quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Triunfal B IV

Aí vai a canalha, pensava Biegas. Aí vai o rancho, pensaria a mana Bia, mas não pensou, largou foi o falsete: -Hê moços dum cabrão, ao vê-los abalar direitos à Stª Luzia em formação desorganizada.
-O raio dos moços nem sei o que parecem! Disse apontando a cabeça ao alto pá vizinha que batia os tapetes um no outro.
– Olhe daqui, parecem um rancho de sacristas a caminho da procissão do Senhor dos Paços.

Lá iam eles calçad’ábaixo em chilreada e guincharia, ufanos no seu trajar. Todos equipados, até ao Pica se desvaneceram as dúvidas. Agora sim, o USA era pa valer.
-Devíamos trazer cartazes, aventou.
-E quem é que segurava neles? – Devolveu o Rochinha.
-Pois é! Mas uma bandêra, era porrêro, temos de fazer uma.
Rochinha não lhe deu troco mas começou logo a vê-la.

É o Biegas, é o Biegas. Apontava para o alto, Zé Galo aos pulos.
Rochinha mirou de soslaio e secou-o: -E depois, para quê o carnavali? O Zé baixou a crista mais baixo que a esperança de sair da baliza. A algaraviada amansou e lá foram seguindo com os olhares o Biegas que os seguia lá pelo alto da colina do castelo.

A tensão foi-se instalando à medida que se aproximavam do campo da Parvoíce. Ainda lhes mordia na pele a chacota, resultado do último encontro. O Meia, para alguns, Leca para outros, Meia-Leca, só fora de campo para todos, vaticinou, -Os gajos mamam uma à minha conta. Mais valera estar calado, chamemos-lhe impropérios ao chorrilho de comentários que se seguiram ao seu desempenho no anterior jogo; aos pastelão, biqueira torta, fura nuvens, respondeu: -Nalgas – e entre dentes, caralhos ma fodam.
Zico manifestava a sua fezada que agora é que era: -Hoje temos, arbitro, com o Sr. Silva a apitar, a mama acabou-se.
Assim chegaram ao armazém do sal, por trás do qual ficava o campo.

Procurava o Rochinha, explanar a táctica, puxa do papel, e começa a ditar o que todos sabiam, ou não envergassem já eles as camisolas:
  1. Zé Galo (baliza)
  2. Zico (defesa direito)
  3. Rochinha (defesa central,)
  4. Pica (defesa esquerdo)
  5. Boleta (médio direito)
  6. Baldão (centro campista)
  7. Bonanza (médio central recuado)
  8. Meia-leca (médio central avançado)
  9. Garrincha (extremo esquerdo)
  10. Bicho (extremo direito)
  11. Metómê (avançado de centro)


    Posto isto, preparava-se pá ultima palestra mas… qual quê! Meia-leca disparara a correr direito ao campo arrastando os outros atrás, surpreendendo as hostes do Invencível de S. Pedro, o USA fazia uma entrada triunfal.

    O silêncio instalou-se no campo, o aquecimento parou, a visão do equipamento ferrou fundo no trajar civil do Invencível. Advinhava-se uma vitória psicológica do USA.

.
-Malta, as galinhas fugiram todas da capoêra!!!
Chacota geral, o Invencível recuperava o pé.

Oh Socrates, para que te quero?

É anedótico mas não dá para rir
Quem assume compromissos tem de cumpri-los.
Não é admissível que qualquer entidade patronal não faça os descontos devidos. Se não o fizer, o estado tem obrigação de intervir no sentido de fazer cumprir a lei. E isso passa por, se necessário for, penhorar bens sem excluir os inerentes procedimentos criminais.
Se eu não pagar à banca o empréstimo da compra da casa o que me acontece? FICO SEM ELA. E se não fizer os descontos para a caixa de qualquer assalariado? Põe-me numa lista negra, por ventura pública, negam-me a emissão de certidões. PÕE-ME NA LINHA.
O estado democrático e de bem tem obrigação disso e de muito mais: TEM DE DAR O EXEMPLO.

in

.

É insólito e amanhã quando acordar vou com certeza ouvir que foi tudo uma tremenda confusão da TSF.

OU TERÁ SIDO 1 DE ABRIL, DIA DAS MENTIRAS?

