domingo, 29 de outubro de 2006

O TOMATES

continuação de "Há quanto tempo"
Matos, por aqui!?
- Já não te lembras de mim! Qual mamatos nem meio matos pá, porra, chamo-me Tomás, homem, sempre me trocaste o nome! tás na mesma Erecteu humm, um pouco mais gordito e careca. (?) -estocada por lhe ter trocado o nome, de certeza.
Passado o primeiro momento da surpresa, e com esta agradável recepção, percebi, no que tinha caído.
Lá foram esclarecendo que se conheciam praticamente desde que o Mat…, o Tomás se mudara para perto dos Andrades: conhecimentos de cão, como eu chamo.
Nos passeios dos respectivos bichos, João e Tomás foram-se encontrando; seguiram-se umas bicas, conversas de ocasião sobre isto ou aquilo até, muito rapidamente, chegarem à conclusão que me tinham como amigo comum.

O Tomás! Chamávamos-lhe o “tomates”. Até de verão as bochechas vermelhas espreitavam por trás dos óculos. Como se não bastasse chegado á escola já a meio do 1º período, teve que se sujeitar às provações de um corpo estranho a penetrar em grupo do tipo fazer caixinha e a vida negra a quem podia. Á primeira piada retorquia com o gesto de mãos apertando a fruta, OS TOMATES. Por via disso e das bochechas TOMATES ficou.

Era um meio chato, porreirão, ligeiramente gago quando se enervava, com uma necessidade enorme de agradar, e sempre a levar para trás!
Ouvia uma anedota, ria alarvemente e depois sarnava o juízo à malta toda:
- já conhecem esta?- pela quincagésima vez – a malta: NÃAAO, conta; e começava – ummaaa vez uma gagaja com um ggganda par de mamas… e lá havia um sacana que metia a primeira, acelerava a fundo e desbobinava o fim da anedota. Deixava-o de sorriso à banda, eh eh!; outras vezes deixávamo-lo embalar e, a um piscar d’olho ou meneio de cabeça, à uma, abalávamos lá vindo ele atrás de nós a tentar concluir; chegávamos a dispersar, cada um para seu lado para não lhe dar hipótese. Ficava apardalado!
Dizer-vos que a malta gostava dele pode parecer vos estranho, mas que gostava mesmo, gostava. Uma ou outra vez, raramente, sentia aquelas brincadeiras excessivas e sob risco (muito, muito bem avaliado) lá tentava minorar o impacto do gozo de que era alvo. Mas enfim… tempos que já lá vão.

Bem, findo o jantar, lá fomos até Linda-a-Velha. Enquanto esperava que eles fossem buscar os cães pra voltinha da noite, fui pedindo uma italiana alta e forte, - piada gasta mas que desgasta os empregados, eheh. Chegou o João, mais a sua maria, mais o Fredy; pouco depois chega o Tomás com um cruzado de rafeiro com rafeira. Simpático perguntei - como se chama o canito?
ERECTEU, respondeu-m'o cabrãozão.

5 comentários:

o alquimista disse...

Que grande actor, que grande contador de histórias...se te apanho cá vais ter que fazer teatro comigo na minha companhia...

Erecteu disse...

Obrigado, sabes que sabe tão bem, vindo de algumas pessoas ainda sabe melhor!
Desculpa o atrevimento mas se não o fizeste, peço-te para leres o anterior "Há quanto tempo"

Não pode ser no esquadrão? E porque não uma operação conjunta, vamo-nos a eles.

Maria disse...

O cão chama-se Erecteu? Tás a gozar! Que fofo :b

um beijo da Maria

Maria Arvore disse...

Pelo lado positivo, se não estivesses presente na sua memória nunca tinha dado o teu nome ao cão. ;)) E antes isso que o nome numa esquina. ;))

Já agora, julgo que ainda não te disse como gosto da tua escrita fluída e cheia de ditos coloquiais. Até parece que não custa nada escrever. :))

Erecteu disse...

marie-baum,
Arreda r´ra lá o agoiro, qu'este teu admirador ainda qu'er gastar umas sandalitas.
E s'algum "amigo da onça" pespegasse o Erecteu nem que fosse em barco de pesca, tu afundava-lo e pospunhas um grafitti: AQUI JAZ TA ERECTEU

Tens razão é fácil, "facilíssimo", aliás como tu tão bem sabes ;(