, se pudesse até fuzilava e não era só com o olhar. O estafermo ou estaferma que desvie a atenção, duma piada ou anedota que estiver ensaiando no momento, estaria feito comigo, pudesse eu.
Está claro que disfarço, mal mas disfarço.

Ocorre-me agora invertendo os papéis: o Sr. Lopes voltaria para o avião se soubesse que estavam a interromper uma entrevista a Mourinho, só para o ouvirem? Se o confrontarem com esta questão, ele é menino para dizer que jamais...
Mas jamais o quê?
Tá bem, acredito que sim que voltasse, mas aproveitando a boleia, cá para mim, até podia voltar para o útero de sua mãe, mais até o deixava escolher o caminho.

***

ainda não sei se até dia 29 o erecteu faz sair outro post. Consta que, por razões que se prendem com o luar, se prepara para rebaldarias rumo ao sul. Confidenciou-me que não estará presente no lançamento dos "Versus Nus", e que por isso te manda um abraço.

força Tiago

SUSSEXO PARA OS NUS


Velasquez . Tiago Nené, traz a chancela lirismo minimalista e isso basta para não correr riscos



29 de Setembro16.00



Magnolia Caffé - Praça de Londres

(Lisboa)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Somos bons na cama

Vem isto a propósito da comadre que encismou qu’eu coisa e tal não sou bicho de deixar a raparigada ficar mal.

Claro que sou bom na cama, ora essa! Muita bom até! Caio nela e a partir dos 45 graus já tou a dormir com o ar mais sério do mundo. Acontece porém que se fordia de festa, nã sê s’é das endomorfinas ou do esforço, - sim qu’eu sou mui esforçado! – o certo é que ferro com um sorriso nos bêços, de fazer inveja ao menino jesus.

Bem a parte má embora não a pior é que me pedem a “definição de ser bom na cama” como neste capitulo até não sou um mau teórico aqui fica sinteticamente:
É como na guerra.
E explicitando; vale tudo. Vamo-nos ao outro com todo o armamento e não o poupamos; sem dó nem piedade quer gema quer grite; se s’agiganta... deixa-se avançar, fazer as despesas; se s’agacha, é porque está mesmo a “pedilas”, né?

Agora, as nomeações, o pior do melhor:

Elipse, anda lá filha qu’esse teu ar sério pede que te chegues à frente. Bute ao confessionário. Se nã te chegares inda melhor dou asas à imaginação :)

Vague com esta lua cheia estamos em maré altas, desculpa lá mas, explica lá como rezas.

DaMulaRussa: Dá-mo lá russa, dá-m’as definições equações e faz-me as ilustrações; a mon avis, és boa nisso.

Nanny , deixa-te de seilás e se nã sabes inventa filha, toca a pôr a boca no trombone e explica-te.

Psique Antes que te ponhas com ideias vamos lá a contar com'é, se for como imagino toca a vestir o amianto porque o vulcão vem lá.
E.T. - Não incluí aqui o Rui no ramalhete, não é porque ele o descompusesse, pelo contrario, mas era safadeza a mais pedir-lhe uma reportagem sobre o assunto.
Pensando melhor...



***

e como o devido nem é prometido


Velasquez . Tiago Nené, traz a chancela lirismo minimalista e isso basta para não correr riscos

29 de Setembro16.00

Magnolia Caffé - Praça de Londres
(Lisboa)


Espero que compareçam todos.

Assim a vida é uma espiga

O novo Estatuto dos Deputados determina que «o registo de interesses é público e deve ser disponibilizado para consulta no portal da Assembleia da República na Internet, ou a quem o solicitar».
in Sol
..."mas até terça-feira essa informação não se encontrava na página do Parlamento, à excepção do registo do deputado do PS António José Seguro, que o próprio decidiu disponibilizar."
mas há casos exemplares:
documentos que aparecem em branco, em que só estão visíveis os respectivos nomes.
o do presidente do CDS-PP, Paulo Portas,
o do socialista Carlos Lopes
e no registo de interesses do líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, a sua letra aparece tão apagada no formato digital que não se consegue identificar uma palavra.
Palavras para quê?
São artistas portugueses




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Velasquez . Tiago Nené, traz a chancela lirismo minimalista e isso basta para não correr riscos

29 de Setembro16.00
Magnolia Caffé - Praça de Londres
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Espero que compareçam todos.


terça-feira, 25 de setembro de 2007

Estarei com os azeites ou com os vinagres?

