quarta-feira, 1 de novembro de 2006

O estado e a sociedade produtora não são detentoras da actividade reprodutora



Tarsila do Amaral: "Os Operários" (1933) e "A Negra"(1923)
Sim, sim, sim à liberdade de escolha, Sim à livre decisão consciente.
Se o estado, a sociedade, garantissem às mães a possibilidade de suprir as carências e necessidades que elas pensam não poder assegurar, posso afirmar que a IVG, aborto, cairia para índices irrelevantes.
Julgar quem se nega a procriar crianças desvalidas, é de um cinismo atroz.

Carne pra canhão e mão d’obra barata, NÃO, NÃO, NÃO.

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece

Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve
Dera-lhe a mão. Está inteira
É boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece")
Jaz morto, e apodrece,
O menino de sua mãe.
Fernando Pessoa
SOU PAI, SOU MÃE, SOU TUDO

3 comentários:

Maria disse...

Mas vai lá dizer isto tudo a um político... Eles vivem num mundo virtual. Sabem lá o que é passar necessidades! Eu quando andava na faculdade às vezes não almoçava só para ter dinheiro para as fotocópias e para os livros. A vida não é fácil. Não é dizer: Tenham os filhos. E a escola, os aparelhos para os dentes, a roupa, a comida? A minha mãe criou-me a mim e à minha irmãzinha sozinha. O abono de família é uma vergonha de tão baixo que é. Paro por aqui.

beijinhos

sagher disse...

nao o sabia de vendas novas a terra que me viu nascer

Erecteu disse...

Maria,
Não pares.

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sagher,
Que estranho?
Explica essa conclusão, sff