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

A geração rasca

Não vão por mim que sou de gosto duvidoso, e se forem digo-vos já que não é tema pa meninas pois de bola se trata, e que bem trata no cacetada fora de jogo !
O responsável, Geo, (que raio de nome sem piada) tem piada. Diz o tipo que tem 18! Só se for em cada perna que a geração rasca não pode bulir assim.
Ah não?
Então vão lá espreitar o rearviewmirror .
Aquela merda do rearviewmirror, chateia-me não gosto de ver gente a escrever bem, e ainda por cima com humor!
Fico moidinho de inveja. Ou roidinho?
E não é tudo o sacana ainda tem o Walk of Life. Mas esse é de música e não interessa a ninguém, só aos que gostam dessa merda.
Passa bem ó Geo.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Indefinível - BIII

Um vermelho vivo intenso acetinado, números amarelos perfeitos contornados por um filet! Acordou feliz com o sonho. Correu sem se vestir para o quintal e estacou perante a visão. Pareciam onze bacalhaus espalmados as camisolas secas e rijas. Uma indescritível muralha castanha, ria-se dele, contorcia-se e ondulava ligeiramente ao sabor da brisa.
Desalentado sentou-se na celha da roupa, parecendo-lhe que era hora d'embalar a trouxa e zarpar.
Foi buscar a lata de tinta e o pincel com que a avó marcara os socos da casa e resignado começou a marcar os números. Por momentos animou-se ao perceber que o algodão cedia e perdia a rigidez; uma a uma foi dispondo de novo as camisolas na corda para que secassem. Terminada a tarefa agarrou num naco de pão, barrou-o com manteiga de pingo e foi sentar-se no peal da porta contemplando o trabalho alinhado por ordem crescente.

Batia o quarto para as dez na torre de Santiago.
-Não lhes mexas c’ainda nã tão bem secas, recomendou ao Garrincha.
-É só pa ver, pá, tá porrêro, pá.
Sentiu-se confortado, mas a opinião de Garrincha contava pouco porque a esse tudo satisfazia; tentou confortar-se com a ideia de que ao longe o efeito nem era mau.
-Temos qu’ir Rochinha, a malta deve estar-se a juntar lá no largo.
-E se borram?
-Borram nada. Afirmou seguro o Garrincha depois de fazer o teste dedo.

Lá foram eles com elas de braçado para serem recebidos com manifestações de alegria ao assomarem.
Depositaram as trouxas no caixote da Malcriada que lhe servia de banca, junto à Sopa dos Pobres, envolvidos pela ansiedade de tocarem o novo equipamento.
-Tenham calma, arredem porra. Garrincha, podes começar a distribuir.
-Eu? O puto não compreendia, a razão de tal investidura, não acreditava. Ultrapassada a surpresa começou compenetrado: Zé Galo e deu-lhe a branca de mangas compridas, com o um ocre nas costas prantado para seguir com as outras.
-Ganda pinta! Gritou o Zico já de camisola enfiada.
-Uma merda, rosnava o Pica, ist’é qu’é encarnado? Olha-me pa esta merda! Mostrava a camisola amachucada na mão.
Ui! Estralou a confusão.
Foda-se pica, cresceu para ele Garrincha, o qu’é que queres?
-Isto, ist’é qu’é encarnado, caralho?
-Zé Galo meteu-se no meio a tempo.
-Não sei que cor é, disse o Boleta, médio ofensivo de muito poucas falas, mas é a cor do União, para rematar certeiro:

-E não há nenhum clube com cor igal à nossa.

Era o que faltava

até tirarem o prazer de mo porem
foto in ADN

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Descansa valquiria minha

Não deixar em paz os que querem partir
é uma terrivel manifestação de egoísmo
fantasio um momento de descanso
ficarei atento ao menor som
não vá lá vir a guerreira
pena em riste
terminar fim
triste


A propósito de:

É de ir ver a irritante mas incontornável "isto é uma espécie de " opinião.
Dragão lança fogo ácido que provoca... admito que não tenham pachorra para deslindar o que está por trás do fumo.
Não me preocupo com isso; por muito pouco, excita os poucos neurónios que me restam, tira-me do confortável "fast fode", serve-me caldeiradas que me provocam azias, mas compensa.
Provavelmente trata-se de algum guru que a minha chaparrice não desvenda. Se souberem de alguma coisa contribuam para o peditório do "salve-se o chaparrito".

*
**
Straw dogs ("isto é uma espécie de" post-coment) a propósito das vésperas sicilianas e do que Sam Peckinpah, Gordon Williams (novel), David Zelag Goodman (screenplay), transformaram num dos melhores filmes, para mim.

O fabuloso cocktail americano cioso das liberdades não se conforma com a sua perda, funciona melhor que Irish-coffee e não envergonha Bloody Mary.

Trata os "cães de palha" impiedosamente recorrendo a tudo o de que dispõe e se necessário, faz ou inventa. Não se detêm ou hesitam perante a traição. Se o capo diz que o padrinho quer ou mandou, não há primo ou mais chegado que se coloque acima da consciência do dever.

