segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Estranho fenómeno, este, o do referendo.

Ao contrário de 1998 este referendo, nesta altura, aponta para que seja vinculativo, por se configurar a possibilidade de uma participação superior a 50% de votantes:

O referendo está marcado para uma data que não coincide com férias;
Os abstencionistas terão sentido que deixaram uma questão importante por resolver;
A diferença foi escassa.
O SIM perde terreno face a um NÃO, quando este último se mobiliza, não é de admirar, é natural, contudo as sondagens, ainda, lhe são favoráveis.
Isto deveria ser motivo de satisfação para quem defende a despenalização do aborto mas, só o é em parte, porque a efectiva despenalização do aborto não é uma questão jurídica como se está a querer fazer crer.
A despenalização é dar condições à mulher para que, se o necessitar, o pratique em condições de total segurança clínica e psicológica, passe a redundância.
O SIM conta agora com o compromisso activo do PS -partido do governo-, de um número significativo de militantes do PSD –partido alternante- e dos restantes partidos com representação parlamentar, à excepção do CDS; naturalmente.

Como é que se sentirão motivados a participar os eleitores que, partidários do SIM, se vêem completamente abandonados, sem uma estrutura hospitalar e apoio médico ao nível dos cuidados primários de saúde?
O inferno dos hospitais, sente-se na pele, quando dele se necessita e se vê que não existe, Sta Maria, Prelada, S. José...
E quando afastados dos grandes centros, só os ecos noticiosos chegam para noticiar a morte de um e mais outro e outro, por falta de condições de apoio, logo esquecidas,

o inferno não existe?

2 comentários:

Maria Arvore disse...

Lá estás tu a pôr o dedo na ferida. ;)

Julgo que nas áreas metropolitanas será possível o governo assegurar "serviços mínimos" na parte obstétrica dos hospitais existentes. No resto... julgo que podem aparecer clínicas privadas, à semelhança de nuestros hermanos...

Maria disse...

Uma vez vi uma coisa numa série que me arrepiou os pêlos da nuca. Um homem entrava num elevador com a intenção de descer ao inferno. Aquilo desceu, desceu, desceu, desceu... Quando finalmente a porta do elevador se abriu, ele continuava aqui. Aqui no nosso mundinho. O inferno -É- aqui. A Igreja bem que nos quer enganar mas eu não caio nessa.