fiz a sacanagem (corrigi as infordeformações) de:
e se elas permitirem, à barriga de um arquitecto.
Estava a ir tão bem, quando...
(...)
Fizeram amor à luz das três chamas e das brasas da lareira, que pareciam tingir de vermelho o ar do quarto.
- Sabes há quanto tempo vivemos nesta situação? - perguntou Teresa.
- Perfeitamente: há vinte e seis anos, ainda que não tenha sido sempre a mesma.
- Li que alguns poetas falam cada vez mais do amor como algo eterno, um sentimento tal, que nem sequer a velhice pode destruir. Não nos estará a acontecer isso?
- Parece-me que não ouviram os poemas que se escutam por Leão e pela Galiza. Alguns são atribuídos ao próprio rei Afonso e neles o amor eterno não fica lá muito bem visto. Ouve este; recitou-mo este Verão o mestre da ferraria de Leão e dizem que o seu autor é o rei Afonso. Escreveu-o ao saber do êxito amoroso de um clérigo que tinha muitas amantes e que fornicava com a que a cada momento lhe apetecia. Utilizava uma táctica muito engenhosa para isso: dizia à mulher da qual se pretendia aproveitar que apresentava sintomas de estar endemoninhada e que a única maneira de tirar o espírito do Maligno de dentro dela era fornicar até estar redimida.
- O que na verdade essas mulheres queriam era que o cura as cobrisse.
- Assim é. Certamente tinham a doença de São Marcial.
- O que é isso? - perguntou Teresa.
- Também lhe chamam furor uterino, ou fogo do cono; diga-mos que há mulheres que não podem estar um único momento sem alguém com quem gozem. Mas houve o poema:
Fizeram amor à luz das três chamas e das brasas da lareira, que pareciam tingir de vermelho o ar do quarto.
- Sabes há quanto tempo vivemos nesta situação? - perguntou Teresa.
- Perfeitamente: há vinte e seis anos, ainda que não tenha sido sempre a mesma.
- Li que alguns poetas falam cada vez mais do amor como algo eterno, um sentimento tal, que nem sequer a velhice pode destruir. Não nos estará a acontecer isso?
- Parece-me que não ouviram os poemas que se escutam por Leão e pela Galiza. Alguns são atribuídos ao próprio rei Afonso e neles o amor eterno não fica lá muito bem visto. Ouve este; recitou-mo este Verão o mestre da ferraria de Leão e dizem que o seu autor é o rei Afonso. Escreveu-o ao saber do êxito amoroso de um clérigo que tinha muitas amantes e que fornicava com a que a cada momento lhe apetecia. Utilizava uma táctica muito engenhosa para isso: dizia à mulher da qual se pretendia aproveitar que apresentava sintomas de estar endemoninhada e que a única maneira de tirar o espírito do Maligno de dentro dela era fornicar até estar redimida.
- O que na verdade essas mulheres queriam era que o cura as cobrisse.
- Assim é. Certamente tinham a doença de São Marcial.
- O que é isso? - perguntou Teresa.
- Também lhe chamam furor uterino, ou fogo do cono; diga-mos que há mulheres que não podem estar um único momento sem alguém com quem gozem. Mas houve o poema:
Juan Rodríguez perguntou a Balteira
quais eram as suas medidas, para colher madeira,
e ela disse: Para o fazer bem, deves colher
o tamanho certo.
Assim e não menor, de nenhuma maneira.
E disse: Esta é a boa maneira
e, além disso, não só a dei a vós,
e dado que sem compasso a hei-de meter,
tão longa deve toda ser
que possa entrar entre as pernas
da escada.
A Maior Mufíiz deu outra semelhante
a ela veio colhê-la com gosto
e Maria Arias precisamente o mesmo
e Alvela, a que esteve em Portugal:
alas colheram-na na montanha.
E disse: Esta é a medida de Espanha,
não a da Lombardia nem da Alemanha,
que seja tão grossa não é mau
pois delgada não vai bem para a racha.
E disto eu sei mais que Abondaña.
- Tens a certeza que D. Afonso escreveu isso? - perguntou Teresa.
- Ninguém duvida. A arte de trovar é considerada por muitos como a mais perfeita de quantas artes o homem inventou. Trovar é próprio de homens cultos, e sua majestade é culto. Escuta este outro poema, ainda é mais directo:
Fui pôr a mão no outro dia
no cono de uma soldadeira,
e disse-me: «Tira daí, desavergonhado,
que agora não é o momento
que me fodam, pois é o tempo
que prenderam Nosso Senhor na paixão:
sai de mim, pecador,
porque não mereci muito mal».
- Não imagino um rei recitando semelhantes versos na Corte. - Pois escuta este outro; o seu autor não é D. Afonso, mas um poeta galego seu amigo, chamado Afonso Eanes do Coton. Quando mo recitaram, garantiram-me que D. Afonso se ria à gargalhada ao ouvi-lo.
Marinha, o teu folgar
Tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha boca,
a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos te tapo as orelhas,
os olhos e as sobmncelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhôes te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
- Não parece um amor demasiado eterno, mas sim carnal, só carnal - comentou Teresa.
- Nem todo o amor é assim, ainda que às vezes se manifeste desta maneira.
(...)
Algo me diz que deveria pôr este livro de lado, mas ele está quase acabado...
e com esta lá me vou
reunião de grupo vou ter
bem, bem lixado eu tou
se lesto não comparecer
6 comentários:
Está visto que as cantigas de amor e de amigo te influenciaram a veia poética. :)
E que curioso é ver a abertura de costumes, usando dos comportamentos sociais aceites na Idade das Trevas. ;))
...quem vai ser agarrado pelas orelhas és tu. Mas obrigada na mesma.
és um querido (só mesmo tu para me fazeres sorrir numa altura destas)
beijinhos
marie-baum.
sem dúvida deu-me na veia,
quanto às trevas, é natural, média (luz) já dá abertura.
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maria,
(E)levas-me (a)moral.
só quiz torcer um pouquinho por ti, incondicionalmente :(
avé pai credo salvé MARIARRIBA
- Não imagino um rei recitando semelhantes versos na Corte!!!
E se o Poseidon ouve, não estima, e tens que dar-lhe a filha outra vez....!
pARVALHÃO! eU É QUE TO ENFIAVA NO... PA VER SE CRIAS VERGONHA.QUAL É O TEU PROBLEMA FALTAM-TE GAJAS?
tarantela,
Peço desculpa por ter ofendido a tua sensibilidade.
Fazes dois favores? A mim remete-me para o index; a ti... vai ler o Herculano, Filinto Elísio e Sartre ou ... mas para começar talvez Camilo, Bocage, e Sade.
Não toques nas cantigas de escárnio fica pelas de maldizer.
Um abraço
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