Os “Plano director Municipal” (PDM’s) são instrumentos imprescindíveis para a administração, devendo ser seguidos rigorosamente. O rigor dos PDM’s está contudo defendido, na medida em que quando se reconhece interesse público que o justifique é possível a tomada de medidas que os contrariem. Quem reconhece o interesse publico é o governo e ainda bem que tão bem se governa, né? -Bom dia Sr Espirito Santo.
Ond'é qu'ia eu? Com isto perdi-me!
Ah! Os PDM's!
Os PDM’s, durante a sua elaboração, são sabiamente enformados por legiões de técnicos que integram as comisshões de acompanhamento, acabaram por acabar com as bandalheiras: Ali industria, além habitação e serviços, acolá floresta, aqui nicles, e assim por diante: batadoides.
É um tal desvelo pela ordem, que até me chegam as lágrimas aos olhos, recordando-me do sucexo de Brazilia. Sim sucexo com x pois aquilo é uma foda: Em permanente rotação, um terço da cidade está vazia, o que facilita bastante a vida… aos ladrões. De dia roubam onde foi planeado dormir e de noite assaltam onde se trabalha de dia. GENIAL, né?.
-Então…?
Então o quê? Não me atrapalhem, é lógico que sou pela ordem embora, confesso, me guste um pouquito de desordem.
Congratulo-me com o bot’abaixo das Fontes da Telha e com o desmoronar das casas de fim-de-semana, fruto de muito sacrifício… e ousado oportunismo que, começando por umas tabuinhas, não raramente acabam em chalé. Congratulo-me com os supetões dados nas barragens, em roulotes e tendas, por causa das barracas que se vão fixando e amontoando orgânicamente como o bolor cresce em pão.

Congratulo-me com isso e muito mais, por exemplo, por ainda ser possivel montar uma tenda à beira mar e curtir, curtir até mais não.

O Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) revogou a decisão tomada pela comissão directiva do Parque Natural da Arrábida e deu luz verde à alteração das cotas de exploração da SECIL nas pedreiras do Outão

JURO

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Velasquez . Tiago Nené, traz a chancela lirismo minimalista e isso basta para não correr riscos

29 de Setembro16.00
Magnolia Caffé - Praça de Londres
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Espero que compareçam todos.


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

100 palavras

se vos perguntarem, digam que era um mimo
era mesmo um miminho

Haverá duas sem três?

Não sendo um crente, o que me alivia de muito stress expectante, acredito que há coisas para acontecer, E ontem, vendo bem, já hoje aconteceu tropeçar no “Carteiro de Pablo Neruda” e em “Feios Porcos e Maus”, de seguideira, isso mesmo.
Duas obras que me despertavam curiosidade, mas atrás das quais nunca me dera ao trabalho de correr, finalmente, ao ver a programação da TV, esperei-as como caçador entocado.

“O Carteiro de Pablo Neruda”, afinal é de Antonio Skármeta, vejam lá! Como sou dado a exageros de apaixonado, direi simplesmente: Não haverá muitas mais coisas assim que eu perderei inevitavelmente? E o "assim" é o sublime dum personagem representado magistralmente.
Depois, lá para a uma da matina, convidado esperado, Ettore Scola, entra-me casa adentro. Não seria para me surpreender pois de “Feios Porcos e Maus” estava eu à espera vai para trinta anos. Mas BRUTTI SPORCHI E CATTIVI surpreendeu e bem! Outra obra prima de representação. O humor amargo do Neo-realismo italiano deixa marcas, se não perguntem a Emir Kusturica.

Ainda maravilhado sou sacudido por um apelo:

Velasquez disse...
Ola,
é possivel fazeres um post pequenino a divulgar o lançamento em lisboa do meu livro? podes usar a capa. no meu site esta a info:
www.tiagonene.pt.vu
conto ctg lá tambem, claro:)
vai estar la algumas pessoas conhecidas. Aparece!

Deixas-me entalado.
Por convicção, já fiz meia dúzia de posts divulgando sites, blogs e diversos géneros de obras; por encomenda não; never on sunday, capicci?
Mas c'os diabos, Velasquez traz a chancela lirismo minimalista e isso basta para não correr riscos, afinal se já fui, hoje, bem surpreendido duas vezes…
29 de Setembro16.00
Magnolia Caffé - Praça de Londres (Lisboa)
Espero que compareçam todos.


domingo, 23 de setembro de 2007

E TU?