A vendeta e ormeta são a lei que se sobrepõe.
A lei estende-se para fora e é adoptada pelos devedores de favores a D. Corleone: qual planos de voo qual controle aéreo! Guantanamo é preciso, Guantanamo "über alles" pois então.

Longa vida ao querido e estimado líder George.

Adoro

o movimentodas saias
não sei se é por elas ou se por elas é
foto ADN

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

União ? - BII

O grito do Zé Galo caiu como caía o sol.
-À Baliza, à baliza? O coro desafinado do “USA” –União Sport dos Açougues- não se conformava com a vista da bola voando em arco para violar, nas suas visões o véu da noiva dos da parvoíce, desvanecer-se com a exigência do Biegas.
Agitavam-se à sua volta como formigas com o carreiro desfeito. Imploraram, ofertaram a escolha do número da camisola, o Rochinha garantia liberdade de movimentação em campo mas esbarraram com determinação tão grande ou maior que o craque em contratação.
-Já disse carago, só à baliza.
Estava feito, e desfeita a esp’rança; assim como a noite estava agora feita, estava desfeita a união dos Açougues.
Lá foram eles a caminho do bairro, bola debaixo do braço como viola no saco. Quem os visse passar estranharia com certeza a procissão. Onde estava a corrida em passes de bola, a berraria do PAss'á, os risos e os palavrões?
Depois do jantar encontramo-nos no largo disse o Rochinha compenetrado no seu papel de jogador treinador.
-Se a minha velha deixar, disse o Zé Galo.
-Quero lá saber, vai quem pode.

O primeiro a chegar foi o Garrincha que não tinha limitações, vantagem de quem não tem quem tenha para com ele grandes obrigações. Seguiu-se o Rochinha; os outros foram chegando aos pares. Pelo meio lá veio o Zé Galo fazendo contas ao troco que lhe caberia por não ter dito nada lá em casa.
-O gajo não joga, abriu o jogo logo meigo.
-Ó Rochinha…
-Foda-se não joga, atalhou e justificou: Equipa já temos, se ele não tivesse aparecido aí como era, não jogávamos na mesma?
-Mas ò Rochinha, é a desforra, e na Parvoíce.
-Mais’uma razão. É a nossa desforra, acabou.

Qual acabou! Mais uma vez o União Sport dos Açougues estava desunido.
Deixa lá o gajo ir à baliza, gemia Zé Galo, galardoado frangueiro merecedor do apelido, apoiado pela maioria dos indecisos.
-Amanhã, antes do almoço, todos aqui no largo para distribuição do equipamento.
Assim acabava a reunião; dispersaram uns a caminho de casa, Garrincha sem saber para onde deixou-se para ali ficar e ainda ouviu o Pica.
-O gajo tem a mania que é ele que manda.

Chegado a casa Rochinha foi logo apalpar as camisolas. Ainda estão húmidas não dava para marcar os números.
A preocupação dele instalou-se. O vermelho revelava-se pró castanho. Assaltava-o a dúvida do resultado daquela tingidela. Seguira à risca as recomendações que lhe dera a avó do Borrego.
Pusera a panela a ferver com uma beterraba. por cada camisola, mais três punhados de sal e um copo de vinagre; quando a água estava a ameaçar levantar fervura enfiara-lhe as camisolas mexendo com um pau durante, quase, uma hora, tirara-as depois para fora e passou-as de imediato por água fria e mais sal. Tudo a preceito por duas vezes que a panela de ferro não dava para mais.

Uma despesa do caraças, cada uma a 1$50 regateados três por 4$00 lá conseguira que o Cuba passasse o lote das doze para 15$00, nem menos um tostão avisou o judeu. Onze escudos era tudo o que então tinha, nada que duas idas à pinha não tivessem resolvido.
Nessa manhã passara por lá a levantar a encomenda.
Negócio fechado, levantara as camisolas interiores, o Cuba deu-lhe um aperto de mão e ofereceu-lhe uma de manga comprida.
–É para o guarda redes, tem defeito na costura mas não se nota.

-Afinal o Cuba é porreiro

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Aqui não há alternativa nem senso

Isto é uma merda, a vida uma fossa. Um gajo vira-se para um lado e esbarra, vira-se para outro e é um muro.

Está frio. O catalisador a gás não funciona, a botija esgotou-se. A lareira é uma porra, com lenha verde não quer pegar; faz-me falta um pouco de calor artificial porque com o humano não me safo e já não me quero iludir.

Nuvens, só nuvens! Esperança de uma aberta, por um fugaz momento, onde estás? Tento refugiar-me nos outros que me rodeiam mas só vejo olheiras, e apatia. Felizmente aquele ali ri ! Aproximo-me e vejo... o que ele não quer ver!: um riso forçado que me convence ainda menos do que a ele.

