quarta-feira, 14 de março de 2007

Erecteu à Brás

Bolachinha, mais uma vez desafiado, qualquer dia pareço um bacalhau.

Mas queres mesmo saber como é um dia na minha vida? Mas queres mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, saber? Ok, aqui vai...
Dos sete não há um igual ao outro, por isso vou escolher o sábado que é o que mais gosto, embora não sendo também todos iguais: não é véspera de dia de trabalho, é o princípio de fim-de-semana e o Erecteu gosta mais de começar do que acabar.

6h30: Acordo com a doce sensação de que há um longo e saboroso fim-de-semana. Poderei não fazer o que quiser!
6h33: uma mijinha e volto para a cama para fumar. Ligo a TV ponho os auscultadores e vejo notícias.
7h00: Ligo o compudador, vou fazer o pequeno-almoço, e como kuskando e comendo, simplesmente Bolachinha
7h15: Vou fazer um café expresso, assalta-me uma ideia e volto para escrever meia dúzia de frases no doc1, o café arrefece.
7h35: Vou fazer outro e já não me deixo enganar. Volto para o computador mas já não largo a chávena. Escrevo umas frases com a mão esquerda enquanto beberrico.
8h35: Já passou mais de uma hora! Vou largar a chávena e sigo directo para a casa de banho, para fazer o que melhor sei.
8h39: Feita a cagada, lavo cu e as mãos à maneira árabe, os dentes à maneira e enfio a roupa do dia anterior.
Qual banho ou barba! Porque hoje é sábado…
8h45: Volto ao computador, vejo se há comments, que sei não poder haver, vou ao mail , sou assaltado por um ataque de ansiedade, largo tudo e piro-me.
9h10: Entro no mercado e passeio pelas bancas cumprimentando quem me olha. Compro carne, pão, feijão verde, pimentos e acabo na banca da D. Ana que me aconselha o peixe que de melhor tem para grelhar, atendendo ao custo qualidade. Da sarda ao robalo vale tudo, ela é que sabe.
Aproveito para comprar o Expresso que eu já sei que não lerei um quarto sequer.
10h10: Volto para casa, deixo o avio na cozinha.
Chega o Custodio. Arranco para a reforma agrária. É dia de poda no pomar, sim que tenho um pomar constituído por uma laranjeira e um limoeiro. O Custódio poda e eu acarreto os ramos para o lixo. Aproveito os limões que distribuo DIScriminadamente pelos vizinhos.
11h30: Bebemos uma cerveja que o sol aperta.
12h00: A poda tá feita. Decido que a relva também vai de co, digo, vai de cana, agarro na máquina e atiro-me aos 24 m2 de relvado que nem um rambo atacando hoste comunista.
12:25: Vencedor e convencido da minha superioridade moral, chamo o puto para pôr a relva no lixo.
O puto resiste e eu cedo.
-Tá bem, vai acender o lume que eu vou ao lixo.
Ele cede.
-Tá beeeeem, eu vou, acendes tu o lume.
12h45: Lume aceso, pimentos a assar, panelas ao lume com água a aquecer,
13h00: Vou tomar um banho e acabo por fazer a barba.
13h15: Sinto-me seis horas mais novo.
Enfio batatas e feijão verde nas panelas. Sim em panelas diferentes que, se eu gosto de misturas, não é na cozinha.
Duas generosas douradas escaladas, untadinhas com uma marinada de alhos coentros, sal e azeite estão prontas para o sacrifício do fogo e redimirem os pecados do mundo em lume brando.
13:35: Escorridas as panelas, pelados os pimentos, as douradas acabam em lume forte.
13:45: Aberta uma garrafa de vinho tinto da Comporta e uma garrafa de trina laranja, começamos a comer.
14h30: Dou mais uma vez uso à DeLonghi, reforço a dose, encho um balão com CRF, acendo um purito e esparramo-me no sofá.
15:00: Hora de desporto. Ligo o canal 2, e puxo o saco cama.
16:00: Acordo. Já chega de desporto, vou aos blogs e concluo que deve andar toda a gente na galderice, não há comentários que se vejam.
Escrevo indisciplinadamente, kusko, vou ao google, ao goear.
18h00: Já! Hesito. Vou ou não vou dar uma volta?
Chateio o puto que resiste e não quer.
Não vou.
18h30: Pego no Expresso, leio um pouco. Dou pelo findar do melhor dia da semana.
18h55: Vou aviar a minha receita: Duas latinhas. Uma, FUMAR MATA a outra, Fumar preju…
É pra isto que um homem anda a pagar impostos?
Vou até ao rio e fico a ver o subir da noite.
Telefono para casa a desafiar o puto para ir jantar fora que resiste mas desiste.
20h00: Vamos jantar. Conversamos um pouco, picamo-nos um ao outro que é a nossa forma de dizermos que nos amamos.
21h05: Voltamos a casa.
-Vou sair com os amigos.
-Precisas de dinheiro?
-Ainda tenho.
-Não voltes tarde.
-Meia noite, se me atrasar telefono, já sei.
Ponho-me no meu bLUGAR
23h55: -Olá, chega o puto, tenho o último beijinho do dia, -Vou-me deitar.
Não fiques até tarde.
Que descaramento! Onde já se viu, isto?
… continuo blogando
2h00: JÁ!?
Vou-me deitar.
Porque hoje é sábado, comprei um violão para minha filha Susana, a fim de que ela aprenda dó maior e cante um dia, ao pé do leito de morte de seu pai, a valsa "Lágrimas de dor", de Pixinguinha – e seu pai possa assim cerrar para sempre os olhos entre prantos e galgar a eternidade ajudado pela mão negra e fraterna do grande valsista...Porque hoje é Sábado, desejarei ser de novo jovem e tremer, como outrora, à idéia de encontrar a mulher casada, de pés de açucena; desejarei ser jovem e olhar, como outrora, meus bícepes fortes diante do espelho...Porque hoje é Sábado, desejarei estar num trem indo de Oxford para Londres, e à passagem da estação de Reading lembrar-me de Oscar Wilde, a escrever na prisão que o homem mata tudo o que ele ama...Porque hoje é Sábado, desejarei estar de novo num botequim do Leblon, com meu amigo Rubem Braga, ambos negros de sol e com os cabelos, ai, sem brancores; desejarei ser de novo moreno de sol e de amores, eu e meu amigo Rubem Braga, pelas calçadas luminosas da praia atlântica, a pele salgada de mar e de saliva de mulher, ai...Porque hoje é Sábado, desejarei receber uma carta súbita, contendo sobre uma folha de papel de linho azul a marca em batom de uns grossos lábios femininos, e ver carimbado no timbre o nome Florença...Porque hoje é Sábado, desejarei que a lua nasça em castidade, e que eu a olhe no céu por longos momentos, e que ela me olhe também com seus grandes olhos brancos cheios de segredo…Porque hoje é Sábado, desejarei escrever novamente o poema sobre o dia de hoje, sentindo a antiga perplexidade diante da palavra escrita em poesia e como dantes, levantar-me com medo da coisa escrita e ir olhar-me ao espelho para ver se eu era eu mesmo...Porque hoje é Sábado, desejarei ouvir cantar minha mãe em velhas canções perdidas, quando a tarde deixava um alto silêncio na casa vazia de tudo que não fosse sua voz infantil...Porque hoje é Sábado, desejarei ser fiel, ser para sempre fiel; ser com o corpo, com o espírito, com o coração fiel à amiga, àquela que me traz no seu regaço desde as origens do tempo e que, com mãos de pluma, limpa de preocupações e angústia a minha fronte imensa e tormentosa...

