sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Deambulando


Desenho de Franz Kafka
I
As cotas têm muito que se lhe diga... Aceitáveis para a mudança - como pontapé de saída - tornam-se inevitavelmente desajustadas. Não seria muito canhestro reivindicar lugares de liderança para homens no Bloco de Esquerda?
A inquestionável igualdade de direitos não colide com as diferenças de género, nem com as outras que me ocorrem e provavelmente com as que me escapam. Naturalmente a diferença quando incorporada onde quer que seja, produz efeitos de mudança... sabido como o Homem é a ela naturalmente avesso, não é necessário introduzir factores de interesses subjectivos, individuais ou colectivos, para que sejam despoletadas reacções. A presidência de Obama afinal não alterou a rotação da terra nem o seu eixo, a eleição de Hillary, a verificar-se, também não alterará a sua órbita, contudo produzirá reacções, muitas inconscientes, que no final engrandecerão a nossa Civilização. Afinal após Maria Tudor ter dado cabo da “Armada Invencível”, de Catarina a Grande ter transformado a Rússia num potentado e da “Dama de Ferro” ter humilhado a Argentina nas Falklands, Hillary com todo o seu charme pragmatismo e muita força, terá a oportunidade de conviver em paz e harmonia com Merkel.
Onde houver uma mulher é o que ela quiser, onde houver duas...
II
As diferenças ideológicas são um problema que só pode ser redimido por quem lhes diga respeito. A separação do estado e da igreja foi restabelecida, em Portugal, após o 25 de Abril, para minha satisfação e pesar de muitos. Há estados em que tal não acontece e reciprocamente, os laicos e os não laicos, não podem meter o bedelho na organização de uns e outros, nem devem na minha opinião.
Em Itália as obras de arte foram escondidas para não chocar sua excelência o presidente Iraniano! Há milhares de milhões de razões para que a sua nudez tivesse sido escondida, pena é que a unidade de medida fosse o €uro, que escorre de cada contrato firmado. Se o motivo foi o respeito pelo convidado, temo que o respeito que o senhor tivesse por nós, tenha, com esse amável gesto, diminuído dramaticamente pois se as burkas chocarem o seu anfitrião, as mesmas não serão suspensas se a visita for retribuída. Pior, temo que tenham sido fornecidos argumentos aos energúmenos radicais do auto proclamado estado, auto denominado de islâmico, para destruírem o milenar património cultural mundial...
É afinal uma forma de as esconder irrevogavelmente.
III
A função pública está em greve lutando pelas 35 horas semanais, algo que consta dos acordos do governo com os partidos que o suportam. O problema é que não há dinheiro. Os “malandros que não fazem nada” reivindicam para si algo que no sector privado não é nem será aplicado tão cedo. O estado tem gente a mais? Rua com eles, na óptica de gestão privada. Nessa mesma óptica até dá jeito ter uma bolsa de recrutamento alargada. Muito povinho a precisar de pão pá boca, torna o maralhal dócil, atento e devoto q.b. ; cuidado é com as grandes bolsas de maralhal que esfaimadas podem dar em turbas. Não tenho qualquer duvida de que o sector estatal pode ser mais produtivo. Para isso há que ter objectivos e lideranças políticas firmes, capazes de por os quadros intermédios a funcionar; há que começar por abandonar a prática de nomear boys para tomarem conta do aparelho do estado, durante a legislaturas e em especial no seu final. Para finalizar: há que tentar perceber como o sector privado entra pelo sector público como faca em manteiga mole.
Godinhos e robalos há muitos.

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