continuação de "Há quanto tempo"
Matos, por aqui!?
- Já não te lembras de mim! Qual mamatos nem meio matos pá, porra, chamo-me Tomás, homem, sempre me trocaste o nome! tás na mesma Erecteu humm, um pouco mais gordito e careca. (?) -estocada por lhe ter trocado o nome, de certeza.
Passado o primeiro momento da surpresa, e com esta agradável recepção, percebi, no que tinha caído.
Lá foram esclarecendo que se conheciam praticamente desde que o Mat…, o Tomás se mudara para perto dos Andrades: conhecimentos de cão, como eu chamo.
Nos passeios dos respectivos bichos, João e Tomás foram-se encontrando; seguiram-se umas bicas, conversas de ocasião sobre isto ou aquilo até, muito rapidamente, chegarem à conclusão que me tinham como amigo comum.
O Tomás! Chamávamos-lhe o “tomates”. Até de verão as bochechas vermelhas espreitavam por trás dos óculos. Como se não bastasse chegado á escola já a meio do 1º período, teve que se sujeitar às provações de um corpo estranho a penetrar em grupo do tipo fazer caixinha e a vida negra a quem podia. Á primeira piada retorquia com o gesto de mãos apertando a fruta, OS TOMATES. Por via disso e das bochechas TOMATES ficou.
Era um meio chato, porreirão, ligeiramente gago quando se enervava, com uma necessidade enorme de agradar, e sempre a levar para trás!
Ouvia uma anedota, ria alarvemente e depois sarnava o juízo à malta toda:
- já conhecem esta?- pela quincagésima vez – a malta: NÃAAO, conta; e começava – ummaaa vez uma gagaja com um ggganda par de mamas… e lá havia um sacana que metia a primeira, acelerava a fundo e desbobinava o fim da anedota. Deixava-o de sorriso à banda, eh eh!; outras vezes deixávamo-lo embalar e, a um piscar d’olho ou meneio de cabeça, à uma, abalávamos lá vindo ele atrás de nós a tentar concluir; chegávamos a dispersar, cada um para seu lado para não lhe dar hipótese. Ficava apardalado!
Dizer-vos que a malta gostava dele pode parecer vos estranho, mas que gostava mesmo, gostava. Uma ou outra vez, raramente, sentia aquelas brincadeiras excessivas e sob risco (muito, muito bem avaliado) lá tentava minorar o impacto do gozo de que era alvo. Mas enfim… tempos que já lá vão.
Bem, findo o jantar, lá fomos até Linda-a-Velha. Enquanto esperava que eles fossem buscar os cães pra voltinha da noite, fui pedindo uma italiana alta e forte, - piada gasta mas que desgasta os empregados, eheh. Chegou o João, mais a sua maria, mais o Fredy; pouco depois chega o Tomás com um cruzado de rafeiro com rafeira. Simpático perguntei - como se chama o canito?
ERECTEU, respondeu-m'o cabrãozão.