Cansado começo por deixar de lutar nem me apetece estrabuchar. A vida é um beco e beco não tem saída por definição, ponto final.

A ideia persegue-me, assalta-me e convenço-me de que não há alternativa para a Dinamarquesa.

Ainda se houvesse uma Dinaraínha!

BOM CARNAVAL A TODOS E A TODAS

EM ESPECIAL ÀS MATRAFONAS

Qual é a solução, então?


... "A lei prevê outros mecanismos que podem ser accionados pela trabalhadora contra a entidade empregadora. Sempre que ocorre um despedimento de uma trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, sem parecer prévio da CITE, ela pode de imediato instaurar uma acção em tribunal e pedir o patrocínio do Ministério Publico. Porém, quem alega ser discriminado tem que fundamentar essa discriminação, incumbindo ao empregador o ónus da prova, isto é, tem que provar que não discriminou a trabalhadora, nem cessou o contrato de trabalho por estar grávida."...


DIVULGAR, DIVULGAR, DIVULGAR.
DEPRESSA

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Bolachinha, acertaste em cheio.

Bolachinha,Quem me manda passar por aqui, e às três da manhã? É uma merda, mas sou como o touro: Picado vou lá.
Beijinhos.




Não é para me gabar mas não podias ter batido a melhor porta para falar de amigos e pela simples razão de que eu não tenho amigos, assim como amigas também não.

Nesta alltura detecto para aí trejêtos e sorrisinhos, qual é? Há quem tênha patilhas e bigodes eu só tênho amigos e amigas! Já nã há o dirêto à diferença?


Por esta mesma razão estou à vontade para facilmente falar deles, dos coloridos amigos.
Como amigos não os tenho e fantasiar não custa nem dá para aleijar quem quer que seja, pinto-os ; já que os pinto, aí vai pincel com toda a tinta que para aqui tenho:

Pintava um Camões e chamava-lhe amigo do peito.

Meio vesgo, ainda assim enxerga as minhas maiores safadezas, mau feitio e desorganização. “Azucrina”-me os ouvidos não me dando espaço para desculpas parvas e infantis.

Ainda não as fiz e já as adivinhou, ainda não precisei e já me valeu.Não precisamos de falar para nos compreendermos.

Mete as mãos na merda para me tirar de lá.


Pintava um Anjo e chamava-lhe Maria
Como todos os anjos é uma parva. Julga-me seu irmão. Acha-me piada em qualquer boçalidade, faz das maiores banalidades que eu arrote, um pensamento mais profundo que Mindanau.

Se está um mês sem me ver, de braços abertos corre para mim enfia-me com uma beijoca, recua um passo para me olhar enquanto limpo a bochecha e arranca de novo para me lambuzar a outra.
Conversamos noites e noites durante anos; numa delas enfiámo-nos na cama para no final concluirmos que estava feito o que tinha que ser, porque muita força tinha. Deu-nos para rir mas não para repetir.

É tão linda, tão linda como é louca.
Como dois é poucachinho o que mais posso inventar que sem pelo menos mais um, isto não é nada. Já sei.

Pinto agora uma Onça e chamo-lhe simplesmente Zé.
O Zé, amigo da onça, ataca de surpresa e com força. Aparece de mansinho, instala-se, serve-se e reclama: da qualidade e da quantidade.

-És um forreta, meu bardamerdas.

Ri que nem um alarve, não fala troa.
No autocarro saca de um sonoro traque e dispara indignado, virado para mim: -Oh amigo, por favor, tenha lá maneiras.
Se trabalha pela noite fora telefona-me, cândido, antes de se deitar:
-Já estavas a dormir? Eh pá, desculpa, imaginava lá! , para terminar com um melodioso: -Boa noite.
Exprime os sentimentos, para comigo, na sua melhor forma: à bruta e à carolada.

E já agora, porque não um marinheiro?

Chamava-lhe Faustino.

Sem papeis que n'alguma onda se afogaram.

Olhar além mar, pensamento no profundo, coração no presente.
Despe a camisa para dar a quem precisa. Se não a tem leva-ma sem a pedir.
Ah, teimoso como um burro e fiel como um cão.


