quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Às minhas marias, à diefe

fiz a sacanagem (corrigi as infordeformações) de:


e se elas permitirem, à barriga de um arquitecto.
Estava a ir tão bem, quando...


(...)
Fizeram amor à luz das três chamas e das brasas da lareira, que pareciam tingir de vermelho o ar do quarto.
- Sabes há quanto tempo vivemos nesta situação? - perguntou Teresa.
- Perfeitamente: há vinte e seis anos, ainda que não tenha sido sempre a mesma.
- Li que alguns poetas falam cada vez mais do amor como algo eterno, um sentimento tal, que nem sequer a velhice pode destruir. Não nos estará a acontecer isso?
- Parece-me que não ouviram os poemas que se escutam por Leão e pela Galiza. Alguns são atribuídos ao próprio rei Afonso e neles o amor eterno não fica lá muito bem visto. Ouve este; recitou-mo este Verão o mestre da ferraria de Leão e dizem que o seu autor é o rei Afonso. Escreveu-o ao saber do êxito amoroso de um clérigo que tinha muitas amantes e que fornicava com a que a cada momento lhe apetecia. Utilizava uma táctica muito engenhosa para isso: dizia à mulher da qual se pretendia aproveitar que apresentava sintomas de estar endemoninhada e que a única maneira de tirar o espírito do Maligno de dentro dela era fornicar até estar redimida.
- O que na verdade essas mulheres queriam era que o cura as cobrisse.
- Assim é. Certamente tinham a doença de São Marcial.
- O que é isso? - perguntou Teresa.
- Também lhe chamam furor uterino, ou fogo do cono; diga-mos que há mulheres que não podem estar um único momento sem alguém com quem gozem. Mas houve o poema:



Juan Rodríguez perguntou a Balteira
quais eram as suas medidas, para colher madeira,
e ela disse: Para o fazer bem, deves colher
o tamanho certo.
Assim e não menor, de nenhuma maneira.
E disse: Esta é a boa maneira
e, além disso, não só a dei a vós,
e dado que sem compasso a hei-de meter,
tão longa deve toda ser
que possa entrar entre as pernas
da escada.
A Maior Mufíiz deu outra semelhante
a ela veio colhê-la com gosto
e Maria Arias precisamente o mesmo
e Alvela, a que esteve em Portugal:
alas colheram-na na montanha.
E disse: Esta é a medida de Espanha,
não a da Lombardia nem da Alemanha,
que seja tão grossa não é mau
pois delgada não vai bem para a racha.
E disto eu sei mais que Abondaña.

- Tens a certeza que D. Afonso escreveu isso? - perguntou Teresa.
- Ninguém duvida. A arte de trovar é considerada por mui­tos como a mais perfeita de quantas artes o homem inventou. Trovar é próprio de homens cultos, e sua majestade é culto. Escuta este outro poema, ainda é mais directo:

Fui pôr a mão no outro dia
no cono de uma soldadeira,
e disse-me: «Tira daí, desavergonhado,
que agora não é o momento
que me fodam, pois é o tempo
que prenderam Nosso Senhor na paixão:
sai de mim, pecador,
porque não mereci muito mal».

- Não imagino um rei recitando semelhantes versos na Corte. - Pois escuta este outro; o seu autor não é D. Afonso, mas um poeta galego seu amigo, chamado Afonso Eanes do Coton. Quando mo recitaram, garantiram-me que D. Afonso se ria à gargalhada ao ouvi-lo.

Marinha, o teu folgar
Tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha boca,
a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos te tapo as orelhas,
os olhos e as sobmncelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhôes te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?

- Não parece um amor demasiado eterno, mas sim carnal, só carnal - comentou Teresa.
- Nem todo o amor é assim, ainda que às vezes se manifeste desta maneira.
(...)
Algo me diz que deveria pôr este livro de lado, mas ele está quase acabado...
e com esta lá me vou
reunião de grupo vou ter
bem, bem lixado eu tou
se lesto não comparecer

6 comentários:

Maria Arvore disse...

Está visto que as cantigas de amor e de amigo te influenciaram a veia poética. :)

E que curioso é ver a abertura de costumes, usando dos comportamentos sociais aceites na Idade das Trevas. ;))

Maria disse...

...quem vai ser agarrado pelas orelhas és tu. Mas obrigada na mesma.

és um querido (só mesmo tu para me fazeres sorrir numa altura destas)


beijinhos

Erecteu disse...

marie-baum.
sem dúvida deu-me na veia,
quanto às trevas, é natural, média (luz) já dá abertura.

-----
maria,
(E)levas-me (a)moral.
só quiz torcer um pouquinho por ti, incondicionalmente :(
avé pai credo salvé MARIARRIBA

DF disse...

- Não imagino um rei recitando semelhantes versos na Corte!!!
E se o Poseidon ouve, não estima, e tens que dar-lhe a filha outra vez....!

tarantela disse...

pARVALHÃO! eU É QUE TO ENFIAVA NO... PA VER SE CRIAS VERGONHA.QUAL É O TEU PROBLEMA FALTAM-TE GAJAS?

Erecteu disse...

tarantela,
Peço desculpa por ter ofendido a tua sensibilidade.
Fazes dois favores? A mim remete-me para o index; a ti... vai ler o Herculano, Filinto Elísio e Sartre ou ... mas para começar talvez Camilo, Bocage, e Sade.

Não toques nas cantigas de escárnio fica pelas de maldizer.

Um abraço