Menina esperando faz parar o tempo.
Surgiram por fim; direitos à aventura de muitas de umas férias promissoras, pulando degrau a degrau para alcançarem mais abaixo a vereda encravada entre morros e o vazio orlado por capim.
Deu-lhes o avanço necessário para não “levar uma corrida” e afoitou-se. O peito apertava-se, finalmente podia penetrar no mundo proibido, e se achava que o cenário correspondia às descrições, achava também que uma grande dose de exagero havia no que dizia respeito aos perigos narrados. Procurava reter cada pormenor, guardava a miscelânea de sensações que a assaltavam: cores, sons e cheiros; pela certa que ali não voltaria.
O caminho ao princípio largo e de acentuado declive, tornava-se mais plano e estreito.Reconheceu o começo da Tundavala, nome roubado pelos rapazes para se referirem à estreita garganta que rasgava o morro que como um rio começava estreita e, serpenteando, se ia alargando e afundando. O caminho estreitava cada vez mais e ela cada vez mais se cozia à parede do morro, pernas tremendo. De repente estacou. O caminho, cada vez mais estreito, desaparecia numa curva apertada, como que suspenso no ar. Sentou-se, sentido o coração crescer no peito, olhou para trás e reprimiu as lágrimas juntando coragem para fazer o caminho de volta.
Algum tempo passou porque sentiu o sol queimar-lhe o corpo. Tomou coragem, levantou-se, deu dois passos de volta e quando pressentiu um movimento na suas costas; voltou-se aterrorizada e… viu o Pirolito correndo na sua direcção. O rosto iluminou-se-lhe de alegria, o canito endiabrado atirava-se-lhe às pernas, ladrava aflito, fugia por onde tinha vindo e voltava ao mesmo. Percebeu que queria que o seguisse. Venceu a curva temida coladinha à parede do morro, juntou forças para ultrapassar uns degraus escavados na terra, observada pelo Pirolito como que a incentivá-la, e viu-o partir de novo correndo.
-Pirolito, gritou, anda cá já –mas ele nada.
-Pirolito!!!
Pareceu-lhe ouvir gritarem: -Ajuda-me… Pôs o ouvido à escuta: -Ajuda-me, ajuda-me… Correu caminho abaixo sem querer saber se era largo ou estreito, deparou com Alfredo, suspenso sobre a ravina,, agarrado ao capim, o Pirolito mordendo-lhe os cabelos. Correu para eles, sentou-se no chão, deu-lhe uma mão e puxou, puxou…
O tempo, sabe ela hoje, não pára.
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