Não
jogo porque a experiencia que me ficou dos furinhos que fazia nos
cartões em busca de “chicolates” não foi nada encorajadora; não fossem
as colecções dos cromos dos bichos em que a matacanha me saiu logo com
os primeiros cinco tostões e diria que sou um homem d’azares. Mas não,
pelo contrário sou, reconhecidamente um homem sortudo.
Menino e
mocito a vizinha, numa jogatina baliza a baliza, entre o passar dos
raros carros que fugiam à areia da nossa rua, numa disputa mais
aguerrida em que um pontapé falhado levantou uma nuvem de pó pondo a
descoberto uma moeda reluzente de dois e quinhentos, acusou-me, entre
muxoxos, de ter nascido com o cu virado pá lua! A Bilinha sabia lá como
tinha eu nascido, tinha pouco mais de um ano do que eu! Ela era de
raivas, felizmente passageiras; investido parte do achado em baleizões,
dois para cada um, já ela tinha feito reset ao mau feitio – pendurada
no meu ombro, lambendo o gelado que se desfazia escorrendo pelos braços
até aos cotovelos – aventava uma brincadeira, um desafio;
-Queres subir ao cajueiro?
que remédio… se queria bola na eira lá teria que mamar com o cajueiro.
-Ver quem desce primeiro com um cajú…
-Tá bem
-Mas tem que ser amarelo, não valem verdes.
bem a topava, os maduros estavam lá no alto e bem na ponta dos ramos finos…
-Tá beeeem-
- O coito é a porta da garagem, tá?
pronto, não chegava a subida ainda metia berrida, aka!!! A Bilinha estava mesmo a apertar com tudo, que se lixasse.
- Quem ganhar fica com o troco?
Era
demais, sacana! Avaliei os possíveis prejuízos: dos dois e quinhentos
sobravam cinco tostões, afinal não me quer só apalpar o orgulho,
entrava-me na sorte!
Que se lixem os cinco tostões, s’ela ganhar deixa-me lamber o baleizão dela, né?
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