sexta-feira, 25 de maio de 2007



Relembro o Sr. Canas, de nome e mérito. Odiado pela pontaria a que nem o da última fila escapava, era uma figura mistério que entre torneiras a encher por um lado e água a sair pelo outro, estações e apeadeiros do ramal do Tua, reis e cognomes da quarta dinastia ,ou complementos, predicados e sujeitos era capaz de no recreio fazer meia parte por um lado e a outra meia pelo outro em jogos de basquete de onde as meninas não eram excluídas. Era assim às quartas e sábados no pátio do João das Regras.
Distraídos, cabulas e engraçadinhos eram premiados com a cana da índia de ponta flexível num apreciável naipe de técnicas, a saber: parte lisa e nó destinados ao cocuruto sendo a ponteira reservada para as orelhas. ZÁS, PLOC E ZIM eram o nome de código que lhes tínhamos atribuído. Era frequente ao regressar a casa contabilizarmos ou comentarmos.
-Eh pá o Sacanas afinfou-me cá com um PLOC!
-Olha lá e o meu ZIM?

Também constituía mistério o facto de o Sacanas não recorrer à palmatória, embora passeasse pela sala remirando-a de um lado e do outro, especialmente enquanto fazíamos problemas ou cópias. Minto. Usou-a uma vez que me lembre:
Tocou o badalo para o intervalo, um grupo ao invés de sair fixou ansioso os olhos na Natércia. Foi cómico vê-la puxar pelo vestido distraidamente enquanto conversava com a companheira de carteira, mais cómica foi a transformação da sua expressão até desatar em choro ao aperceber-se que estava presa a um “chuinga” (chwing-gum) zelosamente mastigado.
-Alto e pára o baile, quem foi, quem não foi, queria o Sacanas saber. A turma… moita carrasco. -Ninguém se acusa? Não há recreio para ninguém. A turma… moita. Enquanto revirava a menina-de-cinco-olhos, prelecção para aqui e acolá mais, por causa de um cobardolas pagam todos e … o Rodrigo: -Foi o Vasco Sr. Professor.
-Anda cá Vasco. A turma redobrou o silencio viu a palmatória por quatro vezes subir e descer, juntando a nossa dor à dele. Seguimo-lo no regresso à carteira venerando o estoicismo com que recebera o castigo de lábios cerrados e olhos secos.
-Anda cá Rodrigo, ouvimos para nosso espanto. Dessa vez a menina só deu dois pulos. Não sei se os olhos marejados se deviam à dor ou a algum sentimento de injustiça mas o que me fez reter na memória esta história foi a leitura do acórdão:
-Vasco levaste duas em cada mão para aprenderes a assumir e tu, Rodrigo, para aprenderes que na minha aula não há queixinhas. Todos para o recreio, o Rodrigo fica na aula a pensar.


A honra é feita de códigos. Independentemente do grupo a que se pertença há, os honrados e os outros. Assim o exige a pertença à, sociedade ou organização, seja ela secreta, marginal ou até informal. Os códigos de honra não se ensinam, não estão escritos; simplesmente apreendem-se e a violação determina, no mínimo a censura senão a exclusão directa.

Alguém me explica os códigos dos delatores e o dos que promovem a delação?
bom, deixemo-nos de merdas que hoje é sexta e tenho que garfiar

3 comentários:

Carla disse...

_____BOM__FIM DE__SEMANA!
_____LET__THE__SUN__SHINE
______IN___YOUR___SMILE___
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DF disse...

...os meus putos tb já sabem disso...mas essa outra escumalha, não.
garfia muito :)

Maria Arvore disse...

Cá na minha, são os códigos das enguias. Só são boas fritas. :)