sábado, 11 de dezembro de 2010

Ai a crise II

Manhã cedo Juvenal acordou com o bater de panelas, cambaleante dirigiu-se à cozinha dando de caras com umas olheiras acusadoras.

-Bom dia...

-Tu nem me fales...

-Oh Marta...

-Deixa-me, sacana de mulherengo.

-Oh filha, estive a trabalhar, sempre te fui fiel.

-Tretas, é o que é. Fiel? Só se for da parte do teu pai... FIEL!!!

-Lá porque lhe puseram essa alcunha não me xingues, tá?

-Ah é? Chegas tarde e nem avisas?

-Mas como? Não sabes que temos o telefone cortado por falta de pagamento?

-Olha a lata. Só para me gozares é que me vens com essa do fiel.

Lá para o lado do Mercado do Rato era conhecido por Fiel, dizem uns que pelos olhos seguirem o movimento do dito até este parar sempre inclinado a favor do prato do cliente. -Aqui estão bem aviadinhos... era a fase que precedia a transferência de mercadoria. Outros diziam que Juvenal I, para o distinguir de Juvenal, não queria saber do fiel para nada e que o movimento dos olhos, à laia de limpa pára-brisas, se devia ao controle das duas colegas: Marina, concorrente directa na área dos frescos, campeã de coxas e rabo roliço e mais adiante, Rosinha, afamada pelo seus pregões mas muito mais conhecida por um par de seios invejáveis que fariam, pelo menos, duas mulheres felizes...

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