sexta-feira, 12 de junho de 2009

Tás frito Jaquim


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Goodbye To My Mama (Album Version) - Meryl Streep & Lily Tomlin
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Jaquinzinhos fritos com arroz de tomate malandro, a fugir pela travessa, era o almoço.
O Dioguinho não gostava de peixe, Docelinda gostava mas… não gostava de tomate, Dona Fernanda que gostava de ambos estava de dieta para além dos fritos brigarem com a pedra na visicula. Resultado, o Dioguinho casou o arroz com croquetes, Docelinda os caraupazitos com salada, Dona Fernanda a salada com o arroz. Então os Jaquinzinhos com arroz de tomate? Perguntarão vocês. Ah! Disso tratava à unha o Sr. Diogo de Carvalho; pegava neles pela cabeça e, pequeninos como eram, só não marchavam de uma vez porque o Sr. Carvalho fazia questão de saborear a cabecinha estaladiça em separado, por regra, de três em três peixitos aviava meia garfada de arroz.

Com tanta gente metida na história assim de repente se isto nã dá merda ainda dá bota, vamos lá devagar e não divagar.

Primeiro, se por acaso detectaram alguma incongruência de apelidos eu explico.
D. Fernanda ia no terceiro marido, filha de António, lavrador pouco abastado, lá para os lados de Santiago do Cacém, quando assentara tropa o primeiro-sargento Jeremias perguntara-lhe às tantas, ou melhor precisando, quando distribuía o fardamento: -António quê? De acordo com o declinado pelo praça botou na folha, António Só. Mais tarde quando procedia ao abono do primeiro pré topa que o homem na folha não apresenta o nome completo. Mau, temos gato, disse o primeiro, puxando do lápis na orelha e acrescentou “Só”, não? é ao que o recruta respondeu: -Não meu xargento é só António. Bom, mas onde quero eu chegar, sei eu pelo que fica então só mais isto:
-Afinal em que ficamos, de onde és?
-Xou de Miranda do D’oiro.
E ficou António Miranda, nome a que se afeiçoou e à filha doou.
O primeiro, digamos assim, marido de Fernanda foi um janota a que o pai chamava de maltez que aparecia e desaparecia. Bem-falante e galante, menina e moça levou Fernanda para Lisboa começando cedo por trocar a oferta de flores por ameaças de porrada, passando mesmo aos factos quando soube que Fernanda emprenhara. Não levou muitas, ainda a saia, à frente, pouco empinava e já Fernanda se pusera a léguas, esfregando soalhos até ao dia da sua Docelinda nascer, lá para os lados do Barreiro.
O segundo, de vestido de noiva e aliança, foi um africanista amigo dos senhores onde esfregava e passajava, cozinhava e arrumava, a troco de pouco mais do que cama e comida para si e para a sua menina. Mendonça de seu nome estava de férias pela primeira vez, trinta anos depois de ter partido para Angola onde voltou passados trinta dias com duas meninas pela mão. Foram seis anos de muita felicidade, muito trabalho e pouca paixão. Na véspera de levarem a menina para um colégio em Nova Lisboa, a malvada levou Mendonça enquanto fazia a sesta. Fernanda enterrou o marido, arregaçou as mangas e fez o que até ali fizera, o seu trabalho; cerrou os dentes e fez o que podia do trabalho que competia ao defunto. Dois anos depois vendeu a fazenda pelo dobro do que um vizinho benemérito oferecia: uma ninharia. Rumou a Luanda onde abriu a Pastelaria Miranda, de que se gabava ter do melhor: chá, torradas leite com chocolate e bolinhos sempre frescos, fabrico próprio.
O terceiro já vocês sabem quem é; Diogo de Carvalho, despachante oficial, passou de prestador de serviços, aquando da importação de equipamento de hotelaria, a consumidor de mimos e atenções.
Mas voltemos ao almoço ainda a tempo de os apanhar com a boca na fruteira recheada de mangas, banana e, pasme-se, lindas uvas brancas.
-Docelinda, tem cuidado com aquele maltês.
-Oh, lá está a mãe. Desculpem faz-se tarde, tenho que ir para as aulas. Três beijos rápidos e aí vai Docelinda.
Não sei bem quem disse ou pensou:

Vai com Deus Docelinda
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Goodbye to my Mama, my uncles and aunts,
One after another they went to lie down.
In the green pastures beside the still waters
And make no sound.
Their arms that held me for so many years,
Their beautiful voices no longer I'll hear,
They're in Jesus' arms and He's talking to them
In the rapturous new Jerusalem.
And I know they're at peace in a land of delight,
But I miss my Mama too.

Goodbye Eleanor, and Aunt Franny and Jo,
Goodbye Uncle Jim, and Elsie and Don,
Goodbye to my Mama who went to lie down,
And now is gone.

Whose hands are these so rough and hard,
Nails all torn from toil and care?
Who cleaned the house and kept the yard?
Touched my cheek and stroked my hair?
Thank you Mama the lord give you peace.
Bless your voice and the songs you've sung.
Blessed your arms and your hands and your knees.
How you loved us when we were young.
The lord's my shepherd I'll not want.
I have my Mama, my uncles and aunts.
Waters so still and pastures so green.
Goodness and mercy following me.
Goodness and mercy following me.

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