Se quisessem mais um era o Amigo de Peniche mas esse...
NEM PINTADO O QUERO

Quatro da manhã, HOI


imagens
Camões, Júlio Pomar
Marinheiro, Vladimir Tatlin

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Pelo sim pelo não...

maria sharapova vs kim Clijsters, venceu sharapova...

mas não convenceu kim

foto ADN manipulada por um manipulador

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

BI

Apareceu lá no campo treinávamos nós à tardinha, cantos e livres à entrada da área, conscientes da dificuldade que era enfrentar no dia seguinte os do S. Pedro, numa tentativa de minimizar os atributos do Zé Galo, guarda-redes por imposição mas não por vocação.
Cirandava em orbita da malta, bamboleante num arrastar de pés, mãos nos bolsos, olhar esquivo de soslaio. Não demorou muito que, a argúcia do Pica, não determinasse a convocação urgente da roda .-É espia deles – sentenciou apontando com o queixo – tá a topar a nossa táctica.
Os olhos da equipa, como de um se tratasse, afincaram-se no magano que, virando costas comprovava a tese e a sentença estava aprovada: era sim senhor: só podia ser bufo do ISP – “Invencível de S. Pedro”, para eles, “Invencível Só Parvoíce”para nós, diferendo amiúde resolvido à pedrada na encosta do castelo.

-Que sa lixe, continuamos o treino que o Galo não tá em forma.
-Nalgas. Nã tou em forma vais tu à baliza.
Não Galo – troou o couro. Era velho o ponto assente de que a baliza era dele. Se na verdade não era um dotado guardião, fora da baliza tinha o desastroso papel a quem se limpa o cú. O Galo era contudo imprescindível na equipa dada a grande qualidade de fornecedor das bolas.

Continuado o treino, logo ao primeiro canto, disparada a bola em arco… -Troc’ás botas, lá foi ela para a bancada –imaginemos– para saltitar até os pés do maltês que impávido olhava para ela e para nós enquanto a malta olhava uns pós outros a ver quem lá ia.
Porra que o sacana era grande, ar de urso mal escovado, cabeça XL, olhos XS plantados na fuça quadrada.
Teve que ser:
-Vai lá Garrincha.
-Eu? Vai tu...
-Foste tu que chutaste, porra.

Para alívio dele e da malta o gajo lá se dirigiu para a bola, dá-lhe um toque comprido para a linha de fundo, ensaia uma corrida, dispara e aí vai ela voando por cima das cabeças direita ao Galo para lhe passar por entre as asas, morrendo enrolada nas redes.
-Ca ganda chuto, sibilou o Zico.
-Ca ganda vaca, arrotou Garrincha despeitado.
Volto os olhos para ele e já nos tinha voltado as costas, biqueirando a terra levantava poeira.
-Ei. –Ó tu. –Psstes, foram saindo.
O treino parou. A malta rodeou-o.
-Que fazes aqui?
-Ía a passar.
-Dond’és?
Daqui, sou da Ti Custódia.
-Da Ti Custódinha? Pode lá ser!
-Sou sobrinho, vim pa cá.
-Como ta chamas?
-Rui, Rui Biegas.
-Queres jogar connosco?
-Só se for à Baliza.

-BOA, grita-me o Galo.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Porque aqui não há misturas:



Elas as pombinhas,teriam superado o teste se disso se tratasse.

Assim vale a pena manter o pombal aberto e limpinho para as receber.

Não há bolinhas que lhes meta medo.



Eles, nós mais propriamente convergimos na ideia de que o que é preciso é calma e que com jeito o sexo é bom pois então.

"Finda" aqui um ciclo de brejeirice e brincadeira, encetado com alguma dúvida porque com o tabú do sexo e a moral judaico-cristã não é facil de lidar com completo à vontade.
Provavelmente alguns visitantes terão opinião de que é um tema de mau gosto.
Muitos posts publicados por esse blogosfera abordan-no de uma forma elegante, humorada, só possível por se ancorarem em mentalidades descomplexadas e sensíveis, no que não me quero incluir, obviamente.
Imagens:

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Ave comum


O que é que se há-de fazer a um fodilhão compulsivo?
Vá lá meninas não se entusiasmem qu’ele não autoriza a divulgação do télélé. Ele sabe tratar da vida, gosta de caça mas não de ser caçado.
Desiludam-se para não se desiludirem. O gajo é uma merda. Preliminares são programa mínimo, ejaculação programa máximo, há quem lhe chame precoce.

Proponho para ele um castigo, castigo sério, a valer. Mas não me ocorre nada.
Puxo pela cabeça puxo e não sai nada. Admito que a cabeça é o meu ponto fraco, assim como a cabecinha é o ponto fraco dele.
Tenho que bolar uma lá isso tenho. Ajudem-me.
Ainda pensei naquela tipo “Laranja Mecânica”: cura pelo mal, ou seja obrigá-lo a foder, foder sem parar.
Quando começasse a dar mostras de estar consoladinho, adimistrava-se, aquele comprimidozinho azul e depois outro.
Exausto ligava-se o tipo à corrente. Fode cabrão, que é do que gostas.
-Ah, estás a ir-te abaixo? –ó Jaquim, (ou Jaquina, tanto faz), aumenta a voltagem e Zzzzut, lá vai mais uma. –Não consegues, pronto tá bem. Passamos à canzana mas tens de continuar. E depois vinha a galinha, intervalava-se com uma insuflável para rematar com a ovelhinha.. -Por hoje chega, podes ir embora mas amanhã, estás aqui às nove em ponto para a segunda sessão que o tratamento prescrito são quinze dias.

