sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Comadres e compadres

estou com a

Houve tempos e lugares em que pessoas eram donas de pessoas.
Noutros tempos, pessoas eram donas das terras e de tudo o mais que lá estivesse; às pessoas que lá estavam, chamava-se servos da gleba. Sobre os servos da gleba tinham os senhores poderes e direitos, hoje, difíceis de conceber.
Por três vinténs tinham a primazia de aceder às donzelas dos seus domínios, diz-se, porque desses tempos já cá ninguém mora que o possa assegurar. Tempos que já lá vão.

Desses tempos há contudo reflexo – o latifúndio. Esta situação gerou uma cultura peculiar. O senhor não larga mão dos seus direitos, mas tem de ceder por forma a que o assalariado não faça a trouxa e parta para o Barreiro.

Na grande propriedade o trabalhador recebe, por vezes, autorização de construir a sua própria casa, quando lá trabalha. Acontece, porem, que a casa é uma benfeitoria em terreno alheio, sujeita a tributação mas de inviável registo de propriedade. Quanto à subsistência, sujeito à contratação, recorre ao rabisco e ao rabiscão para fazer face às suas necessidades, entenderam? – Então eu explico, tomando por exemplo a azeitona.
O rabisco consiste na apanha da azeitona que cai fora das lonas de recolha, quando a oliveira é varejada. São grupos de familiares que seguem os trabalhadores: idosos, crianças e outros desocupados.
O rabiscão, é um direito consensualmente adquirido pelos assalariados de voltarem a varejar as oliveiras, passado um tempo, a fim de recolherem a azeitona verde que teimara em ficar agarrada à arvore.


É preciso muita arte para varejar com a força suficiente para que a azeitona caia fora da lona, e para que muita lá fique sem cair, esperando pelo rabiscão

Vivo no segundo maior concelho da Europa, com uma área muito próxima dos 1500 Km2, tem 10 habitantes por Km2, diz a estatística.
Acontece que metade vive na cidade-sede, a outra metade distribui-se assimetricamente por três sedes de fregesia e mais meia dúzia de lugarejos.
Há propriedades privadas com área superior a alguns concelhos da grande Lisboa.

5 comentários:

rui disse...

Olá Erecteu,

Desculpa lá se te incomodei na tua siesta. Já estava prolongada!
Estes direitos feudais, eram autênticos atentados aos direitos humanos!
A arte e engenho das pessoas a varejar as oliveiras é espectacular!
Tinham que fazer pela vida :))

Já deu para saciar parte da minha fome de conheccimento pelo Alentejo.

Um Bom fim-de-semana
Um grande abraço amigo

Nanny disse...

Esta telha não é dos meus telhaditos, não???

E o que te pôs com a telha?

Esse teu Alentejo lindíssimo, que eu adoro como se lá tivesse nascido!

Tenho de voltar lá, já para a semana que vem, só numa pontinha mas sabe-me tão bem....

Maria Arvore disse...

Se calhar as coisas não mudaram assim tanto - digo eu que sou má-língua ;) - e apenas os sinais exteriores de riqueza não são declarados para IRS e se mostram a olho nú.

Nanny disse...

(passando pelo telhado)

Bom dia! Amanhã estou cá outra vez (mas só no Alentejo, no blog não!)

Bêjos doces da gata

della-porther disse...

ere

oi
vim ve-lo, agradecer-lhe as visitas e corrigir a minha falha de ainda não te-lo levado pro Cidade. perdão.
vais comigo agora.
beijos carinhosos

della