9 comentários:

Maria disse...

Ai, Erecteu... no próximo sábado apareço por aí... compra sardas, adoro esse peixe. O teu puto parece ser tão cutchu. Fiquei com vontade de o conhecer. E fiquei com vontade de produzir um...

beijinhos da tua bolachinha

[obrigada]

psique disse...

que belo sabado...
beijinhos

Toix disse...

Venho aqui deixar uma rapidinha porque o tempo ruge...
Eu por acaso conheço alguns sábados teus, houve um até em que os caranguejos que tinham ficado dentro da panela no lava-louça à espera de serem sopa para o almoço, enquanto fomos ao café desembestaram pela casa toda, alguns até hoje. Um abração e parabéns pelo dia de amanhã. Sim pessoal, que este choriço faz anos amanhã!

robina disse...

Aquela coisa da higiene é que era escusada :-))))

Ai temos velinhas, amanhã?...

Nanny disse...

Grande lata! Um dia de Sábado... e eu a esfalfar-me o dia todo... fazia um Sábado e eram duas linhas:
Fazer
Népia

Prepara a sarda que eu vou com a Maria e levo as minhas...

(amanhã volto!)

:-))

Erecteu disse...

Bolachinha,
Bute que eu dou a sardas sarda.
A gente convers e o puto trabalha.
Era bom não era?

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Psique,
Os sabados para serem bons tinham que ser maiores.
Chego ao fim do dia com a sensação de que não brinquei nadinha.

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Toix,
Desbocadão.
O tempo ruge e a caravana passa.
Trabalhar depressa para quê? O trabalho não acaba!

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Robina,
Francamente! Querias que andasse para aí de cu improprio?
Alem disso, o metodo recomenda-se para quem sofre de varizae no olho do cu, as ditas hemorroidas.

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Nanny,
Ganda lata?
Buli todo o dia, sua assanhada.
Então funtamos as tuas às minhas?
Mas olha que depois vais daqui sem elas.

Joana disse...

Erecteu,

O meu dia favorito também é o Sábado, mas os seus (sábados) parecem-me deliciosos! Idílicos! Parabéns!

Jinhos.

rui disse...

Olá Compadre Erecteu

Porra, não é dos melhores, mas é um dia bem passado!!!
Gostei daquela parte em que abres uma garrafa de tinto. :)))

Ainda à dias em conversa eu dizia que o meu melhor psiquiatra era um bom tinto alentejano...heheheheh

Grande abraço compadre

Anónimo disse...

o pormenor da 13h15 nunca tinha ouvido lolol

um abraço