As coisas vão felizmente mudando, vai-se desvanecendo, o estigma que levava familiares a ocultarem-nos em quartos, por vezes acorrentados.Infelizmente não tão rápido como é desejavel, o Estado vai intervindo e sentimentos de culpa ou resignadas expiações por estranhos castigos divinos vão diminuindo.
Até ao dia em que acções concretas não sejam necessarias, até se perderem os comportamentos desajustados de presumiveis normais, não me conformo.

***
FÓRUM EUROPEU DA DEFICIÊNCIA

1997-2007: DEZ ANOS DE LUTA PELOS DIREITOS DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Vamos fazer com que a Discriminação com base na Deficiência
passe à História


Combater a Discriminação face às pessoas com deficiência é um
assunto que diz respeito a TODOS



sábado, 22 de setembro de 2007

Flexi insegurança

Conhecia-a de muito longe, envolta em capas que escondiam fraquezas. Diz-se que dos fracos não reza a história mas como não sou historiador, até lhe achava graça, afinal não há mais forte do que aquele que faz das fraquezas forças.
Pois, tão forte é a sua fraqueza que à sua volta tudo baila de bico, é que a fraqueza pode dar folgo à verve, rapidez ao pensamento e transmutar pele suave e bem cheirosa em couraça, entupir os lacrimais para soltar, mesmo assim a custo, lágrima só de raiva, o riso aflorar-lhe de escárnio, do lábio soltam-se trovas de maldizer, tal como a água fresca se perde em areias.
Um simples véu descai e a menina, em frágil doce, desponta traquina quebrando avisos, desprotegida, como brisa fresca afagando o deserto.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

sempre


à volta

***

Maria, Di,

Nada mais do que uma peça de um "simples" torno mecânico, afiando uma alfaia agrícola. A pouca luz e o brilho do metal, a parte do todo, fazem o mistério, se o há.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Mas o que é que o Resende tem a ver para a história e o mijo tem a ver com as cuecas?

Vocês sabem lá, diariamente, mal me aproximo de casa dá-me uma vontadinha… Espero que a vizinhança não se aperceba das minhas contorções de corpo, das atrapalhações com chaves e papeis, dos apertões de pernas e contracções do esfíncter na tentativa de controlar aquela súbita vontade de mijar! É a chave que não acerta à primeira, é a porta que empanca no inimaginável, é o saco que se escapa, é a corrida para a sanita, é a tampa que se estampa, é o tiro em leque que desespera qualquer mulher ciosa do seu lar.

Eu confesso que não, e o(s) Sr(s) Ministro(s), conhece a Vila de Resende?

De certeza que já lá passou pelo menos, quando tocou a prometer um futuro melhor. Não sou bruxo mas vejo-o espalhando simpatia e palavras de reforço da fé num Portugal melhor.


Eu nunca passei por lá pois não fica a caminho de nada, isto é, encostada ao Douro , entalada entre a Ponte de Cinfães e Lamego, só lá vai quem quer.


Eu sei como é, pois já andei por ali perto. É um sobe e desce por meio de curvas e contra curvas que transformam quaisquer trinta quilómetros numa eternidade; é a eternidade que separava uma parideira de Lamego. Bons tempos!


Agora... parir é um pouco mais além, em Viseu, pelo que, a uma grávida que entre em trabalho de parto, só na deslocação, espera-a mais do que uma horinha feliz.

Estar apertadinho para uma mijinha é obra, Sr. Ministro, e não me venha com conselhos de dar atenção à prostata que não estou para aí virado. O quê? Marcadores? Pois, tá bem deixa, os gajos apanham a malta e começam logo a calçar a luva.

Perco-me! Veio-me isto a propósito de:


Criança nasceu em ambulância na A24

Uma criança do sexo masculino nasceu hoje, cerca das 12:00, numa ambulância dos bombeiros de Resende, a cerca de 12 quilómetros de Viseu, quando se dirigia para o Hospital São Teotónio. Desde que a maternidade do Hospital de Lamego - a mais próxima de Resende - encerrou, há cerca de um ano, os Bombeiros Voluntários de Resende já deram assistência a cinco partos, segundo o comandante José Ângelo. (Lusa)



Bom o senhor domina-se e domina, mas olhe que ainda não lhe falei das caganeiras súbitas, ouviu?

