UM NOVO ANO MUITO FELIZ
mas voltarei
Obrigado a todos.
O prometido é devido, aqui tou felizmente inteiro.
Espero que tenham passado de um ano para o outro com alegria; que este vos traga saúde e felicidade é o que vos desejo.
UM NOVO ANO MUITO FELIZ
mas voltarei
Obrigado a todos.
O prometido é devido, aqui tou felizmente inteiro.
Espero que tenham passado de um ano para o outro com alegria; que este vos traga saúde e felicidade é o que vos desejo.
escrupulosamente todas as regras; Margarida observava de soslaio enquanto compunha a boneca que repousava nas pernas; Nereu afoito lançou uma tampa com mais força, Margarida seguiu com o olhar o deslizar do pequeno pedaço de lata até este se deter a escassos palmos dos seus pés; hesitou, olhou Nereu, pegou nela e dirigindo-se a ele de mão estendida disse: -Toma.
amizade, como aquelas que só distancia e muito tempo fazem esquecer.
Valha-me Deus, para que queres tu as luvas?
Para ali ficaram beberricando em conversa perdida às tantas interrompida pelos sons da sanfona. –Lá tá ele, convencido que sa… -Deix’ó, interrompeu Alberto, deix’ó tomar o gosto. Os sons continuaram desordenados percorrendo a escala, ora subindo ora descendo, os tons cumpriam sem regra, caprichosas intensidades; -Faz-se hora, disse Alfredo ao levantar-se, -Vá com Deus. Desceu a escada e deu com ela de costas, imóvel. –Boa tarde, Sra. D. Gertrudes. –É o rapazito que toca?-Quer dizer…, é sim, minha senhora. –Ao lanche mande-o ter comigo, respondeu-lhe, virando-se de novo para mirar, ao fundo, o que se adivinhava do ribeiro.
Sim minha senhora, gosto de música, mas não sei tocar nada. Gertrudes levou-o até junto do piano. Gostavas de aprender? Elevando os olhos para ela, respondeu com a voz embargada: Gostava muito, minha senhora.
mas em minha opinião,
...pés bailando dentro das galochas emprestadas, ia Nereu pisando as parras secas que teimavam em cair, molhadas porque a chuva teimava também. A parreira estendia-se em comprida latada armada em pilares de granito escassilhado, interrompida quase a meio por um confortável alargamento; de um lado o tanque recebia água da mina, ao meio uma enorme laje de pedra equilibrava-se num afloramento rochoso, mesa seria se esse uso lhe dessem, com ela embirrava Alfredo que achava só servir para estorvar; à direita outra latada desce suavemente para sul dividindo o pomar em dois e prolongando-se
até à eira; para lá uma leira, língua de terra negra duns cem por uns trezentos passos bem medidos terminava num silvado a despontar no meio dos velhos salgueiros; é a estrema da quinta onde o ribeiro arrasta as ramadas na forte corrente. Diacho, com isto perdi-os que seguiram em frente direitos ao muro de pedra onde o casão das alfaias convive entre alpendres, palheiro e cercados; aí ficam os animais. Alfredo abre primeiro a cancela das cabritas que os olham lá do fundo do telheiro, indiferentes nas barrigas a encher, Nereu encarrega-se de as enxotar correndo para elas que de um salto partem cada uma para seu lado procurando a saída. Aí vão elas e Nereu, em perseguição até ao –Deix’ás bichas, vamos; foram até ao casão onde Alfredo se ocupou por um pouco a arrumar caixas de fruta,
ferramentas e outros pequenos objectos, Nereu entretinha-se encavalitado no pequeno tractor, manobrando volante e mudanças numa ruidosa e misteriosa viagem recheada de perdigotos. Alfredo mirou as tesouras da poda, avaliou o tempo, abanando a cabeça acabou por decidir que hora de tratar do estômago era chegada.
No pátio agora prepara Alfredo os atavios, para este não há feriado; enquanto nisto anda dá por Nereu que o observa do alto. –Onde vai? Alfredo moita. –Onde vai? Maria de pronto o repreendeu. Alfredo retardando o que fazia ia lançando olhares de esguelha a Nereu, até que decidiu não prolongar mais o seu sofrimento, –Se a tua avó deixasse, se me quiseres ajudar… o alvoroço instalou-se, a súplica naquela carita arrepanhada, o sim desejado, o tropel escadas a baixo, o inevitável: –Vai devagar, catano.A reunião até tinha corrido bem. Bem entrados pela noite, desfeitos os equívocos, o Sr. Almirante desmanchou a pose tornando-se numa pessoa surpreendentemente afável, comunicativa e alegre.
