domingo, 18 de fevereiro de 2007

Bolachinha, acertaste em cheio.

Bolachinha,Quem me manda passar por aqui, e às três da manhã? É uma merda, mas sou como o touro: Picado vou lá.
Beijinhos.




Não é para me gabar mas não podias ter batido a melhor porta para falar de amigos e pela simples razão de que eu não tenho amigos, assim como amigas também não.

Nesta alltura detecto para aí trejêtos e sorrisinhos, qual é? Há quem tênha patilhas e bigodes eu só tênho amigos e amigas! Já nã há o dirêto à diferença?


Por esta mesma razão estou à vontade para facilmente falar deles, dos coloridos amigos.
Como amigos não os tenho e fantasiar não custa nem dá para aleijar quem quer que seja, pinto-os ; já que os pinto, aí vai pincel com toda a tinta que para aqui tenho:

Pintava um Camões e chamava-lhe amigo do peito.

Meio vesgo, ainda assim enxerga as minhas maiores safadezas, mau feitio e desorganização. “Azucrina”-me os ouvidos não me dando espaço para desculpas parvas e infantis.

Ainda não as fiz e já as adivinhou, ainda não precisei e já me valeu.Não precisamos de falar para nos compreendermos.

Mete as mãos na merda para me tirar de lá.


Pintava um Anjo e chamava-lhe Maria
Como todos os anjos é uma parva. Julga-me seu irmão. Acha-me piada em qualquer boçalidade, faz das maiores banalidades que eu arrote, um pensamento mais profundo que Mindanau.

Se está um mês sem me ver, de braços abertos corre para mim enfia-me com uma beijoca, recua um passo para me olhar enquanto limpo a bochecha e arranca de novo para me lambuzar a outra.
Conversamos noites e noites durante anos; numa delas enfiámo-nos na cama para no final concluirmos que estava feito o que tinha que ser, porque muita força tinha. Deu-nos para rir mas não para repetir.

É tão linda, tão linda como é louca.
Como dois é poucachinho o que mais posso inventar que sem pelo menos mais um, isto não é nada. Já sei.

Pinto agora uma Onça e chamo-lhe simplesmente Zé.
O Zé, amigo da onça, ataca de surpresa e com força. Aparece de mansinho, instala-se, serve-se e reclama: da qualidade e da quantidade.

-És um forreta, meu bardamerdas.

Ri que nem um alarve, não fala troa.
No autocarro saca de um sonoro traque e dispara indignado, virado para mim: -Oh amigo, por favor, tenha lá maneiras.
Se trabalha pela noite fora telefona-me, cândido, antes de se deitar:
-Já estavas a dormir? Eh pá, desculpa, imaginava lá! , para terminar com um melodioso: -Boa noite.
Exprime os sentimentos, para comigo, na sua melhor forma: à bruta e à carolada.

E já agora, porque não um marinheiro?

Chamava-lhe Faustino.

Sem papeis que n'alguma onda se afogaram.

Olhar além mar, pensamento no profundo, coração no presente.
Despe a camisa para dar a quem precisa. Se não a tem leva-ma sem a pedir.
Ah, teimoso como um burro e fiel como um cão.


Se quisessem mais um era o Amigo de Peniche mas esse...
NEM PINTADO O QUERO

Quatro da manhã, HOI


imagens
Camões, Júlio Pomar
Marinheiro, Vladimir Tatlin

9 comentários:

Maria disse...

Ó Erecteu, não sou nenhum anjo... mas o resto é verdade. Mesmo que não aches muita piada aos abraços apertados e aos beijinhos nas bochechas, vou continuar a dá-los porque eu não tenho vergonha nenhuma na cara. E eu gosto das tuas chamadas "boçalidades", que são muito bem escritas e comoventes pela sua simplicidade e franqueza.

Foste o primeiro a responder ao desafio, obrigada.

beijinhos para o fofo

Abssinto disse...

Cada vez mais castiço tu! A forma como o fazes, cheia de graça. E obrigado pelas Doce, fiz copy-paste para utilização futura no beco escuro;)

abraço!

Maria eu responderei ao desafio!:)

Toix disse...

Amigos amigos... Gosto de todos! Todos com muito Fausto, todos com pouco Tino. Um abração!

Maria Arvore disse...

Gostei sobretudo da forma como deste "a volta ao texto" e em cerca de uma hora, é obra. :)

Erecteu disse...

Bolachinha,
Desafio é desafio e se não fosse o primeiro acabava por ser ou não ser até.
Beijinhos

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Ab,
Obrigado. Quando me acham graça abro-me que nem uma quiteta.
Daqqui pode-se levar tudo e dar-lhe bom uso, Laura e Cia. até agradecem, presumo.
Se houver para aí alguem que queira o Emanuel força.
Um abraço.

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Toix
Sem fausto e sem tino prencho uma das premissas, vá lá!
Um abração também

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Maria-baum,
Postei e apostei.
Música e marinheiro vieram depois quando vi que o produto não tinha saída.
Modéstia à parte, dar voltas é comigo. A merda é quando tenho de andar direito ;)
Beijinhos.

Nanny disse...

Pois, deste bem a volta para não abordar a questão, hehehe, mas saíste-te bem, maroto!

Beijinho da gata

psique disse...

gostei da tua fuga...;)

psique disse...

os amigos coloridos podem dar pano para mangas...lol

Samir Raoni disse...

Vim ate seu blog poque estava buscando uma imagem para publicar "MARINEHIRO", vi a imagem e aproveitei para conhecer seu blog. Gostei muito da forma que escreve.

Parabens!
Poderia me dizer se essa história (se é que posso chamae assim), foi baseado em alguma situação com esses seus supostos amigos???

abraço.

Samir Raoni - Tinta de Vida, Ofício.