Bom admitamos que é mau, cruel até. Mas deixo ir o gajo, ouvi bem?
Ajudem-me porra que fazer-lhe? Deixo-o ir para continuar a foder compulsivamente?
Moles, vocês são uns moles, são uns frouxos e frouxas é oque é.

Ele está bem é para aquelas que se insinuam, arrulham, eriçam as penas, dão voltinhas para um lado e depois para o outro e… quando chega a altura zás: Ou é a dor de cabeça, o cansaço, o muito que fazer, ah, o período.
Bem essa do período já vai desaparecendo que há para aí quem não leve essa desculpa em conta –os papa tudo em permanência, qual farmácia de serviço.

Ainda há para aí quem queira dar uma queca?

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Na~O,

nA~o, haverá nada de pior que possa acontecer a um “home” do que trocar os nomes, a identidade, à(s) mulher(es).

Elas podem perdoar-te tudo, inclusive uma pequena facadita na relação, quando devidamente equilibrada com vingança, que neste particular é servida quente, friamente claro.

Começa a trocar as paixões, gatinhas por porquinhas, mete as marias pelos pés e estás numa bad, fora da bed, irremediavelmente, entras em parafuso condenas-te a uma viagem sem tempo e espaço conformado em elipse.

Baste-t 1 só erro e… índex. Pronto, ponto final.

Bem podes dizer: amiga, tava a brincar, anda lá sejas assim pa mim.
Estarás inexoravelmente (gostei desta), de pragas prenhe sem direito a interrupção, nem à uma nem às duas, fará às dez. Para sempre condenado e "para sempre" quer dizer: condenado a não desovar o pecado.

`e dior que tlocar retlas em enxame da 4ª.
...
;)
.

a banhos II

/~epiovani/vira-lata.gif
O cabrão há-de tocar quando menos me apetece atender!
Deix’ó tocar.
Antecipo diariamente o gozo de me esticar no sofá, ou melhor, na manta que o cobre, ex-mostarda caminhando para o cobre pela mancha que dele se apodera, anunciando uma reforma que tenho relutância em conceder.
É uma longa luta entre mim e o Cágado, como ficou baptizada, no dia da adopção, a rastejante que a meus pés sumia a cabeça sob a ameaça de uma festa consentida. Ainda sem saber se era menina ou menino foi adoptada, ou fui eu?
Não há dia que ela não me receba com o ar indolento-indiferente, para depois me virar as costas e se assolapar no meu sofá que teima nosso. Uma festa pelo, lombo revolvendo-lhe o pêlo, um cachaço seguido do arremesso de um biscoito para junto da lareira, abrem-me o paraíso. Ainda estou para saber se gosta mais do biscoito se do sofá; o que é certo é que um biscoito diário me dá a primazia de usufruto do bem.
Deix’ó tocar
Se me levanto o Cágado não perdoa e aquela do biscoito só funciona uma vez. Corro para o telefone, volto-me rapidamente; ela lá está como se dali nunca tivesse saído.

-Ligaste amor? Reconheço-lhe a voz, -Oi Teresa, interrompe-me:
-Telma, meu sacana.
Isto começa mal, digo cá para mim .
–Desculpa amor, é da PDI, tesouro. Encolho os ombros e instalo-me no que me sobra do sofá, preparando-me para a seca.
-Estive a ler o teu blog, aquela história é verdadeira? A da Odete, ou da Olga é comigo?
-Porra amor, podia lá ser!
-Não me convences. Ainda para mais com a engenheira. Pelos vistos já metes outra pelo meio com cenas de teatro.
-Mas amor, a ficção é mesmo assim, a gente inventa, não compreendes? Sabes que te amo, não t’estou constantemente a dizer?
-Tens, é, muita lábia, meu malandrote, minha enguia doce. O que fazes na sexta?
-Ah, docinho, sexta, sim sexta, tenho qualquer coisa… ah, tenho a reunião dos encarregados de educação.
-E sábado, fofo?
-Sábado amor, já te tinha dito, não tinha flor? Tenho o jantar dos…
-Porra Daniel, é sempre a mesma merda, vai-te lixar.
Fico para ali, telefone na mão pendurado. O Cágado enroscado, testa franzida, mira-me por um olho com ar de pena ou de gozo, não sei.

Se ao menos encontrasse o guardanapo com os telefones da Cristina e da Sónia… tenho de me organizar.