Arrastando-me até á cervejaria Alemã, não lhe pude fugir e lá tive de o acompanhar em informal cerimónia. Do bife mal passado, às cervejas passando pelo semi-frio até ao
café e a aguardente reserva, sustentados num puro, foram duas e meia longas horas de conversa agradável, com intermitências de prolongadas dissertações, que desculpo. À despedida convite para jantar numa breve oportunidade e lá fomos cada um para seu lado, aos respectivos carros. Tivesse ele melhor sorte que a minha. Jante bloqueada, uma e vinte e cinco da madrugada, sexta-feira que nem era treze! A salvação do destino, ali há mão descendo ao Cais de Sodré; passando pelo Irish Pub, um grupo alegre cavaqueava, e de dentro saíam em surdina folk sonds. Salvação não tivesse eu visto as luzes do último comboio a afastarem-se nesta noite, trigésima de Novembro, de dois mil e seis.
Noite fria resolvi entrar. Para ali fiquei até me perguntarem o que queria –Uma Guiness, por favor, entre praguejares pra dentro e o ouvir a música. Grupos alegres de habituais, poucos de ocasionais; uma quase gaiata, divertida, não dava descanso às amigas roubando-lhes as bebidas ou passando as mãos molhadas pela cara de uma, pelas coxas oferecidas pela mini, de outr
a. Os nossos olhos cruzaram-se e a pequena, para meu triunfo, sentindo-se observada, convenientemente os desviou para voltar desafiadora; ficámos num jogo de sisudo, desvirtuado por sorrisos irónicos. As canecas foram saindo, mais do lado delas que do meu até me convidarem a sentar. Quem és, o que fazes, correu a mesa. Universitária uma, ex as outras, todas em abertura de fim-de-semana que prometia; Já solidárias com a minha desgraça, implacáveis com os filhos da puta dos xuis, porque não havia o direito, cabrões. Sem ser tido ou achado sentenciaram levar-me a casa, destruindo impiedosamente desculpa ou argumento apresentados; nem mais nem menos, passavam primeiro pelo meu carro para sacar uma pasta e assim foi, mas; Carro… uma porra, já lá não estava! Três da manhã, hôi! No problem, sabiam para onde o tinham, de certeza absoluta, rebocado e que até lá me levavam. Forçado e reforçado por aquelas frescuras, lá fomos. A desalmada comigo no banco detrás, não parava quieta moendo as amigas e ainda mais a mim nos quentes e fortuitos contactos de pernas; gaita, nunca vi gaja tão sepidada e com tal diabo no corpo que já do meu se apossava. Tivesse ela mais uns anitos e, e… Bem, adiante: após o desembaraço da viatura, os agradecimentos e a proposta de troca de números de telemóveis para um posterior contacto, o borracho colado a meu lado. –Vou contigo. –Comigo onde? –Já vês, melodiosa e concisa. Foram-se as outras duas, envoltas em gargalhadas, acenando divertidas. Ficámos nós. Aparvalhado dei por ela a entrar no carro, puxar o banco todo para trás, traçar a perna fazendo subir ligeiramente a saia, enquanto acendia um cigarro e lançava um olhar transviado. Fechou a porta, ergueu o queixo, olhou em frente.
Arranquei atarantado, e sem jeito fiquei ao sentir o suave pousar da sua mão no meu braço. -Queres... -Ir a tua casa, interrogou ou sentenciou, não sei. Devemos ter subido a escada, mas só dei por mim já lá dentro, abraçado com o seu rosto refugiado no meu peito, cabelos enredando-se na barba que já despontava; a morna respiração no peito foi descendo pelo corpo e incendiando a cabeça. Abracei-a suavemente, por um momento ali ficámos até que a sua mão da minha se ia suavemente libertando partindo á descoberta da casa de banho. Fui para a sala, sentei-me, levantei-me quando ouvi a água correr, acendi um cigarro fazendo de cabeça contas à idade que a gaiata poderia ter; assustei-me ao pressenti-la a meu lado puxando-me para o quarto com a cama por fazer.
(Foto © João Freitas ) 
Foram tantos os abraços os beijos as carícias, tantas as mordidelas os arranhões o repuxar de cabelos as lambidelas, tantos os apertões as festas e mais beijos e mais, mais, e mais...
louco dei por apartar-se, deslizar para fora da cama, desaparecer em silêncio.
Adelaide