A banda - Chico Buarque de Hollanda
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Oh Vó,
Há uns quarenta anos atrás não eram poucos os que bufavam de impaciência pela longevidade de um regime caracterizado pelo autoritarismo autista, gloriosamente só na sua extensão do Minho a Timor. Nessa época ainda era possível recrutar jovens que pensavam, cumprindo o serviço militar obrigatório, ser um dever cívico. Poucos meses de tropa eram suficientes para, alguns, descobrirem o que significa a propaganda do regime.
Bastaram mais cinco anos para que oficiais capitães do quadro e oficiais milicianos levassem a cabo uma insurreição que revelou a debilidade de um velho Estado Novo, depois…
Depois, os ditos capitães, pode-se dizer passados todos estes anos, viram a banda passar: começaram por entregar o poder a oficiais generais preservando assim a sua imagem de desapego ao poder numa acção que visava o estabelecimento de um regime democrático.
Da base desta pirâmide trinta e cinco anos de história contemplo, incredulamente, um PREC – Processo de Regime em Curso.
Em curso de colisão com os princípios que o fundaram.
De partido único passámos a um regime completamente (re)partido!
Um bloco central constitui, a nível nacional, a área de poder que alternadamente em alianças, em maiorias relativas ou absolutas, mais do que servir o país governa em sistema de reles self-service; a democracia participada cedo se finou por interesse dos dirigentes partidários.
O poder legislativo é submisso à “hermetta” lei da subserviência partidária onde é excepção, quixotescamente rara, a figura do poeta Alegre, reserva moral da tal luta antifascista ,mas que não escapa ao dixote de que para aí paira, que qual rei em pêlo, vai negociando o futuro, o ceptro e a coroa.
A Assembleia da República é uma ostra de dura carapaça onde trata a representatividade popular como corpo estranho! Como boa ostra que é vai envolvendo a representatividade em sucessivas camadas de néctar produzindo orgulhosa esta bela pérola demasiadamente perfeita de tão esférica que, perdoem-me, tem ovalor das de cultura.
Está a terminar um mandato absolutistamente maioritário do PS, liderado pelo iluminado José Sócrates. Digo iluminado porque o nosso estimado e querido líder, ao arrepio do seu programa eleitoral, descobriu afinal, que o país precisava de medidas contrárias ao seu próprio programa. BATOTA, gritei eu e ninguém me ouviu.
Bastaram mais cinco anos para que oficiais capitães do quadro e oficiais milicianos levassem a cabo uma insurreição que revelou a debilidade de um velho Estado Novo, depois…
Depois, os ditos capitães, pode-se dizer passados todos estes anos, viram a banda passar: começaram por entregar o poder a oficiais generais preservando assim a sua imagem de desapego ao poder numa acção que visava o estabelecimento de um regime democrático.
Da base desta pirâmide trinta e cinco anos de história contemplo, incredulamente, um PREC – Processo de Regime em Curso.
Em curso de colisão com os princípios que o fundaram.
De partido único passámos a um regime completamente (re)partido!
Um bloco central constitui, a nível nacional, a área de poder que alternadamente em alianças, em maiorias relativas ou absolutas, mais do que servir o país governa em sistema de reles self-service; a democracia participada cedo se finou por interesse dos dirigentes partidários.
O poder legislativo é submisso à “hermetta” lei da subserviência partidária onde é excepção, quixotescamente rara, a figura do poeta Alegre, reserva moral da tal luta antifascista ,mas que não escapa ao dixote de que para aí paira, que qual rei em pêlo, vai negociando o futuro, o ceptro e a coroa.
A Assembleia da República é uma ostra de dura carapaça onde trata a representatividade popular como corpo estranho! Como boa ostra que é vai envolvendo a representatividade em sucessivas camadas de néctar produzindo orgulhosa esta bela pérola demasiadamente perfeita de tão esférica que, perdoem-me, tem ovalor das de cultura.
Está a terminar um mandato absolutistamente maioritário do PS, liderado pelo iluminado José Sócrates. Digo iluminado porque o nosso estimado e querido líder, ao arrepio do seu programa eleitoral, descobriu afinal, que o país precisava de medidas contrárias ao seu próprio programa. BATOTA, gritei eu e ninguém me ouviu.
Tivéssemos nós um Presidente de tomates no sítio e veríamos as eleições repetidas mas… isso era pedir muito, né? Concordo que era mas era assim que deveria ter sido feito para que tivesse valido a pena ter existido um dia o ideal de Abril.
Segue-se um novo ciclo de governação de resultado incerto. Manela ou Zé? PS ou PSD?
Não importa porque mais intervenção do Estado em obras de grande ou pequeno vulto a crise temo que possa estar, afinal, no fim do princípio e não mo princípio do fim.
Daqui a cinco anos teremos quarenta anos deste regime feitos. Tanto ano para tão pouca democracia é obra!
Segue-se um novo ciclo de governação de resultado incerto. Manela ou Zé? PS ou PSD?
Não importa porque mais intervenção do Estado em obras de grande ou pequeno vulto a crise temo que possa estar, afinal, no fim do princípio e não mo princípio do fim.
Daqui a cinco anos teremos quarenta anos deste regime feitos. Tanto ano para tão pouca democracia é obra!
E se fossem obrar para outro lado?
PS: E a nível local, com'é?
2 comentários:
Olá Erecteu
Hoje um dos meus netos (7 anos) perguntou-me "o que é isso de o bisavô ter sido um preso político"? Ao tentar explicar, dei comigo a falar-lhe da liberdade de expressão, da possibilidade de ter opinião, de eleições, de escolhas. Coisa dificil de explicar a uma criança. Liberdade de opinião é o que nos resta e não é nada pouco. Quanto ao resto faltou-me explicar-lhe que podemos votar, não temos é em quem.
Tanto ano para poder botar o papel, vale a pena nem que seja mais branco que o OMO.
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