Acendo um cigarro, pego no que resta da garrafa do almoço e vou lá para fora para o quintal.

Desta vez Cágado levou a melhor.

http://www.planetaterra.org.br/imagem/Cao.jpg

sábado, 10 de fevereiro de 2007

O JOCKER: a bem dizer, cantiga

-Vocês aí ao fundo
não se importam de calar?
Ouça como é profundo,
o professor a dissertar.

Roda, como o mundo
Verborreia sem parar
ufano, ri contundo
com perdigotos a voar.

-Ao curto SIM junto
o NÃO despenalizar.
-Simplesmente confundo
os que querem SIM votar.

Atentem, é de espantar
Não diz NÃO nem diz SIM,
Em retórica exemplar,
Aconselha agora o NIM!


Cale-se já, não ouviu?
Escute o saber douto,
Quem é que se insurgiu?
-Eu, que de poeta e louco,
de tudo tenho um pouco.
Doutor, PUTA QUE O PARIU.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

O Guelas -Tempo de reflexão





Sete anos passaram sem que um dia passasse sem a tua fotografia olhar; aquela com que retribuíste a que te dei, quando tratámos do bilhete de identidade para irmos fazer o exame da quarta.

Guardarei para sempre as cartas que trocámos entre o Sena e o Sado primeiro, e depois, neste último ano, o Tejo.
Quis o destino que nos separássemos com o meu salto para França e a tua ida para a faculdade. Não te guardarei rancor por lá teres encontrado um amor, juro-te. É verdade que me doeu, doeu muito mas amar-te-ei para sempre.
O que eu não te perdoarei é teres feito essa loucura. Se ele não queria o filho, queria-o eu. Queria-o tanto como te queria a ti. Bastava-me que fosse teu.
O que me devora e enlouquece é não poder ter ido despedir-me de ti. Lanço esta flor nas águas na vã esperança que te possa encontrar.

Malvada aquela que nos apartou,
arda para sempre nos infernos.

Porque fizeste isso, Ofélia, meu amor.
-----
Dedico a pretensão de conto, “O Guelas”: A uma amiga a quem saquei, sem pedir, o logotipo “blogpelosim2a” , a um amigo que me sugeriu que contasse umas histórias do meu lugar profundo e, às “Ofélias” passadas, na esperança que o amanhã seja um dia diferente.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Dr.

começou por ser um sonho estranho.


Uma estranha luz, em permanente e suave mudança, assumindo tons quentes, alaranjados, acompanhada de um som imperceptível que, mutante, preenche totalmente a minha cabeça


até explodir
para tudo se tornar vazio num negro profundo e sem som;
depois emerge um nascer do sol , que se liquefaz num oceano de densas nuvens, invadindo-me um frio inquietante à medida que vai tomando forma uma paisagem edílica, o jardim do édem, plenamente florido.


Os sons reaparecem, em crescendo, até se reconhecer o timbre de um naipe de violinos em turbilhão.


Irrompem cheiros a mar desajustados às flores que vejo atravessar o meu corpo imatérico a uma velocidade estonteante.
Sinto-me a arder como se ao inferno tivesse chegado.

Debato-me.
Sei que o inferno não é assim; poderá ser quente como o fogo que me rodeia, mas bonito não é com certeza!
Todo eu estremeço. Entro em convulsão
Por fim acordo com a voz dela:



Porra, amanhã tenho de trabalhar, estou cansada, deixa-me dormir.
imagens:

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

O Guelas - Tempo real


Noventa e um dias era o tempo real, mas quando Pucarinho e Pombinho se voltaram a ver tinha passado, para eles, uma eternidade.
Os primeiros dias, no posto da guarda, viriam a revelar-se uma doce memória, face ao pesadelo que se seguiu.
Primeiro em Évora onde os três inspectores, à uma ou à vez não davam descanso, descanso mesmo. Depois em Lisboa, em pé ouviam repetidamente as perguntas e os insultos misturados com gritos e empurrões; quando os olhos se fechavam vinha o humilhante estalo em plena cara ou o jorro de água fria.
-BURRO, teimoso de merda, o teu camarada já contou tudo.
Podia lá ser! Se ele aguentasse não seria pelo compadre Pucarinho que eles pegavam.
Aquele corpo forte, desfeito pelo cansaço, já não obedecia. Os braços teimavam em baixar ainda que soubesse o que se seguiria. Há muito que horas ou semanas, dia ou noite tinham deixado de fazer sentido. O pensamento refugiava-se na imagem da terra e dos seus que para lá labutavam. Aí se refugiava.

apanha da maçã, Pissaro

Pois ali estavam, agora na mesma sala ainda que separados pelos guardas. Cruzaram os olhos e o que lhes restava do coração deu para entender que nenhum rachara.

