quarta-feira, 4 de julho de 2007

Vocês sabem lá

As andorinhas. Bom o festival é contínuo, a cidade divide-se entre os que as amam e as que odeiam. Os que as odeiam têm dificuldade em admiti-lo, pois não é lá muito fácil defender essa hostilidade, mas eu percebo. Percebo que é uma chatisse ver os beirados ocupados, sem prévio licenciamento, por montes de casinhas de barro, num quadro de vazio legal dado que o PDM nada prevê, acresce que as marotas, indiferentes a quem passa, cagam d’alto, ou segundo outros, preferencialmente em quem traje de escuro, use madeixas ou seja careca.
A Câmara é a primeira a prevenir-se: instala franjas de fitas junto aos beirados e às resistentes envia brigadas de intervenção rápida, especialista em demolições, munidas de escadotes e longas varas; em meia hora pimba, ou pimba em meia hora, como preferirem, aqui “JAZ TÁ”, vão nidificar para o domínio privado. Quem saia à rua depois das oito não dá por nada, os mais madrugadores têm mais com que se entretrer.
*Referência em baixo

Ninho feito e ovos postos, criadas as ninhadas, andam por aí feitas tontas ao pôr-do-sol em voos desarrumados dando neles, mosquitos, melgas e afins. É uma meia hora diária de festival.
A alegria que é vê-las partir! Assim com se veem, vão-se, de repente.
Ainda não percebi bem como é. Há uma que deve piscar o olho e zut abalam, à uma. Pode ser que não, que seja resultado de uma combina pois a viagem é longa e algum atavio deve ser necessário. Este ano vou estar atento, se descobrir depois eu conto, o que é certo é que me perdi, o que eu queria era falar das pombinhas.

As pombinhas vêem-se quando as andorinhas se vão, ou melhor, vinham-se…
A reforma determina que este ano não se venham. Agora vir-se-ão só de três em três anos.
As jovens pombinhas chegavam cada uma do seu canto, para se instalarem lá no alto das casas, nos quentes sótãos alugados por um ano, quentes de verão frios de Inverno, não lhes tocam o coração. As locadoras, senhoras de apurado instinto maternal, invariavelmente lá deixam uma arca ou estendal que com elas partilham, dizem desinteressadamente, com a vantagem de assim saberem de algo que lhes falte ou moralmente lhes sobre, tenho duvidas na ordem.
Aos poucos vão saindo, primeiro dos sótãos e depois das cascas para serem apreciadas pelos olhares voluptuosos dos maridos de virtuosas senhoras, intransigentes defensoras de missionárias posições, insuspeitas donas e senhoras de invioláveis pontos x, y, z e G.
de Graça Martins

Saídas as cobiçadas pombinhas, aos poucos se vão agregando, bando aqui, bando acolá. É um prazer vê-las revelarem-se quando começam a desabrochar: os olhares furtivos, os risos de cumplicidade e os comentários que trocam… ah! Os comentários! o que eu não daria para ser pombinha por um minuto para um ou outro partilhar. Não sou, paciência, resta-me o prazer de os inventar ao sabor da minha pérfida imaginação.
Recordo com particular ternura um bando que aqui há uns tempos se formou. Bando exemplarmente coeso, agiam em bloco, para onde uma iam as outras seguiam, sem temores cirandando por onde lhes apetecia, não se viam a sós senão por fugazes momentos e em transito , acabaram por ser designadas por MONOBLOCO. Ah monobloco! A saudade que tenho de vocês. Por onde andam?


Bom, pombinhas só daqui a dois ano, maldita Maria de Lourdes, à falta delas vou cuidando das penas apenas e treinando, ora para um lado ora para outro, as voltinhas e os arrulhos. Os arrulhos são muito importantes pás pombinhas, garanto.

d'aqui

São assim os pássaros e as passarinhas.

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"O fotógrafo é médico pediatra em Videira-SC.Afirma ter duas paixões: a fotografia e motocicletas. Começou com uma velha Pentax K1000 no tempo da Faculdade, de modo "totalmente amador" (segundo suas palavras). Cita a frase de José Medeiros "fotografamos o que vemos e o que vemos depende do que somos", e considera suas fotos obras "entre o real e o virtual". Para conhecer mais trabalhos de Maurilio visite o site: http://www.photoblink.com/ppages.asp?authorID=1755"

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