É que quando isso dá, só lhe digo que é uma merda,

uma ganda merda mesmo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

domingo, 16 de setembro de 2007

A queda das 10 folhas

A minha Maria de vez em quando faz-me destas e eu... vindo dela é como uma carícia, mas vós outros nã s'atrevam.
Bom Marioska, os 10 livros que mudaram a minha vida, os dez livros, os dez... tou lixado tenho qu'inventar pois acho que não li tantos.
Como fica bem abstrair, começo pelo básico, o livro de assentos de baptismo e registo da Igreja na N. Sra da Conceição e o meu primeiro livro de leitura, que me deu imenso prazer até chegar aos ditongos: Ai! ... Ui!




Bom, posto isto de parte o que fica?

1.
de Júlio Diniz, "Uma Família Inglesa" .
Lido debaixo de uma latada ao fundo de um comprido quintal entre as passas de uns clandestinos cigarritos, foi a descoberta, aos treze anos, do prazer da leitura. Afinal os livros sem bonecos podiam ser giros! Havia vida para lá dos Cóbois e do FBI.
2
de Jonh Steinbeck, "A um Deus Desconhecido"
Em detrimento de outros, por muito estimulante que foi, aos dezasseis anos. Ainda hoje revejo nele o cheiro da terra molhada pela chuva.
3
José Mauro de Vasconcelos, "MEU PÉ DE LARANJA LIMA"
Faria qualquer morrer a rir se pudesse ver-me a lê-lo. Não digo porquê pois preservo a minha reputação de muy macho. Aos 23 anos quando o tempo parou de contar.
4
DE Gabriel Garcia Marques, "CEM ANOS DE SOLIDÃO"
Como que a "never ending story"
5
De Isabel Allende, "A CASA DOS ESPIRITOS"
Por uma deliciosa leitura partilhada com amor
6
De Margueritte Yourcenar. "A Obra ao Negro"
7
De Umberto Ecco, "O Nome da Rosa"
e 8
De José Saramago, "O Memorial do Convento"
Apresento-os em bloco porque os li de "seguideira", num entusiasmo em crescendo. Juro-vos que são os livros que nos descobrem, felizmente.
9
de Mário de Carvalho, "UM DEUS PASSEANDO PELA BRISA DA TARDE"
Este, "já velho", escritor é o testemunho do legado de escritores portugueses que sou forçado a omitir, mas que a minha maria referenciou.
10
de Mário Zambujal, "CRÓNICA DOS BONS MALANDROS"
A vida também se vive a rir. Li-o no 15 entre o Calvário e Algés. Por mais de uma vez apanhei gente a olhar-me com pena, isso mesmo: dó, da minha figura. Sempre é melhor do que ser apanhado a ressonar.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

É, é uma chatisse!

Há por aí muita cueca entaladas nos rabos, como por exemplo:
Gibraltar em Espanha
Ceuta em Marrocos
Israel na Palestina
As FalkLands / Maldivas na Argentina, muitas, muitas mais haverá.

O Tibete existe? Se calhar tanto como Olivença existirá para Yung Lee Yong, na minha perspectiva mal comparado está claro, mas com suculento significado para uns quantos bons lusitanos..
Sua Santidade veio a Portugal para visitar o quê? Quem o convidou? Parece-me que Sua Santidade veio jogar fora pois é sabido que nem pode jogar em casa. Até está a jogar muito bem, Sua Santidade está, com certeza, à espera que os Governos dos países que visita, façam o seu jogo, não é? Até nem é pedir muito!
Há quem diga. embora mal comparado, que Sua Santidade violenta, para ser mais suave, força, em defesa de seus ideais o que quer dizer, em seu próprio interesse, o que convenhamos é legítimo, muito mais sabendo que é por uma tão boa causa.

Sua Santidade joga com o peso todo que sabe ter, licitamente faz carga de ombro quando faz o seu jogo, mas, tenha paciência, os governantes em quem eu minoritariamente não votei, não querem fazer o jogo de Sua Santidade.
A democracia é uma chatice.


O simpático e sempre sorridente XIV Dalai Lama teve oportunidade de nos brindar com esta:
"Onde vou quero ir sem uma agenda política, apenas com o meu sorriso"
E depois com estas:
"A verdadeira questão do Tibete não é só a do meu regresso, mas os direitos de seis milhões de tibetanos",

"Quando estamos perante um conflito, devemos conhecer as pessoas - até Ben Laden - saber quais são as suas queixas, ouvi-las. Se for possível uma forma de compromisso, muito bem, senão, é melhor entender qual é o seu ponto de vista."

"Recebi um convite e um bilhete de avião. Estou feliz."

Perceberam?
Eu não percebi se era para nos deixar, o bilhete de volta, de qualquer forma, sinceramente, desejo que nos visite amiúde.