sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ai a crise...


Horácio, por necessidade de conquista de novos mercados, volta e meia caía fora. Na fábrica, Angelina pulava do escritório para controlar as linhas de produção, embalagem e despachava competentemente toda a mercadoria. Em época de crise a pequena empresa valia-se desta simbiose familiar, se preciso,cada um à sua.
-Voltas hoje, querido.
-Oh filha, bem me apetecia, mas deram-me um contacto em Braga que não posso perder. Conta comigo só depois de amanhã, talvez...
-Fazes bem meu amor.

Noite dentro Horácio, no meio de fumarada, risinhos e umas quantas bebidas, desunhava-se para apalavrar uma encomenda de fechaduras e outros acessórios para portas mas o galego prestava mais atenção a convenções linguísticas luso-brasileiras. Angelina por outro lado, negava a máxima -patrão fora noite santa na loja. Decretara horas extraordinárias para conferência de stocks. Em tempo de crise, umas horas extra a juntar ao meio subsídio de natal não deixaram Juvenal fazer-se rogado.

-A estas horas?
-Pois, o serão deu pó tarde.
-Olha para a minha testa, vez algum “H”?
-“H”?
-Sim “H” de OTÁRIA.
-Vamos é dormir, e deitou-se.
Ela, de supetão, puxou os lençóis para o seu lado e de um pulo virou-lhe o cu, deixando-o destapado de corpo e alma.