terça-feira, 2 de setembro de 2008

Fado de amor, de amigo talvez

Espírito de leoa em outro corpo, lutando contra todos , é assim que a viam e a mordiam pelas costas. Não a viam lutando contra si mesma, presa a cadeias que a manietavam e diariamente rebentava, sabendo que outras nasceriam para se lhes ferrarem, mais que a carne, a alma.
Desenganem-se os que viam no seu rir ou no seu gesto desenvolto motivo de inveja; a sua língua certeira, e o olho em riste e de caras, que vos afrontavam e tanto temiam, a sua simples presença que vos fazia baixar a voz, ou até mudar de assunto não era uma ameaça porque incrivelmente desarmada andava ela.
Senhoras, aquele corpo de menina que tanto vos apoquentava, só aparentemente era frágil; saibam que os excessos correspondiam ao seu espírito. Quais excessos, muito amar? Amasse-se ela a si própria e ter-se-ia feito tão feliz como a tantos, acreditem, fez. Se quiserem falar de excessos, falem daqueles que se vos acumulam nas ancas, vos dilatam as barrigas e vos secam o ego.
Compreendo a vossa inveja mas não vos perdoo tanto mal querer, compreendo o mal dizer, afinal elogio vindo de quem vem, mas não vos perdoo a mentira e as suezes alusões. Na verdade até me merecem pena porque ela é a imagem que o vosso espelho não vos devolve. Não é?

Soubessem a dor que a assolava, quando via faltar a outros o que não lhe sobejava... como se ressentia do sofrimento de cão ou gato... como desejou ganhar asas e como se ateve, quase conformada, a um destino...

O mundo tão grande e a sua mão tão pequenina!
Fui dizer mal de ti a toda a gente,
Jurei, teimei, a todos convenci
Que eras um impostor que nada sente
E ainda hoje disse mal de ti!

Afirmei que me bates, que me oprimes,
Que és covarde, que és cínico e promíscuo!
Serias bem capaz dos maiores crimes,
Se te pagassem bem! Disse tudo isto!

Todos me acreditaram cegamente!
Nalguns olhos vi lágrimas luzindo!
Chorei, gritei, gemi cinicamente,
Mas cá dentro minha alma ia sorrindo!

Na boca das mulheres vi o lume
Do ódio, do rancor que eu acendi!
Menti a toda a gente por ciúme!
Só eu quero gostar, gostar de ti!

2 comentários:

Maria Arvore disse...

Ai Erecteu,
agora tocaste-me tão fundo.:) Como é que conseguiste escrever isto em apenas 15 linhas?... :))

E a inveja dos inseguros é castigo para eles próprios que em nenhum momento saboreiam a vida corroídos por lhes faltar sempre alguma coisa, a começar pela auto-estima.

Toma um enorme beijo :)

Erecteu disse...

Simples, Maria, 15 dias e 15 horas bastaram para fazer um retrato apenas.

Quanto ao ir-te ao fundo;) é porque o tens :) No fundo, no fundo, será uma vingança, talvez, que se deve às emoções com que frequentemente nos arrasas.

Bjs.