quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Variações sobre um corpo




Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?

Fernando Pessoa


O corpo e que paga - Antonio Variacoes

4 comentários:

robina disse...

Se o prato fosse farinha-de-pau, não eras tão guloso :-)))

Maria Arvore disse...

Agora que me fazes pensar nisto, devia haver um banco alimentar para estas ocasiões. ;))

( em que livro/onde achaste esta preciosidade que eu desconhecia?)

Erecteu disse...

Robina,
Pois não, papas só esparregado de grelos ;)

Erecteu disse...

Maria,
Qual livro qual quê, isso dá muita trabalho e nã têem bonecos siqueri.
Seguem links.
Bjs