*
**
Três anos para um, cinco para o outro, vá-se lá saber porquê mas fora essa a sentença. Sábia é a Justiça e com ela devemos aprender. O diacho é que não aprendem todos o mesmo e por vezes há alguns que não aprendem mesmo nada.

Mas eles aprenderam um mundo novo: que o sol também se deita por trás de uma ilha, que água do mar tem cheiro e que as traineiras não passam frente ao forte sem saudar por três vezes os que lá estão.
Os dias voltavam a ser mais curtos, quando receberam as primeiras visitas. Na cesta comum para os dois, vinha um pouco de todos: linguiça, azeitonas, queijo e ainda pães. Ah, aqueles pães com algum travo azedo, diz-se que do suor que a terra foi empapando desde que mouros, ainda, o grão lançavam depois da terra rasgada.





Do regaço de Bia saiu aquele papel.
No monte, o meu Zeca é o primeiro, porra.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

O Guelas - Voos

O Zeca passou uma semana a fazer cópias no intervalo. Ainda lhe faltavam duas mas a soussora, deixou-o ir ao intervalo da tarde. Ele prometeu que fazia as cópias em casa mais os trabalhos que temos; são só contas! Será que se esqueceu de marcar a cópia?
Nunca tínhamos tido um intervalo tão grande. O Zeca foi para a oliveira grande e por lá ficou. Depois os meninos começaram a juntar-se à roda dele e do passarinho, do Bico como ele lhe chama. Não queríamos acreditar. O Bico já quer voar! Ele pô-lo num ramo e o Bico começou a piar, depois saltou para o Zeca a bater aflito as asinhas, o Zeca apanhou-o no ar e disse: -Pá semana já voas maganão. Todos queriam agarrar no Bico, o Zeca deixou todos os que quiseram mas estava sempre –Não o apertes.
A professora veio ter connosco, despenteou o Zeca e disse-lhe: Parabéns Zeca e ele, -Oh. Ficou que parecia um tomate. Foi a primeira vez que a ouvi chamar-lhe assim.

*
**

Ainda hoje o Bico é a alegria da escola; juntou-se ao bando de pardais mas não esqueceu a mãe Zeca. Vive na oliveira grande mas mal vê o Zeca voa para ele. Sabe que tem sempre um miminho. O miúdo trás com ele bicharada que me metia nojo, por sinal, já não me fazem nenhuma impressão, as larvas de varejeira.
Aprendi a diferença entre o ser malcriado e talvez, o ser mal-educado. Rebelde como tudo, não, arisco, arisco é que é, explode à primeira. Tem um sentido de justiça exacerbado que o leva a meter-se constantemente em confusões. O que lhe reservará o futuro, nas condições em que vive? Esperto e esforçado, tem superado as insuficiências que trazia, a ponto de estar entre os melhores alunos. Dá muitos menos erros, lê maravilhosamente, interessa-se pela história como ainda não tinha visto. Vejo-me aflita para dar conta dele, dada a rapidez com que resolve os problemas. O fraco dele é a geografia. –Para que quero eu saber essa coisa dos rios e das serras? –Para seres mais culto.

Oh, cultura não enche a barriga lá no monti.
Que lhe faço?

Não confio nela e não posso sem ela viver.

O BOM, O MAU
E O VILÃO
É uma merda a sacana da justiça.

No caso de Esmeralda, vejo a criança a ser disputada por um pai afectivo e um pai biológico. Um é-me apresentado como motivado pelo amor o outro, aqui, como um ser horrível que quer fazer mais valias com uma queca confirmada pela análise de ADN.

O bom Sr. Sargento, tinha "E" 3 meses, adquiriu o direito sobre a criança com registo notarial e tudo! "E" por via desse direito é, agora, Ana Filipa.
O outro, o mau, quando a justiça lhe disse que era pai, segundo indicações da mãe, terá dito: Tenho dúvidas mas, se for verdade, assumirei as minhas responsabilidades. Ganda malandro! -digo eu, o vilão
O pai bom, foge com a criança, como fugiu aos longos, preceitos de adopção. Está no seu direito pois ele queria tanto uma criança.
Esse querer tanto tê-lo-á levado a usar todos os expedientes processuais que dilataram no tempo uma resolução a seu favor, mas, a ser assim, fê-lo por amor, ele é bom e cuidou da menina afastando-a do mal: da fome, de uma mãe sem recursos e confusa e, agora, de um mau pai desnaturado, natural.
Ah, mas o povo, o bom povo, está atento, esse bom povo que quando é necessário apedreja, cospe e vilependia, está atento e a tempo reage.

Merda para a justiça
mais para os que nela não confiam,
como é o meu caso.