Tens razão, há muito que não te dou noticias! Nem sei por onde começar mas certamente gostarias que te falasse dele, né? Tenho medo de não ser muito objectivo porque a afectividade pode toldar-me a visão, contudo parece-me estar bem.
É um homem bonito, calcula, confesso que até me custa usar a expressão homem, está maior do que eu, mantém aquele sorriso adorável, é capaz de ultrapassar aquela timidez natural e desenvolver conversas interessantes, ainda que continue a ser avesso a grandes ajuntamentos sociais. Este ano tem sido um ror de coisas novas; com os dezoito anos vieram: a primeira votação, para as presidenciais e para surpresa e alegria minha, e tua com certeza, votou conscientemente pois tivemos ocasião de falar sobre a sua intenção de voto e ele foi assertivo nas razões da sua escolha, de tal forma que reforçou as minha própria decisão; está para vir para breve a carta de condução; para o mês que vem o nosso menino saiu-lhe em sortes ir à inspecção para a tropa, mas não te procupes que isso agora não tem caracter obrigatório e ele já manifestou a intenção de lhes dar com os pés; segue-se o baile de finalista e depois a viagem dos finalistas a Espanha; por último, não menos importante, namora! Namora com uma miúda engraçada, tímida, pelo menos ao pé de mim, mas o que interessa é que parecem felizes.
Deixa-me dizer que não me pareceu bem teres ido assim embora e deixares-me com a “batata quente” na mão. Não calculas como me é difícil ter de fazer de polícia bom, estavas tu bem melhor nesse papel, mas saíram-me as contas furadas, paciência... lá me vou aguentando como posso, com a sensação de que ele abusa um bocado, mas para mais falta-me engenho e arte.
Termino dizendo que nos fazes falta, os teus amigos, sempre que calha falar de ti, manifestam terem muitas saudades.
Se memória desta vida se consente, não te esqueças de nós.
Beijos.
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